Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : junho 2013

HISTÓRIA – A revolta do vintém
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Mário Magalhães

Ilustração publicada em “O Globo”, 22/06/2013

 

( Para seguir o blog no Twitter: @mariomagalhaes_ )

“Em primeiro de janeiro de 1880, os cariocas inauguraram, por assim dizer, uma nova modalidade de protesto na cidade: a manifestação social. O motivo era bem claro, a cobrança de uma taxa de 20 réis (ou um vintém, a menor moeda que existia na época) sobre um dos principais meios de transporte urbano de então, o bonde puxado a burros. A despeito de reclamações nos dias anteriores, no primeiro dia da vigência do novo imposto, a maioria das empresas simplesmente o repassou para a passagem, atingindo em cheio o bolso dos menos favorecidos.”

Assim começa a reportagem da colega Roberta Jansen, publicada no sábado. A íntegra pode ser lida aqui.


Final no Maracanã terá campanha ‘Recicla CBF’
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Mário Magalhães

A campanha “Recicla CBF” foi lançada sábado no Mineirão, no jogo entre México e Japão

 

Como sábado no Mineirão, o “Recicla CBF” vai se manifestar domingo, no Maracanã

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A campanha “Recicla CBF”, lançada sábado no Mineirão, no jogo entre México e Japão, será levada ao Maracanã no domingo, na final da Copa das Confederações. Os organizadores se manifestarão com faixas e camisas no estádio do Rio.

O novo movimento é animado por participantes da bem-sucedida mobilização pelo afastamento de Ricardo Teixeira da presidência da entidade.

Um deles, Fábio Felice, afirma: “Mais do que um Fora ‘Alguém’ (já foi Fora Teixeira, agora Fora Marin, e depois será Fora Del Nero, e Fora Sanchez), acreditamos que a limpeza na CBF tem que ser em todas as esferas da entidade. Já sabemos que a saída de uma pessoa em nada mudará a gestão do futebol nacional. Sai um rato entra uma raposa. Por isso que o Recicla CBF é mais que uma vontade de torcedor, é uma necessidade para todo mundo que se envolve, gosta, trabalha, vive do futebol brasileiro”.


Milton se cobre com bandeira do Brasil, veste camisa dos 20 centavos, canta que sonhos não envelhecem e é ovacionado no Rio
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Mário Magalhães

Milton no show de ontem no Rio – Foto Claudio Andrade/Fotorionews

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O show de Milton Nascimento no sábado, repleto de clássicos das décadas de 1970 e 80, pareceu uma crônica sobre o país das últimas semanas. O espetáculo faz parte da turnê que celebra os 40 anos do disco “Clube da Esquina”, de 1972. Milton compartilhou o palco do Vivo Rio com uma banda de cinco músicos e os convidados Lô Borges e Wagner Tiso.

Já no início, dando o tom da noite, o artista se cobriu com uma bandeira do Brasil. Para o bis, voltou vestido com uma camisa com a inscrição “R$ 0,20”, evocando o movimento que revogou os aumentos das passagens dos transportes públicos.

Com Lô, cantou “Clube da Esquina nº 2”, canção com a profissão de fé “sonhos não envelhecem”. Quando o público ouviu o verso “Em meio a tantos gases lacrimogêneos ficam calmos, calmos, calmos”, uma ovação sacudiu a casa de espetáculos.

Já no bis, com Wagner ao piano, Milton interpretou “Coração de estudante”. Aos 70 anos, o mineiro nascido no Rio comoveu: “Mas renova-se a esperança/ Nova aurora a cada dia/ E há que se cuidar do broto/ Pra que a vida nos dê flor e o fruto”.

Fechando a noite, todos juntos atacaram com “Para Lennon e McCartney”. Até agora ecoa nos tímpanos que “todo dia é dia de viver”.


Skorpios: nome de inferninho, rosbife de responsa
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Mário Magalhães

No mercadinho Skorpios, em Copacabana, funcionário corta rosbife

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Descaradamente inspirado na série “Poesia numa hora dessas?”, do Verissimo, inauguro no blog o serviço “Comida numa hora dessas?”.

