Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : julho 2014

‘Cidade de Lampião sonha com a Lampions League’, por Rodrigo Bertolotto
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Mário Magalhães

O repórter Rodrigo Bertolotto, colega do UOL, faz um bye-bye, Brasil durante a Copa, escrutinando a alma nacional por meio do futebol.

A parada mais recente do Bertô foi em Serra Talhada, terra de Lampião.

Ele conta a história no vídeo acima (para assistir, clique na caixa no alto ou aqui).

E no saboroso texto abaixo:

* * *

Na Copa, cidade de Lampião torce no xaxódromo e sonha com a Lampions League

Por Rodrigo Bertolotto, em Serra Talhada (PE)

Que Fan Fest que nada. Em Serra Talhada, sertão pernambucano, a população se reúne no xaxódromo para torcer pela seleção brasileira na Copa do Mundo. A cidade natal de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (1897-1938), também se orgulha de ser a terra do xaxado, sapateado que os cangaceiros dançaram e popularizaram com os rifles em punho.

Lampião é agora até mascote de time. O Serra Talhada Futebol Clube, fundado em 2011, adotou o cangaceiro como símbolo e tem até uma torcida organizada em sua homenagem. É o Comando do Lampião. No estádio local, o Pereirão, esses torcedores gritam a cada jogo o refrão “Eu sou do Serra de Coração/A torcida mais vibrante do temido Lampião”.

Caçula entre as equipes da cidade, o Serra Talhada F.C. está na primeira divisão do Campeonato Pernambucano e tem em seu distintivo uma bola com um chapéu de cangaceiro.

Já a equipe do Serrano, fundado em 1995, amarga a segunda divisão estadual após tempos de glória entre 2004 e 2009 e um fechamento por dois anos por questões políticas. O Serrano chegou a disputar em 2005 a série C  do Campeonato Brasileiro e  conta com seus torcedores uniformizados Lampiões da Fiel.

“Lampião nunca jogou futebol, mas todos os clubes da cidade reivindicam a coragem e a garra dele para seus jogadores”, analisa Anildomá de Souza, secretário municipal de Cultura, pesquisador do cangaço e responsável pelo xaxódromo.

Para ler a íntegra, basta clicar aqui.

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Liquidar Neymardependência vira condição para o hexa
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Mário Magalhães

O Brasil foi campeão da Copa das Confederações de 2013 graças sobretudo ao desempenho de Neymar.

Passou em primeiro lugar na fase de grupos da Copa do Mundo de 2014 devido à genialidade de Neymar.

Reitero: Neymardependência não é apenas neologismo bem sacado, mas tirada com lastro nos fatos.

Com fratura causada por uma joelhada nas costas, desferida hoje pelo lateral colombiano Zúñiga, Neymar está fora do Mundial.

Para derrotar a Alemanha na semifinal e conquistar o título, a seleção precisará superar a dependência do seu único gênio.

Neymar, um cara bacana, não merecia.

O desafio da equipe será muito maior do que seria com ele.

Em 62, demos conta da ausência de Pelé.

Que surjam agora novos Garrinchas (além de um Amarildo), não em talento, o que é impossível, mas na capacidade de decidir como o ponta-direita decidiu no bi.

Boa sorte, Neymar!

Boa noite, Brasil.

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Exibição de campeão
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Mário Magalhães

Em quatro triunfos em quatro jogos, a Colômbia tinha feito 11 gols (quase três por partida) e sofrido dois (0,5 por confronto).

A seleção brasileira acaba de derrotar a colombiana por 2 a 1.

Poderia ter sido por mais: o Brasil desperdiçou muitas chances e concedeu poucas.

Foi a melhor atuação do time na Copa, especialmente na etapa inicial, quando dominou quase sem sustos.

Acabou sofrendo até o fim devido a um vacilo defensivo que resultou no pênalti de Júlio César em Bacca. Aos 34 min do segundo tempo, James Rodríguez converteu.

Thiago Silva abrira o placar aos 6 min do primeiro tempo, e, de falta, David Luiz ampliara aos 23 min do segundo. Os zagueiros definiram.

