Crise hídrica e governador com água no ouvido, por Bruno Maron
Mário Magalhães
Mário Magalhães
Mário Magalhães
O ano acabou para o Flamengo.
Ganhamos o Campeonato Estadual, sobrevivemos até a semifinal da Copa do Brasil, e no Campeonato Brasileiro não venceremos, cairemos ou conquistaremos um lugar na Libertadores.
Em suma, uma temporada sem tragédia e brilho. Isto é, medíocre.
No empate dominical de 2 a 2 com o Sport, ressurgiu o fantasma da quarta-feira, no 1 a 4 contra o Atlético: até o finzinho triunfávamos, mas fraquejamos.
Ontem, vencíamos com folga, pertinho do apito final, e o rubro-negro pernambucano nos sapecou dois gols tardios, aos 43 e 46 minutos.
Dois mistérios para os quais alguém, não eu, talvez tenha respostas:
1) Por que Vanderlei Luxemburgo escalou Elton desde o início, depois do insucesso do centroavante no segundo tempo que jogou contra o galo?
Para quem observa de longe, Elton é um simulacro do jogador de outras épocas. Por que o técnico aposta nele?
Os treinadores costumam reclamar de críticos que não acompanham o cotidiano do clube e por isso ignoram potencialidades e fragilidades do elenco.
Estão certos. Até hoje lamento que na Copa de 98 o grande Zagallo tenha insistido com o decadente Bebeto, em vez de lançar Edmundo. Nos treinamentos em Ozoir-la-Ferrière, Edmundo ostentava forma esplendorosa, eu testemunhava. Por isso tinha convicção de que ele era o cara certo, e não Bebeto.
No caso do Elton, suponho que arrebente no Ninho do Urubu.
Só pode ser, porque com ele o Flamengo tem ficado com um a menos.
Mas será que o Elton mostra tanto futebol nos treinos?
Eis um mistério.
2) O outro diz respeito à opção por quatro volantes quando a equipe está na frente.
Isso aconteceu no meio da semana, e o Flamengo chamou o Atlético ainda mais, porém sem poder de contra-atacar com eficiência.
Ontem, Nixon, de característica veloz, saiu contundido ainda no primeiro tempo. O Flamengo já vencia por 2 a 0. Em vez de colocar um atacante rápido, como Igor Sartori, Luxa recorreu a Muralha, que se somou aos companheiros de posição Cáceres, Márcio Araújo e Canteros.
Mais uma vez, o Flamengo incentivou o adversário a avançar. Seria uma boa, caso houvesse quem contra-atacasse com velocidade.
Quando os dois gols derradeiros vieram, Igor, filho do querido Alcindo, já substituíra Cáceres, mas o tom estava dado: para assegurar a vantagem, o Flamengo se fincara atrás.
Em dois jogos, Vanderlei repetiu os mesmos erros.
Está meio zonzo: na coletiva de ontem, referiu-se a Mattheus com o nome do pai do meia, Bebeto.
A semana infeliz não apaga o retrospecto francamente positivo do técnico na condução do time.
Mário Magalhães
Mário Magalhães
Começou no dia 3 e vai até 20 de dezembro a 9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul.
Por todo o Brasil, ao menos nas capitais, sem exceção.
Para conhecer a programação e saber mais da mostra, basta clicar aqui.
Mário Magalhães
É claro que o pessoal que criou o engraçadíssimo vídeo acima não pensou em política _ou será que, no fundo, pensou?
Ao ler e ouvir fanáticos pregando contra a legitimidade _e até legalidade_ do resultado da eleição presidencial, eu me sinto como a mãe cuja paciência esgotou.
Para assistir ao “chega!” materno, basta clicar na imagem no alto ou aqui.
Mário Magalhães
Há 97 anos, em 7 de novembro de 1917, caía o Palácio de Inverno, e os bolcheviques tomavam o poder na Rússia.
A derrubada do governo provisório ficou consagrada como Revolução de Outubro porque ainda vigorava na velha Rússia o calendário juliano, logo substituído pelo gregoriano.
A revolução deu no que deu _ou seja, no que cada um acha que deu.
Menos controversa é a reconstituição magistral que o cineasta Sergei Eisenstein fez da tomada do poder.
Como o filme é da segunda metade da década de 1920, já são evidentes algumas interferências do stalinismo para manipular os fatos históricos.
Mas nada que ofusque a obra de arte imortal, que pode ser assistida na íntegra clicando na imagem do alto ou aqui.
Mário Magalhães
“Química”, com a Legião Urbana, letra e melodia de Renato Russo.
Mário Magalhães
Com a enxurrada de aumentos da energia elétrica Brasil afora, maiores que uma catarata que leva água que vira luz, clássicos do alerta contra o desperdício devem ser mais ouvidos.
“Olha a luz acesa, que eu não sou presidente da Light!” _quantos cariocas não levaram tal bronca?
No Ceará, dona Tetela era mais enfática: “Minha filha, eu não sou rapariga do presidente da Coelce!”.
Não quero nem ver a próxima conta…
(P.S.: sim, a expressão “sócio da Light” é mais comum, porém mencionei a que eu me habituei a ouvir.)