Sim, porque antes do jogo ou do protesto inexiste contraindicação ao prazer da boa mesa ou balcão. No caso das manifestações, é aconselhável dar tempo à digestão, pois bomba de gás lacrimogêneo de sobremesa pode cair mal (aqui no Rio, os artefatos não têm sido empregados exclusivamente contra vândalos, mas atingem manifestantes alheios à provocação e à baderna).

Como quase todo mundo sabe, jamais surgirá alguém que cozinhe como a(s) nossa(s) avó(s). Nem Adrià, Atala ou Troisgros. Pois a minha, uma cabocla paraense, era mestre em quitutes oriundos de todos os cantos do país. Não experimentei galinha ao molho pardo e vatapá melhores. Sem êxito, persigo por toda a vida um rosbife à altura do feito por ela.

Minha tia, que desgraça, esqueceu-se de que carne a mãe usava _só se lembra de que não era de primeira. A tia faz um ótimo rosbife, mas não supera o da minha avó. Desconfio que não apenas pelo julgamento da memória afetiva do menino que eu fui.

Faz um tempo que conheci um rosbife de responsa em Copacabana. Compro-o no Skorpios. Ao contrário do que o nome sugere, trata-se de um mercadinho, e não de um inferninho. Fica na rua Inhangá, 30.

Fatiado na hora, o rosbife do Skorpios (R$ 45 o quilo), é tenro, e não seco como tantos da praça. É bem condimentado, mas não exagera na pimenta. Como costuma ser segredo da casa, não cometo o abuso de perguntar que carne eles usam.

Não precisa: a cada fatia do rosbife do Skorpios, lembro da minha avó e dos pratos que ela fazia como ninguém.


Quem não gosta de partido é ditadura. Hora de escolher: ou dar as mãos aos skinheads neonazistas ou abraçar a tolerância e a democracia
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Mário Magalhães

Nazifascistas brasileiros dos anos 1930, os integralistas também batiam em militantes de partidos

A mão intolerante que empunha o punhal é de um integralista

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Como observado segunda-feira na passeata dos mais de 100 mil, os protestos populares em curso constituem terreno de ferrenha disputa política entre os próprios manifestantes (leia reportagem aqui). O confronto degringolou ontem, na despedida do outono. No país inteiro, militantes portando bandeiras, estandartes e símbolos de partidos políticos, centrais sindicais, entidades estudantis e movimentos sociais foram escorraçados por uma turba intolerante.

Em São Paulo, os principais executores dessa modalidade de repressão política foram os skinheads, os “carecas” neonazistas. Botaram para correr quem vestia camisa vermelha, rasgaram bandeiras de agremiações e arrancaram faixa do movimento negro. São racistas e homofóbicos. No Rio, essa turma agride, fere e mata gays.

Na Noite dos Cristais, em 9 de novembro de 1938, a escória nazista atacou os judeus por toda a Alemanha, insuflada por Adolf Hitler. No dia 20 de junho de 2013, foi a vez de ativistas de esquerda serem o alvo, no Brasil.

Não está em debate o mérito do partido X ou Y, no governo ou na oposição, menos ou mais comportado. Nem se um sindicato representa dignamente ou não seus filiados. Ou mesmo se os imensos protestos resultam de força ou fraqueza de uma ou outra sigla _as opiniões são legítimas sobre todas essas questões. O que se discute é o direito democrático de seus integrantes participarem das manifestações.

Desde os primeiros atos do Movimento Passe Livre, duas semanas atrás, os partidos tiveram direito de estar presente. No Rio, foi assim há quatro dias. Se outros chegaram ontem, é também seu direito, porque inexiste veto dos organizadores dos protestos, onde se sabe quem são eles.

Como se disseminou um robusto sentimento antipartidos, sobretudo na classe média, os neonazistas capitalizam frustrações e comandam os ataques. É legítimo rejeitar siglas, tomar distância delas e derrotá-las nas urnas. Impedir sua expressão é mania de ditaduras.  Além de ser irônico que determinadas agremiações, cuja militância foi decisiva na construção do movimento contra o reajuste das tarifas, sejam agora reprimidas.

Não deixa de ser curioso: quem protesta contra algumas covardias policiais agride covardemente quem não concorda com suas ideias. A faixa “Meu partido é meu país” é tão legítima como a do partidinho mais mequetrefe. Todos têm direito de se manifestar.