Uma exibição de campeão, mas é preciso enfatizar o que isso significa.

Se a equipe de Felipão mantiver o padrão, é forte candidata ao título.

O problema é que a Alemanha, ao anular a França no 1 a 0 mais cedo, também teve, repetindo de propósito as palavras, exibição de campeão.

Na semifinal, só passará um, para manter o sonho da conquista.

Com acúmulo de cartões amarelos, Thiago Silva não poderá jogar. Criticado pelo choro no mata-mata contra o Chile, o zagueiro do PSG brilhou hoje no Castelão.

A imagem é rude, mas talvez um gaudério resumisse assim o progresso mais evidente da seleção do técnico de Passo Fundo: até as oitavas-de-final, nossos jogadores pareciam bois no pasto. Quem já viu sabe: ficam espalhados, cada um num canto.

Hoje, nas quartas, transformaram-se em bando de capivaras, que andam agrupadas.

A entrada de Maicon no lugar de Daniel Alves, desde o início, melhorou o time na defesa e no ataque.

Com a suspensão de Luiz Gustavo, que faz boa Copa, Fernandinho e Paulinho formaram uma parelha de volantes muito eficiente.

Neymar não esteve em seus melhores dias, até sair contundido, após levar joelhada nas costas.

Fred continua sem incomodar muito as defesas adversárias.

A superioridade do Brasil confirma o caráter conservador dos Mundiais: os times com tradição costumam mostrar mais autoridade.

Camisa pesa.

Entre Brasil e Alemanha, a camisa não decidirá.

Tomara que a seleção não desperdice tantas chances como hoje e liquide os alemães quando elas forem criadas.

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O paradoxo alemão
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Mário Magalhães

A Copa do Mundo não ouvirá mais a Marselhesa.

O futebol mais exuberante apresentado até as oitavas-de-final vai embora.

A França se despediu hoje, ao perder por 1 a 0 para a Alemanha, gol do zagueiraço Hummels aos 11 min da etapa inicial.

Os alemães estão nas semifinais, quando enfrentarão o vencedor de Brasil x Colômbia.

Eis o paradoxo: ninguém, suspeito, gostaria de encarar o time de Joachim Löw, pelo conjunto, elenco, intensidade e espírito de competição, porém a Alemanha não é até agora o supertime que se esperava.

Nem a equipe megaeficiente cantada antes do Mundial.

Ou a Alemáquina sugerida pela goleada de 4 a 0 sobre Portugal na estreia.

Os alemães vencem, mas não entusiasmam.

São fortíssimos candidatos ao título, mas frustram expectativas de show.

Seu futebol mais pragmático que deslumbrante fez com que os franceses não conseguissem desenvolver o jogo vistoso das quatro partidas anteriores.

Nem sufoco da França houve no mata-mata no Maracanã.

A Alemanha melhorou em relação às oitavas, fase em que só na prorrogação bateu a Argélia.

Lahm deixou de ser o primeiro volante e regressou à lateral-direita. Saiu Mertesacker da zaga, onde atuaram dois jogadores, Hummels e Boateng.

Na frente, o meia-atacante Götze deu lugar ao centroavante Klose, que não viu a bola, até sair no segundo tempo.

A Alemanha não parece um bicho-papão, mas é muito forte.

Vem aí uma grande semifinal.

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PM apreende ‘Marighella’ em protesto. Queimará livros, como os nazistas?
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Mário Magalhães

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Tuíte da revista “Veja São Paulo”/Reprodução @PersonalEscrito – 1º/7/2014

 

Na versão do romance “A menina que roubava livros” para o cinema, as salas de exibição se iluminam com a luz das imagens das imensas fogueiras queimando livros na Alemanha nazista.

Nos tempos de barbárie, nos anos 1930 e 40, os mesmos algozes que incineravam seres humanos vivos em fornos dos campos de concentração eram os censores que destruíam bibliotecas inteiras e proibiam a leitura de um sem-número de obras.

