Para quem Brizola diria ‘estás costeando o alambrado’? Quem seria bundinha?
Mário Magalhães
Governador do Rio Grande do Sul, deputado federal cassado pelos golpistas de 1964 e duas vezes governador do Rio de Janeiro, Leonel de Moura Brizola (1922-2004) era um gigante dos debates eleitorais na TV.
Tenho me lembrado dele, esfuziante, ao ver alguns desempenhos borocoxôs de candidatos em 2014.
Brizola era também um frasista mordaz, tipicamente gaúcho.
Quando queria dizer que um aliado insinuava abrir mãos dos valores cultivados até então, Brizola falava na cara: ''Estás costeando o alambrado''.
Quem costeia o alambrado é o gado que ameaça passar para a estância vizinha.
Fulano ''está costeando o alambrado'', denunciava Brizola. Muitos e muitos acabaram se bandeando.
Quem, na campanha em curso, parece abrir mão de sua plataforma histórica, mudando de lado?
Quem ''costeia o alambrado''?
O velho Leonel chamava maldosamente o adversário Rubem Medina, político conservador, de ''bundinha''.
É uma expressão gaudéria que não significa exatamente filhinho-de-papai, coxinha ou bunda-mole, mas tem um pouco de cada uma dessas palavras.
Quem seria, no olhar brizolista, o bundinha da eleição presidencial de 2014?