Blog do Mario Magalhaes

Nonsense: prefeitura permite que táxis de Salvador cobrem mais 20% para ligar o ar-condicionado

Mário Magalhães

Adesivo no lado de dentro do para-brisa dos táxis de Salvador; o blog escondeu o número do alvará

( Para seguir o blog no Twitter: @mariomagalhaes_ )

Em Salvador

Como sabemos todos, costumam ser altas as temperaturas na adorável cidade de Salvador.

Como sabe quem mora ou viaja para cá com frequência, há dias em que os engarrafamentos são maiores do que os do Rio ou São Paulo _essa é a impressão, embora eu desconheça estatísticas do tipo “quilômetros de congestionamento”.

O que eu ignorava até dias atrás, quando tive o prazer de regressar à Bahia, é que a Prefeitura de Salvador permite que os táxis cobrem 20% a mais pelas corridas, caso os passageiros peçam para ligar o ar-condicionado.

Já viajei muito mundo afora, e jamais ouvi falar de um nonsense como esse. Para um lugar que recebe tanta gente de fora, e vai sediar partidas da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, mais do que antipático, é insano.

Assuntando, li e ouvi falar que a medida teria sete anos ou que foi introduzida em fevereiro de 2012. O prefeito ACM Neto e o governador Jacques Wagner poderiam trocar um dedo de prosa sobre o assunto, pois é tempo de a prefeitura revogar a maluquice que revolta os turistas.

Tão doido é o expediente que ele funciona assim: se o ar já está ligado, o passageiro não precisa pagar os 20%. Se pede, o taxista tem o direito de cobrar _muitos, constrangidos e com bom senso, não cobram, por isso eu não havia sido apresentado à garfada.

Resulta que alguns taxistas espertalhões _há 171 em todas as profissões, como bem sabem os jornalistas_ rodam de vidros fechados, à espera dos incautos que supõem que o ar esteja ligado. Quando entram, os passageiros derretem na sauna e pedem para ligar o ar.

Como descobri a, para mim, novidade? Ao desembarcar no aeroporto, fui para a fila dos táxis comuns. Indaguei ao primeiro motorista se o seu carro, com vidros abertos, tinha ar. O cidadão esclareceu que sim, pelo módico acréscimo de 20%.

A surpresa foi tamanha que eu dei uma gargalhada. Perguntei quem não cobraria a taxa extorsiva, e o segundo da fila topou, levando-me honestamente até o hotel na Pituba. Uma hora e 40 minutos mais tarde, desembolsei R$ 65, o valor do taxímetro, sem mais R$ 13 pelo ar (na verdade, paguei R$ 70 e não quis troco).

No dia seguinte, pedi a um taxista para fotografar o adesivo que fica colado à direita do para-brisa. Do lado de fora, se lê “ar-condicionado”. Por dentro, o aviso sobre os pornográficos 20%.

Na foto acima, apaguei o número do alvará, para não sobrar para o taxista gente boa.