Aqueles tempos se foram, mas parecem ter deixado saudade em alguns intolerantes.

Entre as 18h e as 19h desta terça-feira (1º de julho), a conta da revista “Veja São Paulo” (@VejaSP) no Twitter informou: “Livro encontrado pela polícia em mochila de manifestante na Praça Roosevelt”.

Abaixo da legenda, uma fotografia mostrava a biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo”.

No fim da noite, o tuíte foi apagado pela @VejaSP. Entre as dezenas de pessoas que generosamente me informaram do episódio, houve quem copiasse e me enviasse a foto, reproduzida  lá em cima (fonte: @PersonalEscrito).

Escrito por mim e editado pela Companhia das Letras, o livro foi lançado em outubro de 2012. Já teve 38 mil exemplares impressos e recebeu seis prêmios literários e jornalísticos. Vai virar filme dirigido por Wagner Moura e produzido pelo diretor estreante e a produtora O2, de Fernando Meirelles.

Trocando em miúdos: durante um protesto pacífico, a Polícia Militar do Estado de São Paulo apreendeu a biografia “Marighella” que um manifestante carregava na mochila.

O ato na praça Roosevelt, na capital paulista, reuniu centenas de manifestantes que reivindicam a libertação de dois ativistas presos.

Apesar do caráter pacífico do protesto, a PM deteve dois advogados e no mínimo outras quatro pessoas, disparou balas de borracha, lançou bombas de gás e empregou, também contra repórteres, spray de pimenta (leia reportagem da ‘Folha’ clicando aqui).

Manifestantes tiveram as mochilas revistadas e o conteúdo exposto, inclusive o livro.

Por que os policiais militares procederam assim?

É crime ler a biografia de Carlos Marighella (1911-1969)?

Abre-se uma caça às bruxas a quem pretende, gostando ou não do personagem, conhecer a trajetória do revolucionário brasileiro?

Durante décadas, certa historiografia oficial se empenhou em eliminar Marighella da história do Brasil.

Mas livros sobre ele só eram apreendidos durante a ditadura instaurada em 1964.

A PM paulista poderia esclarecer se adotou a política _inconstitucional_ de recolher livros.

Em caso positivo, o que faz com os volumes? Queima-os, como os nazistas?

Ou o procedimento só se aplica à biografia de Marighella?

Se fosse outro o livro não teria sido subtraído do cidadão?

Quem determina, em flagrante ofensa à lei e à democracia, que livro é ou não autorizado?

Por que exibiram a biografia como “troféu de guerra”?

Não está em questão se o livro é bom, ruim ou mais ou menos _cada leitor tem sua opinião, legítima. Ou se o personagem vale ou não uma missa. Mas, sim, o direito à difusão de conhecimento histórico, bem como a liberdade de expressão e o acesso à informação.

Estamos em 2014, mas às vezes não parece.

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O que querem mais de Messi?
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Mário Magalhães

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No finzinho da prorrogação, num épico na Arena Corinthians, o gigante Di María deu a vitória para a Argentina: 1 a 0 sobre a brava Suíça, um lugar nas quartas-de-final, contra a Bélgica ou os Estados Unidos.

Quem deu o passe para Di María liquidar, no canto direito, com sua canhotinha?

O canhotinha que arrancou com a bola.

O mesmo que chutou de fora da área, com a pelota raspando o travessão.

Que passou, infiltrou-se, dividiu, chamou a responsa, lutou até o final, dando carrinho, suando como o mais simples dos mortais.

Ele, sim, Messi!

Mas será ele um mortal?

O que querem mais desse gênio para celebrá-lo?

Uma Copa?

Pois a Argentina, com seu desequilíbrio, com o sistema defensivo débil, a impotência diante de times fechadinhos, só está nas quartas por causa de Messi.

Não ganharam a Copa Cruyff, Di Stéfano (nem disputou uma), Puskas, Zizinho, Falcão e Zico. Azar da Copa!

Messi continua.

Melhor para todos os que amam de fato o futebol.

Gracias, viejo!