Lei do futebol: o Flamengo não cai
Mário Magalhães
Por maior que fosse a ansiedade para ver o novo Barça, que neste domingo teve Rakitic, Bravo e Mathieu na estreia do Campeonato Espanhol, futebol é paixão, e eu assisti mesmo aos 2 a 0 do Flamengo, fora de casa, sobre o Criciúma.
Era um ou outro, ou ficar zapeando obsessivamente, pois só tenho uma TV na sala, e não os oito aparelhos que o grande Alberto Helena ostenta no salão de seu chatô de Ibiúna.
No intervalo, acompanhei os melhores lances no Camp Nou e soube que tanto lá quanto no Heriberto Hülse os blaugranas e os rubro-negros haviam acertado duas bolas na trave no primeiro tempo, quatro ao todo.
Não é que o Flamengo apenas tenha merecido vencer o clube do amigo Zé Dassilva, um dos co-autores de ''Império'', novela do Aguinaldo. Mereceu muiiiiiito. Foi melhor do início ao fim.
Em seis partidas sob o comando do Vanderlei, cinco vitórias. O fator decisivo para a virada foi jogar no Maracanã, baixar o preço dos ingressos, levar mais torcedores, e a torcida empurrar a equipe medíocre, como já empurrara no ano passado o time fraco à conquista da Copa do Brasil.
Também foi importante o novo técnico dar cartão vermelho a quem já deveria ter saído antes: André Santos, Elano e Felipe. No banco, o guerreiro Chicão está no lugar certo.
Outra mudança relevante foi a contratação, enfim, de um jogador mais técnico, capaz de decidir, ainda que Eduardo da Silva não esteja fisicamente nos trinques, pois só isso explica sua entrada sempre no segundo tempo.
Com o time na lanterna, Vanderlei acentuou o vigor defensivo, segurando atrás para depois arriscar à frente. Tem dado certo. Mas ninguém pense que o Flamengo tenha prosperado e alcançado a 11ª posição devido ao acúmulo de volantes e à falta de atacantes mais talentosos. É o contrário: vem penando no Campeonato Brasileiro justamente porque o elenco é limitado.
Foi preciso ontem que Vanderlei tirasse um dos três volantes na segunda etapa, colocando Mugni e Eduardo da Silva, para os gols saírem. No primeiro, Eduardo passou para Mugni, que sofreu pênalti e converteu a cobrança. O segundo foi do Eduardo.
Pesou para a ascensão em 2014 a intensidade com que o time passou a jogar, outro mérito do Vanderlei.
Mesmo nos piores momentos, é difícil acreditar que o Flamengo possa ser rebaixado. Se as coisas vão mal demais, as cobranças da torcida no clube de massa, o mais popular do país, desembocam em ajustes.
Já houve anos em que eu supus que cair seria melhor para dar uma chacoalhada. Hoje, não seria. Mas o Flamengo não cai. E não é graças ao tapetão que não cai, e sim porque os torcedores não deixam, pressionando a cartolagem avessa a mudanças.
Até onde a equipe pode ir eu não sei. Mas sei que cair não cai.
Ah, com menos um, Mascherano expulso, desde o finzinho do primeiro tempo, o Barcelona bateu o Elche por 3 a 0, dois gols do Messi.
Curiosidade: o Barça acertou 741 passes. O Flamengo, 335.