Na campanha, Armínio x Mantega; agora, Dilma convoca ministro Armínio cover
Mário Magalhães
Talvez nenhuma iniciativa tenha sido tão proveitosa, para conhecer a plataforma econômica dos candidatos a presidente, quanto o debate entre Guido Mantega e Armínio Fraga promovido por Míriam Leitão e a Globonews.
Cada economista defendeu o seu peixe. Mantega, pró-Dilma Rousseff, é ministro da Fazenda desde os tempos da administração Lula. Armínio, veterano da era FHC, foi anunciado por Aécio Neves como futuro titular da pasta em caso de êxito eleitoral que acabou não ocorrendo.
Em suma, no programa da Míriam, Mantega representou a petista, e Armínio, o tucano.
Profissionais altamente qualificados, deixaram claríssimas as diferenças de projetos, ao menos os projetos propagandeados, entre Dilma e Aécio.
Vale a pena assistir, clicando na imagem do alto ou aqui.
O surpreendente é que, para a sua segunda gestão, a presidente não convocou para a Fazenda, informa o noticiário, um quadro afinado com o pensamento que a própria Dilma e Mantega alardearam na campanha, inclusive no debate do ministro com Armínio.
E sim um diretor do Bradesco, Joaquim Levy, que colaborou com a campanha de Aécio e é amigo de Armínio Fraga, com quem compartilha, no essencial, as mesmas concepções.
É absoluto direito de Dilma Rousseff considerar que a gestão econômica de seu governo está errada ou prejudicada por equívocos graves.
O que não é legítimo é candidato defender determinadas ideias no palanque e, eleito, aplicar justamente a receita que desqualificava antes.
Todo mundo tem direito de achar o que bem entender do governo Dilma, da pregação da dupla Armínio-Levy e do pênalti perdido pelo Alan Kardec horas atrás no Morumbi.
O que não é intelectualmente honesto é, em campanha, demonizar ideias e mais tarde aplicá-las, condenar os arautos dessas ideias e depois nomear um deles para o Ministério mais importante.