Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : junho 2013

Flamengo precisa de técnico peso pesado; pelo amor de Deus, preservem Zico
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Mário Magalhães

Foto Alexandre Vidal/Fla Imagem

( Para seguir o blog no Twitter: mariomagalhaes_ )

Jorginho é um ídolo da história do Flamengo. Merece respeito. E sobriedade, na análise de sua demissão nesta madrugada, depois de menos de três meses no clube.

Primeiro, o elenco com que ele trabalhou padece de severas limitações e vinha de fracassos. Carlos Eduardo não é sombra do meia que surgiu no Grêmio. A dependência dos chutes de longe de Renato Abreu, bom jogador em fim de carreira, evidencia as carências.

Segundo, com o Maracanã e o Engenhão interditados, as duas partidas com derrota “em casa” no Campeonato Brasileiro não foram jogadas em casa coisa nenhuma.

Terceiro, não se faz balanço definitivo do trabalho de alguém, a ponto de lhe dar um pontapé no traseiro, após 14 partidas.

Quarto, na derrota de ontem para o Náutico por 1 a 0 houve o prejuízo de dois titulares ausentes, cedidos às suas seleções: Marcelo Moreno (Bolívia) e González (Chile).

Dito isso, algumas constatações.

Primeiro, para o clube de maior torcida do país, da camisa com mais faturamento publicitário, Jorginho foi uma escolha infeliz para assumir a crise. O treinador não tem experiência suficiente, ainda é verde para uma agremiação como a que o consagrou na lateral direita.

Segundo, a despeito das fragilidades, não soube aproveitar melhor os “recursos humanos” à disposição. Reiterando: não escalou juntos, de início, Moreno, Hernane e Rafinha. Quando estiveram juntos em campo, a coisa andou melhor.

Terceiro, Jorginho não soube tirar maior proveito das semanas que teve de treinamento para o Brasileiro. Ao contrário de Paulo Auturori, no Vasco, com um elenco pior do que o do Flamengo. A equipe cruz-maltina soma seis pontos no campeonato, enquanto o rubro-negro tem somente dois, sem nenhuma vitória.

Quarto, a boa atuação contra o Santos, no empate da estreia, foi ilusão de ótica: não é que o Flamengo estivesse bem. É que o Santos, com Neymar se arrastando em sua despedida, foi um simulacro do grande time de tempos atrás.

Sobre o novo técnico: a diretoria errará se pensar de novo em custo baixo, em profissionais como Joel Santana ou, pior, Renato Gaúcho. Deveria cogitar Mano e Muricy, porque eles estariam à altura do enorme desafio pela frente.

Por tudo que há de mais sagrado, preservem Zico, não convocando um deus para treinar o time.

Claro que é muito cedo, mas registro: se o Campeonato Brasileiro terminasse hoje, depois da quarta rodada (são 38!), o Flamengo seria rebaixado pela primeira vez.

Aposto que não será.


Comissão da Verdade deveria sugerir exibição de ‘Anos rebeldes’ nas escolas
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Mário Magalhães

Em “Anos rebeldes”, Thales Pan Chacon (1956-97) é Nelson, e Cláudia Abreu vive Heloísa

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A lei 12.528/2011, que instituiu a Comissão Nacional da Verdade, determina “recomendar a adoção de medidas e políticas públicas para prevenir violação de direitos humanos, assegurar sua não repetição e promover a efetiva reconciliação nacional”.

Antes de passar ao assunto principal deste arrazoado, uma observação: a “efetiva reconciliação nacional” só será possível com o fim da impunidade, julgando os autores de crimes imprescritíveis contra os direitos humanos. Alguém já imaginou a “reconciliação” na Alemanha do pós-guerra sem submeter aos tribunais chefes e funcionários graduados dos campos de concentração?

Nos termos da lei, proponho que a comissão recomende a exibição de “Anos rebeldes” nas escolas de nível médio do país. Não se trata de obrigar, mas de sugerir à União e aos Estados que distribuam cópias da minissérie às instituições públicas e privadas.  Cada estabelecimento decidiria, de modo autônomo, se a mostraria ou não nas salas de aula.

“Anos rebeldes” passou na TV Globo em 1992. Está de novo no ar de segunda a sexta-feira, das 23h10 à meia-noite, no Canal Viva. É uma obra-prima de estética televisiva, mas não é por esse motivo que o programa merece ser assistido nas escolas. E sim por ser um instrumento valioso para conhecer a história do Brasil.