Mário Magalhães
Descarrilado do contexto, o título acima configuraria covarde injustiça com Vanderlei Luxemburgo, o “Luxemburro” das rodas de conversa desta manhã, a começar pelo radiante porteiro tricolor do meu prédio, e mais avacalhado ainda nas lamúrias depressivas com que nós, rubro-negros, teimamos em exumar a inacreditável noite em que o pessoal do “eu acredito” nos atropelou no Mineirão _com méritos incontestes.
Primeiro, quem bateu o Flamengo por 4 a 1 foi o valente time do Atlético, anabolizado por uma torcida espetacular.
Depois, porque antes da chegada do Vanderlei o Flamengo se debatia na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, no qual permanecerá, com a legitimidade de quem dispensa tapetões, na primeira divisão em 2015. Muito em virtude da arrumação que o treinador decadente fez na equipe.
Luxemburgo renasceu no Flamengo, que se salvou conduzido por ele.
É provável que, sem o antigo lateral-esquerdo reserva do Junior, não tivéssemos alcançado a semifinal da Copa do Brasil e os 2 a 0 na partida de ida, no Maracanã.
Este é o contexto: o clube teve mais vantagens do que desvantagens com a atual passagem do Vanderlei, com “v” e “i”, pela Gávea e pelo Ninho do Urubu.
Enfatizadas as ressalvas, a eliminação de ontem teve a contribuição decisiva de erros abissais do Luxa.
O time se ressentiu da ausência do seu capitão, Leo Moura. O lateral-direito se contundiu domingo, contra a Chapecoense, quando deveria ter sido poupado para a partida que valia a ida à decisão do torneio cujo campeão disputa a Libertadores.
Sufocado pelo galo forte, o Flamengo fez 1 a 0 e ameaçava o time da casa com a rapidez de Éverton e Nixon.
Pois Vanderlei retirou-os na segunda etapa, e muito cedo.
Por um lado, incentivou os alvinegros a nos acossarem ainda mais. Por outro, tornou o Flamengo estéril para contra-atacar.
Todo mundo sabe das limitações do elenco, o que não justifica o ingresso de Mattheus e Elton. O primeiro continua a ser _tomara que deixe_ apenas o filho do Bebeto. O segundo se arrasta em seu ocaso no futebol.
Jogamos com nove boa parte da segunda etapa.
Será que, treinando o time no dia-a-dia, o Vanderlei não sabe quem é quem?
Com o ingresso do Luiz Antônio, passamos a somar quatro volantes. Para defender, muito bem. O problema seria se o galo chegasse ao quarto gol. Como faríamos o nosso?
Claro que o Luxa não é o único responsável. Por que o Eduardo Silva tinha que fazer uma graça, calcanhar estúpido, para ceder a bola com que o Atlético desempatou?
E a ausência do Gabriel, baleado, também nos custou muito.
No entanto, do ponto de vista rubro-negro, o fundamental foi a retranca excessiva e as desastrosas substituições do Luxemburgo.
Com suas invenções, não vimos mais a bola, e atordoados permanecemos.
O Vanderlei não é Luxemburro, mas ontem teve um dos piores desempenhos de sua carreira.
Técnico decide jogo, sim.
Parabéns, galo.
E parabéns aos jogadores rubro-negros, que contra um adversário melhor honraram o hino ancestral: “Flamengo, tua glória é lutar!”.
Mário Magalhães
Começa nesta quinta-feira e vai até o sábado o Festival Literário de Natal, uma das festas de letras, artes e ideias mais animadas do país.
A programação pode ser conhecida clicando aqui.
No sábado, a partir das 20h30, terei a honra de falar sobre a trajetória do guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969), de como o Rio Grande do Norte e sua gente influenciaram a vida do revolucionário baiano e de como anda a dita batalha das biografias.
Natal é o cenário central de um dos capítulos, “A revolução que não houve”, da biografia “Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo” (Companhia das Letras). Só que na capital potiguar houve, sim, revolução em 1935. Os revolucionários ficaram por mais de 80 horas no poder, até morrerem de solidão.
Um dos mais importantes dirigentes comunistas brasileiros foi o mossoroense Lauro Reginaldo da Rocha, mais conhecido como Bangu. Foi Bangu quem determinou que o ainda estudante Marighella, caçado pela polícia da Bahia, se mudasse para o Rio.
Poucas vezes na vida Marighella chorou tanto como em 1969, ao saber da morte de Virgílio Gomes da Silva, nascido no agreste do Rio Grande do Norte. Nome de guerra Jonas, Virgílio foi o primeiro desaparecido da ditadura pós-1964. Comandou o grupo de fogo marighellista em São Paulo e o sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick. Mataram-no na tortura, e até hoje seu corpo não foi devolvido à família.
Desde o auge da controvérsia sobre biografias não autorizadas e censura prévia, passou-se um ano sem que a legislação medieval tenha sido mudada pelo Congresso Nacional ou reinterpretada pelo Supremo Tribunal Federal. A lei obscurantista impede que muitos livros, filmes e teses circulem e inibe outros empreendimentos jornalísticos, acadêmicos e culturais.
Não faltam histórias para contar e assuntos sobre os quais conversar.
Até sábado, aí em Natal!