Em 1935, o presidente Getulio Vargas colocou na ilegalidade uma frente de esquerda, a Aliança Nacional Libertadora. Com o golpe de 37, instaurando a ditadura do Estado Novo, baniu o centro, a direita e a extrema direita. Em 47, a Justiça cassou o registro do PCB, e no ano seguinte seus parlamentares, eleitos pelo voto popular, tiveram os mandatos cassados.

A ditadura implantada em 1964 aboliu os partidos do regime democrático restabelecido em 1945-46, inclusive aqueles, como UDN e PSD, que colaboraram para a deposição do presidente constitucional João Goulart, cuja base tinha entre outros o PTB e o PSB.

Durante aquele tempo de trevas, a ditadura descaracterizou o Congresso, impondo cerca de uma centena de cassações de deputados e senadores do MDB. Triturou a Frente Ampla de Jango, Carlos Lacerda e Juscelino Kubitschek.

As ditaduras, do Estado Novo à de 1964-85, mataram militantes que batalhavam pelo direito de existência e expressão de partidos. Eles são mártires da democracia e do país.

A União Nacional dos Estudantes, outro alvo da malta, teve um presidente, Honestino Guimarães, assassinado pela ditadura. A ditadura que matou e sumiu com o corpo do líder estudantil, em 1973, impedia a livre organização partidária. Trucidava quem queria se organizar.

Essa mesma ditadura sofreu uma derrota dura com a formação da CUT, em 1983. As outras centrais sindicais são igualmente legais e legítimas, simpatizemos ou não com elas. Em 1979, o operário Santo Dias foi assassinado com um tiro da polícia. É a memória de gente como ele que é insultada quando fascistoides proíbem os sindicalistas de se manifestar. Como no Rio, rasgando seus panfletos.

É impressionante que certos analistas políticos vibrem com a pancadaria contra bandeiras partidárias, mas não apresentem uma só restrição às ações neonazistas. Impressiona, mas não surpreende: eles apoiaram a ditadura, a intolerância está em seu DNA.

Condenável é partido aparelhar movimentos e protestos, impondo sua agenda particular às reivindicações coletivas. Isso é partidarismo. Mas a presença de agremiações políticas é uma tradição democrática, e muito o Brasil deve a elas. Esqueceram que na Campanha das Diretas (1984) e no Fora, Collor (92) as bandeiras tremulavam nos comícios? Nos palanques, uniam-se dirigentes de partidos para todos os gostos e muita gente que não ia com a cara deles, mas estava unida para melhorar o Brasil.

Os que aplaudem a massa reprimindo militantes, tendo na “vanguarda” neonazistas, têm partido, sim: o Partido da Intolerância, o Partido do Ódio. Já vimos esse filme.

Os provocadores que espalham a baderna, fração ultraminoritária das manifestações, não são os militantes partidários, mas os skinheads, alguns ditos punks e outros ditos anarquistas, que de anarquistas nada têm. Os militantes partidários não promoveram vandalismo, mas foram alvo deles _tomar, rasgar e queimar bandeira é ato de vândalo.

Os protestos em curso, que arrancaram bravamente a redução das tarifas dos transportes públicos, exibem algumas características novas. Uma delas é que reúnem no mesmo evento quem, em 1964, participaria da Marcha da Família, de direita, e em 1968, da passeata dos 100 Mil, dirigida pela esquerda, contra a ditadura. Daí que o ódio dos neonazistas encontre ressonância.

Quem não tem legitimidade para participar dos atos são essas facções que ontem agrediram os militantes políticos, sindicais, estudantis e sociais. São os herdeiros da Ação Integralista Brasileira, a tradução tupiniquim para o nazismo de Hitler e o fascismo de Mussolini, na década de 1930.

É legítimo amar e odiar os agredidos de ontem. Nada mais natural do que achar que um e outro são oportunistas _o que não falta no mundo é oportunista. Mas quem não gosta de partido é ditadura.


Outros outonos virão
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Mário Magalhães

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O outono se despede hoje, em meio a manifestações populares por todo o Brasil.

