Sábado, em Natal: Marighella, Rio Grande do Norte e batalha das biografias
Mário Magalhães
Começa nesta quinta-feira e vai até o sábado o Festival Literário de Natal, uma das festas de letras, artes e ideias mais animadas do país.
A programação pode ser conhecida clicando aqui.
No sábado, a partir das 20h30, terei a honra de falar sobre a trajetória do guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969), de como o Rio Grande do Norte e sua gente influenciaram a vida do revolucionário baiano e de como anda a dita batalha das biografias.
Natal é o cenário central de um dos capítulos, ''A revolução que não houve'', da biografia ''Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo'' (Companhia das Letras). Só que na capital potiguar houve, sim, revolução em 1935. Os revolucionários ficaram por mais de 80 horas no poder, até morrerem de solidão.
Um dos mais importantes dirigentes comunistas brasileiros foi o mossoroense Lauro Reginaldo da Rocha, mais conhecido como Bangu. Foi Bangu quem determinou que o ainda estudante Marighella, caçado pela polícia da Bahia, se mudasse para o Rio.
Poucas vezes na vida Marighella chorou tanto como em 1969, ao saber da morte de Virgílio Gomes da Silva, nascido no agreste do Rio Grande do Norte. Nome de guerra Jonas, Virgílio foi o primeiro desaparecido da ditadura pós-1964. Comandou o grupo de fogo marighellista em São Paulo e o sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick. Mataram-no na tortura, e até hoje seu corpo não foi devolvido à família.
Desde o auge da controvérsia sobre biografias não autorizadas e censura prévia, passou-se um ano sem que a legislação medieval tenha sido mudada pelo Congresso Nacional ou reinterpretada pelo Supremo Tribunal Federal. A lei obscurantista impede que muitos livros, filmes e teses circulem e inibe outros empreendimentos jornalísticos, acadêmicos e culturais.
Não faltam histórias para contar e assuntos sobre os quais conversar.
Até sábado, aí em Natal!