No dia dos 45 anos do AI-5, ditador Costa e Silva perde nome em escola
Mário Magalhães
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Há 45 anos cravados, em outra sexta-feira 13, a de dezembro de 1968, 25 membros do Conselho de Segurança Nacional se sentaram em torno de uma mesa cuja cabeceira era ocupada pelo marechal Arthur da Costa e Silva, presidente da República sem ter amealhado um mísero voto popular.
Ali, no Palácio Laranjeiras, o ditador propôs o Ato Institucional número 5, asfixiando ainda mais as liberdades castigadas desde o golpe de Estado de 1964. Só o seu vice, o civil Pedro Aleixo, divergiu. Faceiro, o ministro do Trabalho, coronel Jarbas Passarinho, proclamou:
“Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência.”
Nesta manhã de sexta-feira, 13 de dezembro de 2013, graças a escrúpulos de consciência democrática e cidadã, o Colégio Estadual Costa e Silva, em Nova Iguaçu (RJ), abandona o nome do militar que contribuiu para endurecer ainda mais a ditadura.
A escola de ensino fundamental na Baixada Fluminense passa a se denominar Colégio Estadual Abdias do Nascimento, em reverência ao artista, militante político e ativista do movimento negro.
Costa e Silva (1899-1969), além de eminência da linha-dura do Exército, celebrizou-se pela ignorância cavalar _inimigos e mesmo amigos colecionavam anedotas sobre sua parca intimidade com as letras.
Abdias do Nascimento (1914-2011) representa o antípoda do ditador. Amargou uma década no exílio, inclusive quando Costa e Silva exercia a Presidência. Criador do Teatro Experimental do Negro na década de 1940, foi também poeta, escultor e professor universitário. Com o fim da ditadura, elegeu-se deputado federal e cumpriu mandato de senador.
Aos poucos, os símbolos da ditadura vão dando lugar a homenagens aos cidadãos que lutaram contra o regime que se estendeu por 21 anos.
A iniciativa para a troca do nome do colégio, decisão da qual os alunos do estabelecimento participaram, foi da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro.