O Consenso de Teresópolis
Mário Magalhães
( O blog está no Facebook e no Twitter )
Sob chuva e frio, a seleção desceu de ônibus a serra do Estado do Rio na noite desta terça-feira, rumo ao aeroporto onde tomaria o avião para São Paulo, palco da estreia na Copa. Em contraste com vésperas turbulentas de alguns Mundiais e, em outros, com a indolência de quem se julgava campeão antes de a bola rolar, o time logrou virtual consenso entre as vozes mais influentes do futebol brasileiro: os prognósticos variam no tom, mas apontam o Brasil como o favorito ou um dos favoritos ao titulo.
O Consenso de Teresópolis firmou-se no centro de treinamento da seleção. Contribuiu para a convicção a diferença com o oba-oba que antecedeu a Copa de 2006, quando um elenco com mais craques do que o atual fracassou na Alemanha.
Consenso não é necessariamente unanimidade, mas opinião amplamente compartilhada. Já na Copa das Confederações, Felipão-Parreira parecia a dupla certa na hora certa, sobretudo porque a Copa do Mundo é torneio de tiro curto, decidido no mata-mata, formato em que Scolari rende mais.
A exuberante forma de Neymar acentua as chances da seleção. Antes do apito inicial, o atacante cria do Santos é um dos três principais aspirantes à consagração como estrela da Copa, em companhia de Messi e Cristiano Ronaldo.
O Consenso de Teresópolis reconhece que a equipe depende muito de Neymar.
Outra impressão majoritária é que, hoje, os dois titulares mais ameaçados são Daniel Alves e Oscar. Mas a presença de Hulk e Paulinho não parece mais tão segura como duas semanas atrás.
Pode não ser consenso, mas os temores em relação à forma de Júlio César diminuíram.
O fator casa deve pesar muito, eis outra impressão consolidada no Consenso de Teresópolis.
Outra é que, mais do que em outras vezes, a diferença técnica entre titulares e reservas aparenta ser maior.
O Consenso de Teresópolis, é evidente, não se traduz em documento escrito ou pacto formal. É um sentimento dominante, a síntese possível das expectativas a poucas horas da 20ª Copa do Mundo.
Nada assegura que o Brasil se sairá bem. Isso se decidirá em campo, e depende tanto da seleção quanto dos adversários _sim, eles existem.
Se o time vencer, haverá quem pontifique que a confraternização dos jogadores com torcedores em Teresópolis foi benéfica, transmitiu confiança. Se perder, dirão que o ambiente festivo prejudicou.
É como o 1 a 0 na Sérvia, no último amistoso. Se o hexa sair em 2014, a vitória magra e sofrida terá sido boa, por ter alertado a equipe sobre o progresso que ainda era necessário. Se o título não vier, lembrarão que a partida do Morumbi evidenciou limitações do time.