Flamengo colhe o que plantou e, merecidamente, fracassa na Libertadores
Mário Magalhães
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Depois da vitória contra o Emelec, eu achei que dava para o Flamengo sobreviver na Libertadores.
A condição, evidentemente, era repetir o desempenho competitivo demonstrado na vitória em Guayaquil.
Ontem, contudo, a ciclotimia se manifestou no aspecto mais desastroso, com atuação bisonha, o revés em casa, diante do León, e a eliminação na Libertadores 2014 ainda na fase de grupos.
Um time que, em três partidas no Maracanã, contra equipes mexicana, equatoriana e boliviana, só ganha uma vez não merece sobreviver na competição.
O Flamengo não apenas perdeu por 3 a 2. Levou um banho de bola, humilhado diante de sua torcida.
Assistiu ao toque do adversário mexicano, que permaneceu 55% do tempo com a bola nos pés (fonte: Footstats, em ''O Globo'').
O León acertou mais finalizações a gol, 9 a 6, e muito mais perigosas, fazendo do goleiro Felipe no melhor rubro-negro.
Desta feita, ao contrário do ocorrido em partidas anteriores, o Flamengo recebeu mãozinha do árbitro, o argentino Diego Abal. Era para ele ter dado o segundo amarelo para André Santos no começo do segundo tempo e, no fim, o vermelho para Negueba. Amarelou e não deu.
O Flamengo ainda chegou à última rodada batalhando pela classificação porque o nível dos oponentes era baixo. Não baixíssimo, como no Campeonato Estadual, no qual o time da Gávea e do Ninho do Urubu disputa a finalíssima contra o Vasco no domingo.
Mesmo sem encarar bicho-papão, o clube fracassou porque mais uma vez não se comportou à altura da Libertadores.
A diretoria pensou pequeno, implementando um engano: para equilibrar as finanças, estrangulou o orçamento do futebol. Acabou perdendo muito dinheiro, ao desperdiçar a chance de faturar com a Libertadores.
Sem Elias, que partiu, e Luiz Antônio, que foi à Justiça contra o clube, antes de regressar, o Flamengo decaiu muito. Já não era nenhuma maravilha. Conquistara a Copa do Brasil, embalado pela torcida, mas quase caíra no Campeonato Brasileiro.
Cáceres voltou a jogar bem, mas se machucou.
Amaral, a solução com que Jayme de Almeida remediara a defesa, revelou-se um destrambelhado ao ser expulso no comecinho da estreia da Libertadores.
Elano, decadente, logo se contundiu. Ontem, que papelão, entrou, trotou por uns minutos e saiu. Por que escalá-lo?
No clínica geriátrica em que o Flamengo se transformou, o mais lamentável é a insistência de Jayme com André Santos, que já foi um bom jogador. Lento e cansado, ele falhou nos dois primeiros gols do León (no segundo, Samir também bobeou). Ao marcar o seu, arrancou a bandeira de escanteio, levando cartão amarelo que o intimidou na marcação por quase toda a partida. Um irresponsável, que está se lixando para o Flamengo. Por que Jayme o manteve tanto tempo se o lateral se arrastava? Por que ele está sempre cansado, um estafado atávico?
Pior do que a fragilidade do ataque foi a incapacidade do técnico de montar uma defesa combativa. O Flamengo assistiu ao León jogar. Com buracos atrás, foi Alecsandro que, sem precisar, fez a falta que resultou no cruzamento para o primeiro gol do León.
Jayme também errou ao tirar Paulinho, para a entrada de Nixon. Paulinho estava melhor do que Gabriel.
E Negueba rende quando se aposta em contra-ataques, e não quando se pretende encurralar o adversário.
Porém, reconheço, com o elenco medíocre é difícil Jayme obrar milagres. Sua maior infelicidade ontem foi ter (des)organizado um time que deixou o León jogar.
Se a diretoria continuar mirando só a xepa do futebol e enchendo o time de anciões, novas derrotas virão.
Pena, porque a torcida que encheu ontem o Maracanã não merecia o vexame.
P.S.: sobre a eliminação do Botafogo não escreverei, porque minha impressão é que o time não entrou em campo ontem (3 a 0 para o San Lorenzo, em Buenos Aires). Como o Flamengo, um papelão!