O sucesso de Gilberto Braga se debruça sobre o período inaugurado com o golpe de Estado de 1964 e prossegue até o começo dos anos 1970, com o epílogo em 79, no regresso dos exilados políticos. Conta o tempo mais sangrento da ditadura.  Apresenta personagens e argumentos de partidários dos generais e foca em quem combateu o regime, de armas na mão. Como é o caso de João Alfredo (vivido por Cássio Gabus Mendes) e Heloísa (Cláudia Abreu), os dois protagonistas de fato.

A minissérie exuma a censura, a tortura, o teatro, a música, o cinema, as modas, as mortes, os governos, os opositores, os dilemas e as barras da época. Embora seja um trabalho de ficção, fundamenta-se em fatos reais. Com honestidade intelectual: há personagens que chamam a deposição do presidente constitucional João Goulart, em 1964, de “Revolução”, ecoando os militares. Mas “Anos rebeldes” não tergiversa: houve um golpe antidemocrático contra Jango.

Um dos méritos de “Anos rebeldes”, para ser levado às escolas, muitas vezes está ausente dos livros didáticos: a minissérie é cativante, dá vontade de ser vista sem parar. Ao contrário de tantos manuais escolares que convidam ao sono. O programa seria um incentivo para a leitura dos livros adotados pelos colégios, instrumentos para entender com mais profundidade a trama da TV.

De quebra, ainda ajudaria a entender as mobilizações populares de 1992 e o impeachment _legal_ do presidente Fernando Collor. Naquele ano, muitos estudantes se sentiram estimulados a ir às ruas protestar de dia, depois de assistir à minissérie à noite.

“Assegurar” a “não repetição” de violações dos direitos humanos, como prescreve a lei, talvez seja utópico. Mas para combater os crimes que permanecem _como a tortura nas delegacias, agora só contra pobres_ e se vacinar contra nova ditadura, é indispensável conhecer a história.

A cena em que Heloísa mostra ao pai empresário e financiador do aparato repressivo as marcas da tortura no corpo é um dos relatos mais comoventes sobre a violência do Estado contra os cidadãos.

Conhecer “Anos rebeldes” é conhecer o passado. E conhecer o passado contribui para evitar que o mal de outros tempos ressurja ou se torne perene.

Com a palavra, a Comissão Nacional da Verdade.


Nonsense: prefeitura permite que táxis de Salvador cobrem mais 20% para ligar o ar-condicionado
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Mário Magalhães

Adesivo no lado de dentro do para-brisa dos táxis de Salvador; o blog escondeu o número do alvará

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Em Salvador

Como sabemos todos, costumam ser altas as temperaturas na adorável cidade de Salvador.

Como sabe quem mora ou viaja para cá com frequência, há dias em que os engarrafamentos são maiores do que os do Rio ou São Paulo _essa é a impressão, embora eu desconheça estatísticas do tipo “quilômetros de congestionamento”.

O que eu ignorava até dias atrás, quando tive o prazer de regressar à Bahia, é que a Prefeitura de Salvador permite que os táxis cobrem 20% a mais pelas corridas, caso os passageiros peçam para ligar o ar-condicionado.

Já viajei muito mundo afora, e jamais ouvi falar de um nonsense como esse. Para um lugar que recebe tanta gente de fora, e vai sediar partidas da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, mais do que antipático, é insano.

Assuntando, li e ouvi falar que a medida teria sete anos ou que foi introduzida em fevereiro de 2012. O prefeito ACM Neto e o governador Jacques Wagner poderiam trocar um dedo de prosa sobre o assunto, pois é tempo de a prefeitura revogar a maluquice que revolta os turistas.

Tão doido é o expediente que ele funciona assim: se o ar já está ligado, o passageiro não precisa pagar os 20%. Se pede, o taxista tem o direito de cobrar _muitos, constrangidos e com bom senso, não cobram, por isso eu não havia sido apresentado à garfada.

Resulta que alguns taxistas espertalhões _há 171 em todas as profissões, como bem sabem os jornalistas_ rodam de vidros fechados, à espera dos incautos que supõem que o ar esteja ligado. Quando entram, os passageiros derretem na sauna e pedem para ligar o ar.

Como descobri a, para mim, novidade? Ao desembarcar no aeroporto, fui para a fila dos táxis comuns. Indaguei ao primeiro motorista se o seu carro, com vidros abertos, tinha ar. O cidadão esclareceu que sim, pelo módico acréscimo de 20%.

A surpresa foi tamanha que eu dei uma gargalhada. Perguntei quem não cobraria a taxa extorsiva, e o segundo da fila topou, levando-me honestamente até o hotel na Pituba. Uma hora e 40 minutos mais tarde, desembolsei R$ 65, o valor do taxímetro, sem mais R$ 13 pelo ar (na verdade, paguei R$ 70 e não quis troco).

