Blog do Mario Magalhaes

Após 54 anos, escola dos EUA deixa de ter nome de líder da Ku Klux Klan

Mário Magalhães

Marcha do movimento de ''supremacia branca'' Ku Klux Klan, nos EUA – Foto reprodução

 

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A ampulheta da história está longe de encerrar a contagem do tempo. A história não chegou ao fim, segue acertando contas, do lado de baixo e do lado de cima do Equador.

Em poucos dias, três notícias.

Na Bahia, a comunidade escolar decidiu em eleição trocar o nome do Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici para Colégio Estadual Carlos Marighella (clique aqui para saber mais).

No Estado do Rio, o Colégio Estadual Costa e Silva passou a se chamar Colégio Estadual Abdias do Nascimento (aqui).

Em ambos os casos, abandonou-se a reverência a presidentes sem voto do período da ditadura 1964-1985, para homenagear cidadãos que combateram aquele regime, com (Marighella) ou sem (Abdias) armas.

A novidade mais recente vem da Flórida, Estado norte-americano: depois de 54 anos de batismo celebrando um líder racista, uma escola pública de ensino médio desistiu do antigo nome. A Nathan Bedford Forrest High School deixa no passado a honraria a um célebre dirigente da Ku Klux Klan, movimento político, terrorista e racista que pregava a supremacia branca.

O general Forrest (1821-1877) foi o primeiro chefão da Ku Klux Klan. Do século XIX ao XX, a organização não apenas cultivou o ódio contra judeus, índios, imigrantes e sobretudo negros: desenvolveu lobbies contra igualdade de direitos, protagonizou atos violentos, inclusive matando.

A história do colégio da Flórida expõe as resistências atávicas para caminhar da barbárie à civilização.

Seu nome foi escolhido em 1959 como retaliação à lei contra a segregação racial nas instituições de ensino.

Até 1966, estudantes negros eram proibidos na Nathan Bedford Forrest High School. A partir daquele ano, uns poucos ingressaram. Hoje a maioria é afro-descendente.

Apesar do horror de carregar o nome do capo fundador da KKK, a congregação do colégio rejeitou em 2008 qualquer mudança. No mesmo ano, Barack Obama triunfou na eleição presidencial.

Em outubro de 2013, mais de 150 mil cidadãos das redondezas da escola assinaram uma petição pedindo o fim da aberração.

Na noite da segunda-feira passada, por unanimidade, enfim a congregação dobrou-se ao século XXI e à roda da história. O público presente aplaudiu de pé o anúncio.

Nas semanas que antecederam a reunião, saudosos da Ku Klux Klan enviaram mensagens a favor da permanência do nome do ícone racista.

Os 1.300 alunos decidirão no voto como o estabelecimento se chamará: Westside High School ou Firestone High School.

Assim como as viúvas da ditadura chiaram no Brasil, nos Estados Unidos há consternação entre as viúvas da KKK.