Blog do Mario Magalhaes

Marta e Gilberto Carvalho expõem pressões antagônicas sobre Dilma reloaded

Mário Magalhães

As declarações de Gilberto Carvalho, em entrevista, e Marta Suplicy, em nota demissionária, iludiram quem percebeu nelas os mesmos propósitos, origem e sentidos.

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência reiterou à BBC que a presidente precisa em seu novo mandato atender mais reivindicações dos movimentos sociais: ''Não faltou diálogo, o que faltou no caso dos movimentos sociais foi o atendimento das demandas. A reforma agrária e a questão indígena avançaram pouco. A reforma urbana _as estruturas de funcionamento das cidades, a mobilidade urbana_ também não foi o que os movimentos esperavam''.

Acrescentou: ''Para o atendimento das demandas, tem de fortalecer alguns órgãos de governo. No caso da reforma agrária, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). No caso da política indigenista, a Funai (Fundação Nacional do Índio). Isso implica aumentar o orçamento, fazer concurso, comprar terrenos, indenizar quem está em terra indígena''.

A ex-ministra da Cultura, ao contrário, defendeu a aproximação com o mercado, noutras palavras, com os endinheirados.

A antiga prefeita quer ''uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país''.

''Independente'' de quem? Da maioria dos eleitores que concedeu mais quatro anos a Dilma em nome da recusa ao arrocho, ao desemprego, aos juros ascendentes e a concessões à turma das finanças?

Por que ''resgatar a confiança e credibilidade'' de um governo que acaba de ser chancelado nas urnas?

Marta e Carvalho expressam pressões antagônicas sobre o iminente governo Dilma reloaded.

A presidente venceu depois de recorrer a um discurso pela esquerda.

Quando o ministro fala, lembra a Dilma qual é o seu compromisso de palanque.

Quando Martha se pronuncia, junta-se aos que tentam impor um curso à direita na derradeira administração da petista.

É esse o jogo, que ainda não está jogado.

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