No dia seguinte, pedi a um taxista para fotografar o adesivo que fica colado à direita do para-brisa. Do lado de fora, se lê “ar-condicionado”. Por dentro, o aviso sobre os pornográficos 20%.

Na foto acima, apaguei o número do alvará, para não sobrar para o taxista gente boa.


Boa sorte, garoto!
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Mário Magalhães

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Eis as primeiras páginas desta segunda-feira dos dois principais jornais esportivos da Catalunha. Logo mais, Neymar será apresentado no Camp Nou como a grande contratação do Barcelona para as próximas temporadas.

 


No Maracanã, Brasil reforça condição de um dos favoritos em 2014
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Mário Magalhães

Neymar, camisa 10, mira o futuro ontem no Maracanã – Foto Daniel Marenco/Folhapress

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O desempenho da seleção no empate de 2 a 2 contra a Inglaterra, na inauguração do novo Maracanã, reforça sua condição de um dos quatro favoritos na Copa do Mundo do ano que vem. Os outros são Espanha, Alemanha e Argentina.

Tudo bem, eu sei que a equipe visitante estava desfalcada, em clima de fim de temporada, sem nenhuma motivação especial. Mas, pelo que notei dos comentários, parece que o Brasil enfrentou ontem um timeco de várzea, e não o escrete de Hart, Lampard e Rooney.

Sobretudo no primeiro tempo, com um montão de finalizações contra um montinho, Felipão e Parreira confirmaram que a seleção pode ser muito competitiva. Um dos seus desafios principais é permitir que os volantes avancem, sem fragilizar excessivamente a defesa. Ontem, Paulinho fez um gol, e Hernanes acertou o travessão, com a bola que sobrou para Fred marcar. Trocando em miúdos, busca-se o equilíbrio.

A considerar o que o técnico afirmou, não procede meu temor de que ele tenha se entusiasmado com uma formação eventual de três volantes, Fernando, Paulinho e Hernanes.

Falta um ano para o Mundial. É tempo suficiente para tornar o time mais seguro atrás e eficiente na frente. Claro que, por mim, quem jogaria com Neymar, Oscar e Fred seria Lucas, e não Hulk, o eleito no domingo.

Porém, reitero, o Brasil chegará muito forte a 2014. Primeiro, joga em casa. Segundo, conta com um elenco muito bom. Terceiro, goste-se ou não, esteticamente, do futebol aplicado por Felipão e Parreira, ambos sabem montar times vencedores.

A Alemanha hoje assombra. O que mais impressionou no sucesso do Bayern e do Borussia na Champions é que, a despeito de alguns estrangeiros importantes, havia muitos jogadores alemães nas duas equipes. Se derem liga, sai da frente. Em 2010, não custa lembrar, os alemães se borraram diante dos espanhóis.

A Espanha dependerá de alguns fatores para obter o bi. Um é a forma atlética do veterano Xavi. Neste ano, pelo Barça, ele mostrou estar mais lento. E de acertar o sistema ofensivo até agora deficiente.

A Argentina, pelo contrário, precisa defender com competência. Porque, no papel, seu ataque é o melhor do planeta: Agüero, Higuaín, Di Maria e Messi, um dos mais geniais craques que o mundo já viu jogar.

É impossível dizer quem vai ganhar, mas o Brasil caminha para jogar de igual para igual com essas feras. Independentemente de como for na Copa das Confederações.


Ranking contra ranking: Majórica, a churrascaria da discórdia
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Mário Magalhães

No domingo passado, carnes na brasa, na Majórica, um clássico carioca

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Um glutão neófito em Rio que baixasse na cidade e buscasse uma dica certeira de boa carne, poderia se sentir zonzo ao comparar dois rankings de restaurantes publicados no fim de maio.

Os júris de “O Globo” e “Veja Rio” terçaram espetos. Para o jornal, a Majórica foi campeã _ao lado da Porcão de Ipanema_ na categoria “carnes/churrascarias”.  Entre os dez eleitores da revista, a Majórica não recebeu nem uma mera citação como melhor casa de “carne”.

A Majórica foi fundada no comecinho da década de 1960. Instalada em um casarão tombado na rua Senador Vergueiro, no bairro do Flamengo, constitui um ícone da boa comida _ou gastronomia_ carioca. Um incêndio em 2012 destruiu o estabelecimento, que foi sendo reaberto parte por parte. Obra acabada, agora incorpora mezanino e adega. Como eu não aparecia desde a Páscoa, uma eternidade, almocei lá no domingo passado, para refletir sobre a desinteligência dos rankings.

