No calor amazônico, um deleite para os amantes do futebol
Mário Magalhães
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Culpa desta Copa tecnicamente muito boa, generosa em gols (25 em sete jogos) e que até aqui recusa empate _não houve nenhum: o resultado mais justo da maravilhosa partida entre Inglaterra e Itália seria a igualdade. Deu vitória de 2 a 1 para os italianos.
Mas o futebol, ainda bem, não é tribunal, e inexiste conceito de resultado justo ou injusto (quando ninguém é garfado). Qualquer placar seria aceitável na noite de sábado.
No grupo D, o da morte, a Costa Rica e a Itália lideram em pontos, com os latino-americanos à frente no saldo de gols (fizeram 3 a 1 no Uruguai, única zebra até agora).
No jogo entre europeus, disputado em Manaus sob temperatura superior a 30 graus, o futebol exibido credencia as duas seleções como favoritas para passar às oitavas-de-final. Hoje atuaram como timaços.
O primeiro tempo expôs desde o minuto inicial um embate tático pouco variável: a Itália cultivou a posse da bola, e a Inglaterra deixou o oponente jogar, marcando à distância e investindo nas roubadas de bola seguidas de ataques rápidos.
O equipe de Cesare Prandelli cadenciou o ritmo, talvez temerosa da combinação de calor e umidade, tocando lateralmente.
A de Roy Hodgson acelerou, com um estilo mais vertical e agudo.
O ritmo italiano foi facilitado pela recusa inglesa, igualmente respeitando o clima, em pressionar a marcação.
Parecia haver um receio comum, o de sair atrás e ter de reagir com empenho físico que pudesse comprometer os jogadores durante a partida e mesmo no restante da campanha.
O gol de Marchisio, com chute de fora da área aos 34 min, foi antecedido do brilho de Pirlo, volante genial, que confundiu a defesa adversária com um corta-luz desconcertante.
O curioso é que, escola da defesa segura, a Itália sofreu o empate dois minutos mais tarde, em um contra-ataque típico de quem está vencendo, e não perdendo, como era o caso da Inglaterra.
Rooney, até então discreto, disparou pela esquerda e cruzou para Sturridge empatar.
Um jogo de xadrez bem pensado, de alto nível técnico. Um deleite para quem ama o futebol bem jogado.
O segundo tempo manteve o padrão estético de futebol sublime.
A sorte _e eficiência_ italiana foi desempatar aos 4 min, com meu xará Mário Balotelli concluindo cruzamento de Candreva.
Quando o brasileiro naturalizado italiano Thiago Motta entrou, a torcida foi exemplar. Não apupou-o, ao menos não em massa, como havia vaiado, em manifestação xenófoba, o hispano-brasileiro Diego Costa no jogo da Espanha contra a Holanda.
Depois do 1 a 2, a Inglaterra arriscou ainda mais, acumulando oportunidades. O goleiro italiano Sirigu, que substituiu o contundido de última hora Buffon, esteve excepcional, salvando sua seleção.
O sofrimento devido ao calorão e ao confronto parelho cansou os jogadores, e sobrevieram cãibras e outras demonstrações de fadiga.
Nos acréscimos, Pirlo, o estilista da meia-cancha, acertou o travessão em cobrança de falta.
E a Copa está só começando…