Análise: no noticiário da Globo do Rio, Garotinho dá aula de como usar a TV
Mário Magalhães
O início da cobertura eleitoral com acompanhamento diário dos candidatos a governador mostrou ontem no RJTV 2ª Edição como se pode explorar bem e mal o noticiário local da Globo no Rio (assista aqui ao programa desta segunda-feira).
A emissora acompanha na rua, com tempo igual, os quatro concorrentes mais bem colocados nas pesquisas eleitorais: pela ordem, e assim eles apareceram ontem à noite, Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB), Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Lindberg Farias (PT). A apresentadora Ana Luiza Guimarães informou quais foram as atividades de campanha dos outros três postulantes, Tarcísio Motta (PSOL), Dayse Oliveira (PSTU) e Ney Nunes (PCB).
Ter o palco da Globo em condições semelhantes é bom sobretudo aos candidatos que terão menos minutos e segundos na propaganda obrigatória na televisão _a situação mais frágil é a de Crivella, cujo partido disputa solitariamente, sem aliado.
E ruim para Pezão e sua supercoligação de 18 agremiações. No tempo repartido pela Justiça eleitoral, ele tem uma superioridade inexistente no RJTV. Observadores das mais diversas inclinações políticas apostam que o governador estará no segundo turno (leia aqui).
Embora os quatro candidatos soubessem que estreariam na Globo, só três procuraram imagens ao ar livre, de confraternização com eleitores, mesmo com a falsidade das campanhas. Incrivelmente, Lindberg Farias gravou entrevista e foi filmado dentro de um salão, falando a ''políticos, empresários e comerciantes''. Pronunciou-se sobre segurança sem que a imagem em torno dele tivesse qualquer relação com o tema. Erro pueril de comunicação.
Em matéria de foco, somente Crivella, com toda a experiência, perdeu-se ao abordar muitos problemas em pouco tempo: transporte, saneamento, saúde e segurança. É possível interpretar que seu foco fosse a Baixada Fluminense, mas o senador dificultou a percepção dos espectadores-eleitores ao não se concentrar em um só assunto. Garotinho falou de restaurante popular; Pezão, de segurança pública (com uma Unidade de Polícia Pacificadora ao fundo); e Lindberg, repito, também de segurança.
Na intimidade com a latinha, como dizem os radialistas sobre o microfone, deu-se o esperado: Garotinho, Crivella e Lindberg mostraram a conhecida verve, enquanto Pezão se expressa sem carisma e às vezes clareza. Sua fama é de administrador, o executivo que tocava o governo Sérgio Cabral, de quem era vice. E não de comunicador.
Beirando a perfeição, Garotinho deu um show na emissora que ele costuma atacar com virulência. O ex-governador foi a um restaurante popular criado em sua administração, prometeu mais 40 unidades, passando a abrir também aos sábados. Sorriu, cumprimentou, deu o recado que queria com a tarimba de antigo homem de rádio.
A propaganda obrigatória começa em 19 de agosto. Ao menos para Crivella, a aparição na Globo continuará a ser mais importante.