Temer radicaliza e encarna personagem da piada do afogado no rio Guaíba
Mário Magalhães
Michel Temer acaba de se pronunciar sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República, que o acusa do crime de corrupção passiva.
A despeito da voz rouca, tentou falar grosso, radicalizou.
Condenou o ''ataque injurioso, indigno, infamante à minha [dele] dignidade pessoal''.
Buscou ridicularizar Joesley Batista, o empresário recebido pelo presidente na calada da noite no Jaburu. ''Senhor grampeador'', cercado de ''capangas'', assim seria o sócio do conglomerado J&F. Até um boné usado por Joesley, seu antigo amigo, Temer ironizou.
No momento mais patético da declaração, Temer resumiu uma era: ''Não sei como Deus me colocou aqui''.
Ele sabe que não foi Deus, muito pelo contrário.
Temer lembra uma piada em que o personagem é gaúcho, mas poderia ter nascido em qualquer lugar.
O personagem, metido a valente, caiu do barco no rio Guaíba e começou a se afogar.
Não sabia nadar, e ninguém o viu se debatendo na água.
Antes do derradeiro suspiro, o valente de meia-tigela ameaçou: ''Te cuida, Guaíba, senão te bebo todo!''
Michel Temer acabou como personagem de anedota na grande tragédia brasileira.