Tão trepidante foi o epílogo da estação que não sobrou muito tempo para vê-la fascinante como é. Incompreendida, ainda é associada à decadência, ao “outono da vida”.

Nos últimos cinco anos, Leonardo Aversa fotografou o outono do Rio. Uma pequena amostra segue abaixo. É possível ver mais aqui.

Seria injusto apontar Aversa como um dos maiores fotógrafos “apenas” de sua geração, porque ele é hoje um dos mais talentosos fotógrafos do país.

O curioso, para quem conhece seu trabalho como retratista inspirado, é conhecer as imagens de cenários cariocas.

Além de tantas perguntas, o outono de 2013 deixará saudade.


‘Anos rebeldes’: coincidências acontecem
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Mário Magalhães

A guerrilheira Heloísa, vivida por Cláudia Abreu, na minissérie “Anos rebeldes”

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Termina amanhã a reprise de “Anos rebeldes” no Canal Viva, com a tragédia da guerrilheira Heloísa, um dos personagens mais marcantes da TV brasileira. Hoje vai ao ar o penúltimo capítulo, a partir das 23h10.

Exibida originalmente em 1992, a minissérie estimulou então multidões de jovens a ocuparem as ruas do país, na campanha do Fora, Collor.

Em 2013, uma nova geração soltou o grito por um sem-número de reivindicações, a partir da luta pela revogação do aumento das tarifas dos transportes públicos.

Hoje, “Anos rebeldes”, esse soberbo programa, não tem nada a ver com a mobilização.

Coincidências acontecem.


Governantes subestimam neurônios dos cidadãos
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Mário Magalhães

“Somos a rede social”, dizia faixa na manifestação dos mais de 100 mil, segunda-feira, no Rio

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Três toques, antes de passar ao assunto principal deste post:

1)    quem não chora não mama, isto é, conquistas sociais só são obtidas indo à luta. Eis uma velha verdade que as novidades recentes consagram;

2)    é cedo para saber se a revogação dos aumentos das tarifas de transportes urbanos, vitória dos jovens que acorreram às ruas, será capaz de anestesiar ou interromper os protestos depois dos que ocorrerão hoje;

3)    com exceção dos sabichões de costume, não se dissipou a nebulosa que dificulta a interpretação do fenômeno político em curso. Um dos motivos é que as manifestações são terreno de disputa longe de se clarificar.

Ficou evidente nas duas últimas semanas que os governantes subestimam os neurônios dos cidadãos. Supõem que o mandato conferido nas urnas autoriza gestões descoladas das aspirações de quem os elegeu.

Para domar a inflação, o Planalto pediu que os aumentos fossem adiados do começo do ano para junho. Estados e municípios se curvaram. Não cogitaram que, às vésperas da Copa das Confederações, o ambiente estivesse ainda mais propício para mobilizações. Deu no que deu.

Uma das mais rematadas embromações dos últimos anos tratou da construção de estádios para a Copa do Mundo. O contrato estabelecido com a sociedade se fundamentou na promessa de que não haveria desembolso de verbas públicas. Cascata. Apostaram em memória curta, e as ruas mostraram que o Brasil não é uma confraria de tolos.

No anúncio de ontem da revogação dos aumentos no Rio e em São Paulo, os prefeitos Eduardo Paes e Fernando Haddad, mais o governador Geraldo Alckmin, chantagearam os contribuintes: terão de cortar os orçamentos. Paes afirma ignorar como cobrir a despesa extra de R$ 200 milhões do primeiro ano. Se ele julga que os cariocas são esquecidos, lembro-o que a demolição do viaduto da Perimetral, obra de prioridade controversa, consome só no trecho inicial cerca de R$ 1,2 bilhão. De fato, uma questão de prioridade entre necessidades sociais e caprichos de gestor.

O vexame supremo de ontem foi mais uma ausência de Sérgio Cabral, que deixou seu correligionário Paes sozinho na entrevista coletiva. O governador toma como abobados os moradores do Estado. Sempre que há cenários de “notícia ruim”, ele desaparece.

Talvez para evitar o constrangimento de responder: se transporte mais barato e de mais qualidade exige investimento público, como torrar só em sua administração R$ 1,2 bilhão no Maracanã, cuja reforma seria, enfatizo, feita integralmente com recursos privados?

