Blog do Mario Magalhaes

Tese de ‘apagão’ é cascata que preserva Felipão

Mário Magalhães

Respeito _respeito mesmo, de verdade_ a tese de que um ''apagão'' foi determinante na derrota de 7 a 1 para a Alemanha, mas divirjo.

O segundo e o quinto gols ocorreram em seis minutos, quatro gols de enfiada, eis o fato que gera a interpretação de que teria havido apagão.

Para mim, essa ideia não se sustenta diante da evidência de que a superioridade alemã na semifinal não se restringiu ao diminuto tempo em que os visitantes anotaram a maioria dos seus gols.

A Alemanha não fez mais porque não quis.

Delírio?

Aos 29 min da primeira etapa, quando já estava 5 a 0, visivelmente o time de Joachim Löw desacelerou. Tinha três propósitos:

1) poupar-se para a final do domingo (contra a Argentina, o que eles ainda não sabiam);

2) não prejudicar a simpatia conquistada entre a torcida brasileira, desde que jogadores cantaram o hino do Bahia, confraternizaram com índios e divulgaram torcer para a equipe de Neymar;

3) respeitar uma ética não escrita que freia impulsos de grandes jogadores humilharem outros do mesmo, senão qualidade, status.

Os alemães, a rigor, pararam de buscar o gol com determinação muito antes do intervalo.

Para o segundo tempo, não voltaram com o magnífico zagueiro Hummels, preservado para a decisão.

No começo da segunda etapa, o Brasil teve várias oportunidades determinadas pela paralisia alemã, proposital. Os três meias mais defensivos, mas também hábeis ao atacar _Schweinsteiger, Khedira e Kroos_, só queriam tocar a bola, deixando o tempo passar, evitando vergonha ainda maior aos anfitriões.

Isso ficou claro para quem viu o jogo pela TV, como eu _ao meu lado, uma torcedora nocauteada diagnosticou os alemães ''encabulados'' em campo.

Müller evitou discutir com David Luiz, que se irritou numa jogada.

Somente Schürrle, que entrou e marcou dois, deu de ombros à  política mais pragmática do que reverencial de impedir que o Brasil virasse um novo Taiti, aquele timeco que levou 10 a 0 da Espanha na Copa das Confederações.

Enumero os fatos para sustentar a impressão de que não houve apenas um curto período em que o Brasil não jogou nada.

Apagões, na maioria das vezes, são intervalos breves sem energia elétrica em regiões onde costuma haver fornecimento contínuo de luz.

Se o ''apagão'' ocorreu, na verdade, em toda a partida no Mineirão, não foi apagão.

O desempenho desmoralizante da seleção foi o padrão, e não um soluço de ''pane geral'', expressão empregada por Felipão um dia depois do vexame.

Repito: se o dito apagão foi permanente, inexistiu apagão.

O Brasil jogou todo o tempo muito mal. Quando pareceu melhorar, não foi por méritos próprios, e sim por deferência dos constrangidos alemães, que mesmo sem jogar à vera nos superaram por 2 a 1 (depois dos cinco gols).

Falar em apagão alivia a barra para Felipão e Parreira, os condutores do desastre histórico.

P.S.: que Copa maravilhosa, triunfo do futebol!

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