Blog do Mario Magalhaes

Noticiário: na Copa, a expressão ‘coletiva de imprensa’ já levou o caneco

Mário Magalhães

Júlio César Guimarães/UOL

Entrevista coletiva nos tempos de Mano na seleção – Foto Júlio César Guimarães/UOL

 

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Eu sei que nem caneco o campeão da Copa leva mais, e sim um troféu que não permite armazenar ao menos um gole de cerveja.

Mas nenhuma expressão, entre as absurdas, será tão mencionada e escrita em português, durante o Mundial, como ''coletiva de imprensa''. Pegou e sobrepujou outra inovação despropositada, ''conferência de imprensa''.

É todo dia, toda noite, toda hora, toda madrugada, momento e manhã… Basta que surja a oportunidade, numa entrevista coletiva.

Republico um post que saiu em fevereiro aqui no blog:

* * *

Palavras malditas (11): conferência de imprensa, coletiva de imprensa

Durante uma eternidade, pelo menos desde quando eu me entendo por gente, o jornalismo conviveu pacificamente com a expressão entrevista coletiva.

Ela é mesmo boa. Significa que a entrevista não é concedida a um só jornalista (exclusiva) ou a um grupo restrito de entrevistadores, e sim a muitos.

De um tempo para cá, disseminou-se no Brasil o emprego de conferência de imprensa, a tradução literal do inglês press conference.

Mais do que macaquice e indigência cultural, a imitação é ruim porque conferência sugere manifestação unilateral, com uma voz apenas. Entrevista, ao contrário, indica pergunta e resposta, diálogo, cobrança, várias vozes.

Há variação pior, como assinalou no Twitter o jornalista Oscar Valporto: “Não sei se é só aqui na Bahia, mas avança na imprensa local _internet e assessorias à frente_ a COLETIVA DE IMPRENSA''.

Diga lá, Oscar: “Coletiva de imprensa é mau português, pleonasmo como encarar de frente…''.

Na mosca. Entrevista coletiva também é tratada na forma reduzida coletiva _''o ministro deu uma coletiva''.

Portanto, é redundante falar em coletiva de imprensa, porque coletiva já implica entrevista a um conjunto de jornalistas, e não de biólogos marinhos.

Não é só na Bahia, não, Oscar. A praga da coletiva de imprensa brota por todo o país.

* * *

Eis os post anteriores da série “Palavras malditas” (clique em cima, se quiser ler):

1) emblemático;

2) instigante;

3) eu, particularmente;

4) circula com desenvoltura;

5) não resistiu;

6) um verdadeiro;

7) amigo pessoal;

8) vítima fatal;

9) figurinha carimbada;

10) evidência.