Fantasma do quadrado mágico do Brasil-2006 paira sobre quarteto argentino
Mário Magalhães
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O espectro que ameaça a Argentina, como se viu hoje na vitória apertada de 1 a 0 sobre o fraco Irã, é o mesmo que assombrou e nocauteou a seleção brasileira na Copa de 2006: o fracasso do quarteto de jogadores fantásticos, mas que sucumbe em Mundial.
Com Higuain desde o início, depois de só entrar no segundo tempo na estreia vitoriosa de 2 a 1 contra a Bósnia-Herzegóvina, o time do técnico Alejandro Sabella escalou seus quatro grandes talentos ofensivos: Agüero e Higuain mais enfiados, Messi vindo um pouco de trás, e Di Maria, no meio-campo.
A despeito da imensa categoria, só conseguiram furar uma vez o ferrolho montado no Mineirão pelo treinador português Carlos Queiroz.
Em 2006, o Brasil chegou como favorito à Copa da Alemanha, credenciado pela história, pelo título na Copa das Confederações no ano anterior e pelo ''quadrado mágico'' cantado como o suprassumo da categoria: Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Ronaldo e Adriano.
Os fab four canarinhos formavam mais um losango que um quadrado, que funcionara muito bem, mas fraquejou na Copa, sem lograr a consagração que de fato pesa na cultura do futebol nacional.
O Brasil acabou eliminado pela França nas quartas-de-final.
Hoje, a retranca iraniana foi bem-sucedida quase até o fim. No primeiro tempo, a Argentina logrou algumas chances, mas poucas de maior perigo.
A equipe sul-americana entrou com uma escalação mais ofensiva do que no primeiro jogo. Em vez de três zagueiros e dois atacantes, lançou dois na zaga e três no ataque, um deles Higuain.
Para penetrar em meio a uma imensidão de defensores, necessitava de velocidade, virtude que lhe faltou.
Parecia o treino tático mais empregado, de ataque contra defesa. Cada time exercitava somente uma das funções.
Tamanha a dificuldade na área oposta superpovoada, Messi recuou insistentemente, em busca da bola, chamando o jogo. Sem sucesso.
Ele passou, lançou, sofreu falta e cobrou. Numa cobrança, a bola raspou o travessão. Noutra, Messi cruzou para Garay, que cabeceou para fora.
Quando os argentinos não finalizavam mal, Haghighi, trajando um clássico uniforme negro de goleiro, defendia.
Depois do intervalo, os iranianos passaram a encaixar contra-ataques. Romero fez três grandes defesas.
A Argentina se ressentiu de laterais, Zabaleta e Rojo, sem o cacoete de atacante tão comum nos brasileiros das mesmas posições.
Messi arrancou, finalizou com perigo, também em cobrança de falta. Tentava e não conseguia.
O resultado era surpreendente, por méritos do Irã em defender e deméritos da Argentina ao atacar.
Poderia ser pior para os bicampeões, caso os iranianos caprichassem mais nas três oportunidades desperdiçadas no segundo tempo.
O goleiro argentino foi decisivo.
Do quarteto, Agüero e Higuain estiveram de mais ou menos a mal e saíram. Di Maria esteve bem.
E Messi? Na virada dos 45 para os 46 min, ele dominou, arrumou e chutou de canhota, de fora da área, para decidir a partida que terminava.
Messi lutou até o fim.
Gênio é gênio, mas o fantasma do ''quadrado mágico'' de 2006 está à espreita.