Ou ter de explicar por que, a despeito de proclamar democrática a passeata da segunda-feira, a Polícia Militar agrediu, no domingo, manifestantes no Maracanã e na Quinta da Boa Vista.

Ou, ainda, se há gargalos orçamentários, por que seu governo não escolheu um terreno gratuito na zona portuária para erguer o novo Museu da Imagem e do Som, em vez de gastar uma fortuna para comprar a área da boate Help, na beira-mar de Copacabana.

A fuga de Cabral ao menos o privou de rivalizar com o Alckmin no paroxismo de hipocrisia desse outono: depois das covardias da PM paulista na quinta-feira passada, o governador afirmou que os policiais acompanharam a manifestação para proteger os manifestantes.

Outra indagação para Cabral: por que o metrô no Rio é mais caro do que em São Paulo? Por certo, nada a ver com o vínculo entre a primeira-dama do Estado e o escritório de advocacia que representa ou representou a empresa concessionária do metrô.

Também poderia esclarecer por que identificou “ares políticos” nos protestos, obviedade (queria ares religiosos?), se ele articulou uma caminhada em defesa dos royalties do petróleo na mesma avenida Rio Branco, meses antes.

Pensam que o povo é tonto.

Se reduzir a tarifa configura populismo, como caracterizou Haddad, como adotar a medida horas depois? Por que ele dizia que não seria possível congelar o preço das passagens e foi?

Por que o prefeito e o governador de São Paulo demoraram tanto tempo para recuar? Só há uma hipótese vigorosa: esperavam que o movimento iniciado na capital paulista arrefecesse. Ocorreu o contrário, também em virtude da pancadaria promovida pela PM.

Haddad agitou desde a campanha a promessa de fim da taxa de inspeção veicular. Agora alega dificuldades de caixa para segurar a tarifa do ônibus. Isso, sim, é populismo: ceder a quem usa carro, em vez de privilegiar o transporte coletivo.

Precisou o bloco tomar a rua para Haddad mostrar à população o escândalo que é concentrar no bolso do usuário o custo com os ônibus.

Ponto para o prefeito paulistano, porque o do Rio foi incapaz de jogar luz na caixa-preta das empresas de ônibus, que seguem alheias ao escrutínio público. Talvez desconfie que os cariocas não reparem que a omissão indica promiscuidade.

Isso tudo sem falar em São Gonçalo, logo depois de Niterói, onde o prefeito prometeu tarifas a R$ 1,50, e elas saem por R$ 2,80.

Há eleição no ano que vem. Haddad prejudicou Dilma. Alckmin, a si mesmo. Cabral e Paes, a Pezão. Será que também acharam que o movimento daria em nada, em termos eleitorais? Haja soberba.

Mais rápido, o governador Eduardo Campos anunciou o congelamento das tarifas nas grandes cidades pernambucanas, administradas por aliados seus. Esperto. Se dava para cobrar menos, por que haviam reajustado os valores?

Para concorrer com essa turma, talvez só o jornalismo. No auge dos protestos, um “analista” informou que a luta contra a inflação era uma das mais destacadas nas ruas. Pois eu fui às ruas e posso dizer que a “informação” não tem lastro na realidade. O “analista” fazia política. Talvez por achar, como tantos governantes, que os cidadãos são parvos.

 


A Copa ganha as ruas
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Mário Magalhães

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Compartilho algumas fotos que eu fiz segunda-feira, na passeata dos mais de 100 mil (desculpem a falta de foco).

(Salvo engano, o Brasil joga hoje contra o México pela Copa das Confederações… É isso mesmo?)


Balzaquianas
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Mário Magalhães

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Na passeata dos mais de 100 mil, as atrizes Leandra Leal e Georgiana Góes representaram uma nova geração de artistas, sucedendo a nomes consagrados que o Rio se habituou a ver em protestos populares. O curioso é que as duas, balzaquianas, também contrastaram com a esmagadora maioria dos manifestantes, que eram adolescentes ou recém-entrados na vida adulta.

Leandra Leal e Georgiana Góes, na passeata dos mais de 100 mil