Alemáquina é o triunfo do futebol
Mário Magalhães
Para quem gosta de futebol, gosta de verdade, esta tarde-noite, como diziam os locutores de outrora, celebrou um triunfo do futebol que já nasce legendário.
Antes de o cronômetro marcar 29 minutos do primeiro tempo no Mineirão, a Alemanha já goleava o Brasil por 5 a 0.
Alemanha, não: Alemáquina!
A Alemáquina dos 4 a 0 sobre Portugal na estreia voltou turbinada.
Só não virou em cinco e acabou em dez porque os alemães se encabularam pela humilhação aos anfitriões.
E porque Júlio César _você enobrece o futebol!_ nos salvou de vergonha maior.
Fecharam o massacre em 7 a 1, gol de honra de Oscar no finalzinho.
Apostei que os brasileiros poderiam ser os mocinhos. Para o futebol, os mocinhos foram os europeus.
Nosso futebolzinho foi de vilão.
Na Copa, os fracos não têm vez.
Eu sabia que a camisa rubro-negra alemã não é o manto sagrado do Flamengo, mas já havia esquecido como essas cores podem constranger os fracos.
Enfim, um bicho-papão na Copa. Os quatro semifinalistas não haviam brilhado nas quartas-de-final. Um deles deixou para deslumbrar na véspera da decisão.
O futebol ganhou hoje com uma equipe entrosada, seis titulares do Bayern. Cultivaram a bola, como insiste Pep Guardiola.
Não a bola pela bola, mas com objetividade. É o que Guardiola prega, embora às vezes não funcione.
Tem gente que ainda não tinha se dado conta da influência do treinador catalão em Neuer. O goleiro sofria com a bola nos pés. Agora, é mestre.
Dá-lhe, Guardiola!
Parabéns Joachim Löw, o técnico germânico que deu aula magna de futebol.
Felipão poderia ter mudado antes, mas pareceu Muricy, atônito, diante do Barcelona ensinando o Santos a jogar.
Guardiola, depois dos 4 a 0 do Barça sobre os santistas, afirmou que seu pai lhe contara que antigamente o Brasil jogava daquele jeito, tocando a bola e chegando.
Em ordem, os gols de Müller, Klose, Kroos duas vezes, Khedira e Schürrle em duas oportunidades estabeleceram o maior vexame brasileiro em Copas e um novo artilheiro maior dos Mundiais: Klose, com 16 gols.
Felipão e Parreira apostaram no time em que eu também confiava, o da Copa das Confederações.
Houve queda técnica de alguns jogadores.
E oponentes do ano passado evoluíram, e nós não.
Além das seleções que só vieram em 2014, como a Alemanha.
A hora, na melhor tradição nacional, é da caça às bruxas.
A serenidade é mais recomendável.
Não deu certo a substituição de Neymar por Bernard, pois o já frágil meio-campo ficou ainda mais caído.
O segundo tempo, quando Fernandinho e Hulk saíram para a entrada de Ramires e Paulinho pouco significa, pois os visitantes já haviam desacelerado, poupando-se para o domingo. E ainda enfiaram mais dois _e levaram um.
Além da incapacidade de Felipão montar o time com punch para encarar a marcação solidária, os ataques rapidíssimos e o toque envolvente da Alemanha, exemplo de futebol-total, alguns jogadores foram muito mal.
O lado esquerdo de Marcelo foi o caminho mais fértil para a chegada ao gol do Brasil.
Dante mostrou como o capitão Thiago Silva, suspenso, é importante.
Fred, Marcelo e Maicon fizeram feio com cai-cai, forjando pênaltis em encenações em que a arbitragem não caiu.
Fred, em quem eu acreditava para o Mundial, foi uma desmoralização que se manteve titular.
A história mostra que estavam certos os observadores muito críticos a Felipão (entre os quais eu não me incluía).
A covardia é a rápida mudança de manjados bajuladores da comissão técnica que agora viram os mais impiedosos carrascos.
Em 62, houve um Garrincha depois que Pelé se machucou.
Agora, ninguém preencheu a enorme ausência de Neymar.
Chorar por esse time?
Estão de brincadeira.
Lágrimas eternas pela seleção de Telê Santana que nos encantou em 82.
Parabéns, alemães!
Com a Alemáquina, vocês orgulham o futebol!