Protestos por impeachment aumentam margem de manobra de Dilma
Mário Magalhães
Há protestos que, em vez de desfavorecer as pessoas e instituições que são seus alvos, prestam-se sem querer a ajudá-las.
Foi assim com determinadas manifestações no Rio que acabaram contribuindo para esvaziar as ruas e impedir a extrema-unção do governador Sérgio Cabral, que acabaria por eleger no voto o seu sucessor.
Os atos públicos ocorridos sábado em algumas cidades engrossam os exemplos de iniciativas que favorecem quem pretendem prejudicar.
Pediram o impeachment de Dilma Rousseff, recém-reeleita com 3.458.891 sufrágios a mais que o contendor. E intervenção militar para afastar a governante constitucional.
Na maior concentração, 2.500 pessoas em São Paulo, um líder cumprimentou os confrades: ''Boa tarde, reaças''.
Foi o evento retratado acima. Alguém viu um negro na foto?
Convescotes como esse são tão caricaturais e inofensivos que facilitam a vida de Dilma.
Não está claro se ela vai cumprir o discurso à esquerda da campanha ou se, no segundo governo, embicará pelos caminhos à direita que condenou em palanque.
Com a extrema direita indo à luta, a presidente ficará mais à vontade para agir como quiser, pois o espantalho sombrio dará mais ares de legitimidade às suas decisões.
Entre quem foi consagrada nas urnas e quem reedita a ladainha golpista de meio século atrás, até muitos dos que votaram no senador Aécio Neves preferem empunhar o estandarte da democracia.
Sem os arremedos de Carlos Lacerda protestando, o contraste às próximas ações da petista seriam as propostas esgrimidas por Aécio Neves até o domingo retrasado.
Agora, ela tem como contraste quem rejeita a soberania do voto popular.
Ou seja, qualquer coisa é melhor do que rasgar a decisão do povo.
Cresce a margem de manobra da presidente.