Guto Ferreira: machista e obtuso
Mário Magalhães
O pedido de desculpas do técnico Guto Ferreira pelo coice pronunciado depois da vitória do Inter contra o Luverdense merece ser saudado.
Mas não impede algumas reflexões sobre o que vai na cachola do técnico.
Indagado pela repórter Kelly Costa a respeito de erros em finalizações, ele respondeu desqualificando a entrevistadora:
O pedido de desculpas não foi contido, e sim _parabéns_ explícito:
Sua reação original contém um raciocínio escancarado e outro bandeiroso.
O bandeiroso tem a ver com o fato de a jornalista ser mulher. Por isso, ela eventualmente não teria jogado e supostamente saberia menos de futebol.
O escancarado supõe que só pode entender de pressão em jogador quem foi boleiro.
Tal visão é contraditória com a exigência contemporânea de apoio psicológico a muitíssimos jogadores, justamente pela pressão que eles sofrem na atividade competitiva profissional. A maioria dos psicólogos esportivos no futebol não competiu profissionalmente.
Mais grave é imaginar que o capítulo como jogador é imprescindível na biografia de quem entende de futebol.
Também para trabalhar como técnico?
Carlos Alberto Parreira, técnico da seleção campeã em 1994, não foi jogador.
Nem Cláudio Coutinho, o artífice do time do Flamengo que, treinado por Paulo César Carpegiani, conquistou o Mundial Interclubes em 1981.
Idem Paulo Autuori, duas vezes campeão da Libertadores.
Ou Oswaldo de Oliveira, que levou o Corinthians ao título mundial.
Os técnicos que mais me encantaram e encantam foram boleiros, e dos bons: Telê Santana e Pep Guardiola.
O que não significa que ter estado em campo seja condição para sacar de futebol.
Assim como um cracaço pode resultar em mau técnico.
Quem entregaria o seu time para o Pelé treinar?
Pernas de pau, como Arsène Wenger e José Mourinho, se saíram tremendos técnicos.
Que eu saiba, o Guto Ferreira não jogou, ao menos como profissional.
Se jogou, pouca gente teve conhecimento.
Só por isso não poderia fazer o que faz, porque ''de repente não jogou''?