Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : agosto 2013

Pesquisa médica e histórico de mortes contradizem PM do Rio sobre gás lacrimogêneo
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Mário Magalhães

Detalhe de nota da PM/RJ exibida no “RJTV 2ª edição” de 5 de agosto

 

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Pesquisa de médicos da Harvard University, Duke University, State University of New York e outras instituições dos Estados Unidos contradiz nota oficial da Polícia Militar do Rio de Janeiro, segundo a qual inexistem registros de mortes causadas pela inalação de gás lacrimogêneo.

A PM afirmou, em nota exibida ontem pelo “RJTV 2ª edição”: “Não há na literatura policial qualquer menção à morte em decorrência da ação de gás lacrimogêneo”.

É possível que tenha havido um equívoco: quem trata com mais propriedade da causa das mortes é a literatura médica. Em todo o planeta, a polícia dispara bombas de gás _e propagandeia que elas não provocam danos graves à saúde.

A declaração da PM ocorreu a propósito da morte do ator Fernando da Silva Cândido, semanas depois de ele inalar gás lacrimogêneo na jornada de protestos de 20 de junho no Rio. Fernando tinha problemas respiratórios anteriores. Hospitalizado, gravou um depoimento (para assistir, clique no vídeo acima ou aqui).

Nos últimos anos, soube-se de mortes decorrentes do emprego policial de gás lacrimogêneo pelo menos no Bahrein, na Mauritânia e na Palestina. No Bahrein, os artefatos, arremessados de perto, também mataram pelo choque, como um projétil. A PM do Rio não precisaria ir tão longe no tempo e no espaço: em junho, uma gari de 54 anos morreu em Belém (PA) depois de ingerir gás utilizado para dispersar um ato público.

Uma colega dela contou: “Nós estávamos todos conversando lá, estávamos tranquilos. Quando aquele gás que parecia pimenta começou a arder nos olhos da gente, todo mundo passou mal, e foi aí que a Cleonice começou a tossir, tossir, sem conseguir respirar direito e chamaram uma ambulância”.

A investigação dos acadêmicos das três renomadas universidades dos EUA foi publicada em agosto de 1989 no “Journal of the American Medical Association”. Intitula-se “Tear Gas: Harassing Agent or Toxic Chemical Weapon?”. Isto é, pergunta se o gás lacrimogêneo é um instrumento para causar mal estar ou uma arma química tóxica. Clique aqui para ler o artigo (em inglês).

Só na Coreia do Sul os pesquisadores entrevistaram mais de cem pessoas, incluindo médicos e vítimas de gás lacrimogêneo. Em julho de 1987, foram usadas 351.200 bombas de gás contra manifestantes naquele país.

São citados três outros estudos e relatórios com registro de mortes devido ao CN, uma das substâncias componentes do gás que faz chorar. O CS, outro componente, foi responsável por ao menos cinco mortes (não na Coreia do Sul), embora tenha sido inalado em ambientes fechados.

A Prefeitura de Nova York informa que gás lacrimogêneo pode matar, se a pessoa ficar exposta a ele por mais de uma hora.

A “Galileu” publicou uma reportagem interessante sobre o tema.

Sem uma avaliação pericial rigorosa, é impossível saber se o gás inalado por Fernando da Silva Cândido contribuiu para sua morte.

A afirmação da nota da PM, porém, não encontra respaldo na literatura médica nem na história recente, muito pelo contrário.


Chega às ruas de Buenos Aires a pergunta que não cala: ‘¿Dónde está Amarildo?’
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Mário Magalhães

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Essas duas lindas meninas argentinas, uma delas ainda de “chupete”, como se diz em castelhano, foram ao teatro neste fim de semana em Buenos Aires. No centro da cidade, o pai delas aproveitou para manifestar apoio à campanha que busca o paradeiro de Amarildo de Souza, morador da Rocinha sumido desde o dia 14 de julho, depois de ser detido pela Polícia Militar.

Traduzido, o cartaz tem a inscrição “Onde está Amarildo? Desaparecido há 20 dias no Rio de Janeiro. Reaparição com vida já!”.

Esta última reivindicação (“aparición com vida ya” ) foi consagrada pelos movimentos de mães, pais, avós, filhos e amigos das dezenas de milhares de oposicionistas que desapareceram durante a ditadura que vigorou na Argentina de 1976 a 83.


Carlos Heitor Cony escreve: ainda a multidão em Copacabana
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Mário Magalhães

Peregrinos esperam o papa Francisco em Copacabana (28 de julho) – Foto Sebastião Moreira/EFE

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Carlos Heitor Cony recebeu carta de um leitor dizendo o seguinte:

“Praia de Copacabana. Comprimento: 4.000 metros. Largura média: 100 metros. A mídia local contagiou a mídia estrangeira, mantendo em uníssono que 3 milhões de fiéis estavam na praia, todinhos ao mesmo tempo! No sábado, 27 de julho. Sem descontar os obstáculos que diminuem a área total (palco, restaurantes, quiosques, barracas, facilidades públicas etc.), o simples cálculo é que se a densidade média de cada m² da área fosse de três pessoas por m², o total poderia chegar a 1,2 milhões.

Claro que, na prática, a densidade três só se dá perto do palco, sendo que, depois de um certo raio, o grau de densidade diminui progressivamente para até menos de um.

Um ex-pesquisador suíço com conhecimento de causa afirma que, nesse dia, teve 560.000 [pessoas], margem de 30.000 para mais ou para menos. Também disse que o recorde dos últimos 20 anos foi no Réveillon de 1999-2000, com quase 700.000.”

A íntegra da coluna dominical “Gatos-pingados” pode ser lida clicando aqui.


Para que ser Deus? ‘Para conseguir mulher’, fantasia Verissimo
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Mário Magalhães

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“Eu gostaria de ser Deus não para consertar o mundo ou melhorar a humanidade mas, confesso, para um fim menos nobre: conseguir mulher.

Posso imaginar como seria ter ao meu dispor todos os recursos de Deus para impressionar uma mulher. A começar pelo seu espanto ao saber da minha identidade. (Ela: ‘Você quer dizer Deus, Deus mesmo?! O Cara?!’ Eu: ‘É’. Ela: ‘O Todo Poderoso?!’ Eu, para mostrar, além de tudo, simplicidade: ‘Sim, mas pode me chamar de Todo’).”

Essa é abertura de “Se eu fosse Deus”, a crônica de ontem de Luis Fernando Verissimo.

Para ler a íntegra, basta clicar aqui.