Blog do Mario Magalhaes

Estreia na Copa: perigo, teu nome é soberba, mas pode chamar de salto alto

Mário Magalhães

Imagem: reprodução do portal Salto Alto Futebol Clube

 

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No esporte, a soberba se manifesta menos pelo engano de se superestimar e mais pela subestimação do adversário. No apogeu, pela cegueira diante do oponente. O contendor se supõe só e absoluto no ringue, sem reconhecer o antagonista. É o caminho mais arriscado para levar o nocaute.

A propósito, em futebol o pecado tem outro nome, mais apropriado, salto alto.

Pois o salto alto constitui a ameaça suprema da seleção na abertura da 20ª Copa, nesta quinta-feira. Única esquadra que participou de todas as edições do Mundial, o Brasil não pode repetir a presunção que nos liquidou outras vezes.

Em 66, com a ilusão de que o tri viria de bandeja, os bicampeões se perderam numa preparação que não passou de simulacro, e sobreveio o vexame.

Em 98, como observaria o Tostão, na véspera da final o time estampava uma tranquilidade excessiva para quem deveria estar com a faca entre os dentes. O piripaque do Ronaldo influenciou, mas acho que, mesmo com ele inteiro, teria dado Zidane.

Em 2006, o Roberto Carlos preferiu ajeitar o meião enquanto os franceses cobravam uma falta.

Nesses três episódios, a arrogância fragilizou a seleção.

Não confundir: uma coisa é confiança, condição para o triunfo. Outra é considerar que até com uma chuteira nas costas é possível sobrepujar quem não é tão bom quanto nós.

Trocar o salto por travas não resolve, mas vacina contra a morte anunciada. Soberba equivale a suicídio.

Outro perigo no Itaquerão é a ira desmedida. Contaminado pelo treinador encolerizado, Felipe Melo foi expulso e prejudicou o Brasil na eliminação de 2010. Os grandes lutadores não perdem a cabeça.

O adversário da estreia tem nome e sabe jogar bola: Croácia.

Se recusar o salto alto, o Brasil tem fartos atributos para vencer.