Blog do Mario Magalhaes

‘Luxemburro’? A noite em que Vanderlei Luxemburgo derrotou o Flamengo

Mário Magalhães

Descarrilado do contexto, o título acima configuraria covarde injustiça com Vanderlei Luxemburgo, o ''Luxemburro'' das rodas de conversa desta manhã, a começar pelo radiante porteiro tricolor do meu prédio, e mais avacalhado ainda nas lamúrias depressivas com que nós, rubro-negros, teimamos em exumar a inacreditável noite em que o pessoal do ''eu acredito'' nos atropelou no Mineirão _com méritos incontestes.

Primeiro, quem bateu o Flamengo por 4 a 1 foi o valente time do Atlético, anabolizado por uma torcida espetacular.

Depois, porque antes da chegada do Vanderlei o Flamengo se debatia na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, no qual permanecerá, com a legitimidade de quem dispensa tapetões, na primeira divisão em 2015. Muito em virtude da arrumação que o treinador decadente fez na equipe.

Luxemburgo renasceu no Flamengo, que se salvou conduzido por ele.

É provável que, sem o antigo lateral-esquerdo reserva do Junior, não tivéssemos alcançado a semifinal da Copa do Brasil e os 2 a 0 na partida de ida, no Maracanã.

Este é o contexto: o clube teve mais vantagens do que desvantagens com a atual passagem do Vanderlei, com ''v'' e ''i'', pela Gávea e pelo Ninho do Urubu.

Enfatizadas as ressalvas, a eliminação de ontem teve a contribuição decisiva de erros abissais do Luxa.

O time se ressentiu da ausência do seu capitão, Leo Moura. O lateral-direito se contundiu domingo, contra a Chapecoense, quando deveria ter sido poupado para a partida que valia a ida à decisão do torneio cujo campeão disputa a Libertadores.

Sufocado pelo galo forte, o Flamengo fez 1 a 0 e ameaçava o time da casa com a rapidez de Éverton e Nixon.

Pois Vanderlei retirou-os na segunda etapa, e muito cedo.

Por um lado, incentivou os alvinegros a nos acossarem ainda mais. Por outro, tornou o Flamengo estéril para contra-atacar.

Todo mundo sabe das limitações do elenco, o que não justifica o ingresso de Mattheus e Elton. O primeiro continua a ser _tomara que deixe_ apenas o filho do Bebeto. O segundo se arrasta em seu ocaso no futebol.

Jogamos com nove boa parte da segunda etapa.

Será que, treinando o time no dia-a-dia, o Vanderlei não sabe quem é quem?

Com o ingresso do Luiz Antônio, passamos a somar quatro volantes. Para defender, muito bem. O problema seria se o galo chegasse ao quarto gol. Como faríamos o nosso?

Claro que o Luxa não é o único responsável. Por que o Eduardo Silva tinha que fazer uma graça, calcanhar estúpido, para ceder a bola com que o Atlético desempatou?

E a ausência do Gabriel, baleado, também nos custou muito.

No entanto, do ponto de vista rubro-negro, o fundamental foi a retranca excessiva e as desastrosas substituições do Luxemburgo.

Com suas invenções, não vimos mais a bola, e atordoados permanecemos.

O Vanderlei não é Luxemburro, mas ontem teve um dos piores desempenhos de sua carreira.

Técnico decide jogo, sim.

Parabéns, galo.

E parabéns aos jogadores rubro-negros, que contra um adversário melhor honraram o hino ancestral: ''Flamengo, tua glória é lutar!''.

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