‘Marighella’ vence Jabuti; prêmio para biografia corre risco de extinção
Mário Magalhães
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Compartilho uma grande notícia: o livro “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo”, escrito por este blogueiro e editado pela Companhia das Letras, venceu o Prêmio Jabuti de 2013, como melhor biografia.
Tenho a honra de dividir a premiação com dois craques: a historiadora Mary Del Priore, em segundo lugar, com “A carne e o sangue”; e o colega Lira Neto, em terceiro, com “Getúlio: dos anos de formação à conquista do poder (1882-1930)”.
O resultado completo do mais tradicional prêmio literário do país, promovido pela Câmara Brasileira do Livro, pode ser consultado clicando aqui.
As páginas do livro com agradecimentos são mais numerosas do que as de alguns capítulos. Depois do lançamento, minha gratidão estendeu-se a muitas outras pessoas, de cuja generosidade eu jamais esquecerei. Neste post, contei um pouco do que é se dedicar por nove anos ao sonho de contar a história de um brasileiro maldito, goste-se ou não dele: “Caixa-preta de um biógrafo falido (debate público, confissões privadas)”.
Curador do Jabuti desde 1991, José Luiz Goldfarb fez o seguinte comentário ontem, durante a apuração dos votos dos jurados (leia aqui): a categoria biografia do prêmio está “ameaçada de extinção”.
Tem razão: nossos grandes biógrafos, como Fernando Morais, Lira Neto e Ruy Castro, já avisaram que desistirão de escrever biografias caso a legislação atual seja mantida. O Código Civil permite que o biografado ou seus parentes proíbam uma biografia não autorizada que, a seus olhos, fira a “boa fama” do personagem.
A lei confere aos descendentes de Carlos Marighella, D. Pedro I e Getúlio Vargas, os protagonistas das biografias premiadas no Jabuti, o poder de vetar a circulação dos livros. Isso não ocorreu porque o espírito público, a compreensão de que aqueles gigantes da história são patrimônio nacional, impediu-os de impor biografias chapas-brancas e censura prévia.
Muito, muitíssimo obrigado ao pessoal do Prêmio Jabuti e a tanta gente que deu tanta força à biografia que eu escrevi.