Blog do Mario Magalhaes

Dados sobre mortes deveriam constranger quem prega endurecimento policial

Mário Magalhães

O 8º Anuário de Segurança Pública pinta a tragédia com pinceladas de vermelho, vermelho cor de sangue: de 2009 a 2013, policiais brasileiros mataram pelo menos 11.197 pessoas, média de seis por dia. Em 30 anos, policiais dos EUA tiraram a vida de 11.090.

O noticiário dá conta de que no Brasil a polícia mata seis vezes mais. A realidade é pior, porque, como observam os repórteres Rogério Pagnan e Reynaldo Turollo Jr., a população dos Estados Unidos é muito maior do que a nossa (uns 319 milhões contra pouco mais de 200 milhões). A reportagem da dupla pode ser lida clicando aqui.

A contabilidade fúnebre fulmina os argumentos de quem pede mais dureza e violência das polícias nacionais.

Elas já são muitíssimo duras e letais.

O que muita gente abastada ignora é que essa dureza se expressa quase sempre alvejando os mais pobres, jovens e negros.

Deveriam se constranger com a pregação por endurecimento na segurança pública.

Dura e mortal a polícia brasileira já é demais.

O que precisa mudar é o seu DNA, que identifica nos mais fracos o alvo, um inimigo a combater.

Para quem não entende o que isso significa, basta reparar como policiais costumam entrar em favelas e bairros com moradores miseráveis aqui no Rio.

Os modos da polícia que age no bairro paulistano de Higienópolis não são os mesmos adotados em quebradas de gente pobre.

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