Continua tudo como dantes na rua paralela à Marquês de Abrantes: devorei, como sempre, a… melhor picanha da cidade!

E também a melhor linguiça (os gaúchos chamam de salsichão a linguiça de porco). O melhor arroz branco, molhadinho. E dispensei a melhor mousse de chocolate, aqui dita caseira (R$ 9,90, mais barata do que qualquer sobremesa de restaurante de padrão médio), para comer duas bolas de sorvete Häagen-Dazs de doce de leite.

A Majórica cultiva a tradição: o churrasco é assado na brasa, e não sobre pedras vulcânicas e outros substitutos, exigência de segurança de muitos edifícios residenciais onde algumas churrascarias se instalam no Rio.

Suas carnes são oferecidas no cardápio por peça, ao contrário do Porcão, com sistema de rodízio (espeto corrido).  O Pobre Juan, vencedor na “Veja Rio”, também opera por peça, mas na parrilha. Os três usam carvão vegetal, com procedências distintas (o do Pobre Juan evita fumaça).

Comer na Majórica sai bem mais barato do que nas churrascarias de rodízio de ponta, cujo preço por cabeça beira os R$ 100. A Picanha Especial, suficiente para dois adultos, uma adolescente e uma criança, custa R$ 93,50.

Tudo é bom na Majórica, que não tem muitas frescuras, a não ser a decoração com motivos da Espanha, país com numerosas opções na carta de vinhos. Pelo couvert com manteiga, azeitonas, ovos de codorna, molho à campanha, pães, torradas e uma linguiça cobram R$ 12,20 _no custo-benefício, não tem para ninguém.

Uma refeição com a do domingo acumulou couvert, muitíssimas linguiças, caipiríssima, refrigerantes, arroz branco, uma porção de batata-pastel (frita e “recheada” com ar), crema catalana (prima do crème brûlée francês) e sorvete. Saiu tudo pelo preço de dois rodízios do Fogo de Chão, sem contar o gasto com bebidas e sobremesas na razoável churrascaria paulista que chegou não faz muito ao Rio.

Respeito os rankings e gosto de acompanhá-los. Às vezes, permitem boas risadas. Como agora, ao me surpreender com um voto para o restaurante dito argentino Tragga como o melhor em carnes.

Localizado em Botafogo, o Tragga serve vinhos tintos quentes, inclusive no verão _imagine se um restaurante fizesse isso em Buenos Aires… O esclarecimento de um garçom: como as garrafas ficam guardadas em um espaço amplo atrás de um vidro, o ar-condicionado só dá conta, e mal, dos brancos.

O Tragga serve uma linguiça de picanha, embutido que implica alto risco. Moída ou cortada em pedacinhos, a picanha perde o sangue e a textura. Por isso, a linguiça da Tragga é tão seca e ruim. Lá, a picanha que nós comemos estava tão dura quanto a sola de uma bota de sola dura. “Não volto mais aqui”, esperneou um moleque carnívoro de seis anos. Voltaremos, tolerantes que somos, para ver como as coisas evoluíram.

Algumas dicas para quem for à Majórica:

* Deixe claro ao garçom que a picanha deve ser servida inteira, e não fatiada. Essa maldição que virou moda seca a picanha e a esfria rapidamente;

* não se empanturre com as incríveis linguiças, porque faltará apetite para a picanha;

* nos fins de semana, evite chegar depois das 12h30, porque a fila é enorme. Eis uma característica nossa, carioca, com a qual não me identifico: paciência com fila de restaurante.

No mais, bom apetite.


Manifestante solitário protesta contra Ricardo Teixeira em Boca Raton
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Mário Magalhães

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Da doce vida de Ricardo Teixeira na Flórida tomamos conhecimento pela ótima reportagem do Sérgio Rangel, que pode ser lida clicando aqui.

O ex-presidente da CBF não deve ter ganhado uma só ruga, talvez não tenha nem sabido, mas não deixa de ser interessante que um veterano da campanha “Fora, Teixeira” tenha aproveitado uma viagem aos Estados Unidos e feito um protesto solitário. Em Boca Raton, onde Teixeira ainda mora.

Uma das fotos mostra Fábio Felice com a camisa “Fora, Ricardo Teixeira” em frente ao Polo Club de Boca Raton. Cartazes foram colados num muro das redondezas.

Sei que todo mundo já falou, mas reverencio o tirocínio de Teixeira. Ele escolheu um lugar chamado Boca Raton para viver.

A seleção inaugura o Maracanã neste domingo. O antigo capo da CBF estará longe, quem sabe em Boca Raton. Aposto que não verá a partida pela internet ou pela TV, até porque nunca deu pinta de gostar de futebol.