O segredo por trás da provocação de Ricardo Teixeira
Mário Magalhães
Ángel María Villar, presidente da Real Federação Espanhola de Futebol e vice da Fifa, foi em cana hoje. As autoridades da Espanha o acusam de afanar dinheiro público. Villar foi amigão de Ricardo Teixeira nos imbroglios intestinos da Fifa.
Mais amigo ainda do brasileiro é Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona preso em maio por alegada lavagem de dinheiro. O cartola repassou ao menos R$ 23,8 milhões a Teixeira e parentes do ex-chefão da CBF.
Enquanto a casa cai na Europa, Ricardo Teixeira segue bem fagueiro por aqui.
E olha que há notícia de ordem de prisão contra ele, em virtude de negócios e negociatas com Rosell em torno da seleção brasileira. A confirmar.
Mas a ordem teria sido emitida na Espanha, é claro.
No Brasil, a vida do antigo genro de João Havelange continua sem maiores abalos.
No fim do mês passado, numa entrevista exemplar, o repórter Sérgio Rangel indagou a Teixeira sobre eventual delação premiada dele nos Estados Unidos.
O dirigente aposentado negou a dita colaboração e emendou de bate-pronto: ''Tem lugar mais seguro que o Brasil? Qual é o lugar? Vou fugir de quê, se aqui não sou acusado de nada? Você sabe que tudo de que me acusam no exterior não é crime no Brasil. Não estou dizendo se fiz ou não''.
A frase ''tem lugar mais seguro que o Brasil?'' constitui lição mais contundente do que uma coleção de estudos sobre impunidade.
A afirmativa, de tão acintosa, equivale a provocação.
Para provocar, é preciso ter convicção de que não corre perigo.
E até agora _até agora_ Teixeira não correu mesmo.
Qual o seu segredo para aprontar e provocar sem que nada lhe aconteça no Brasil?
Adoraria saber qual é o cobertor misterioso que esquenta as suas costas.