Sócio da Friboi, Joesley se gaba por comer menos comida industrializada
Mário Magalhães
Já era conhecida, na conversa mafiosa entre Michel Temer e Joesley Batista, a passagem sobre a dieta do empresário.
Mas ao ler hoje o trecho transcrito voltei a rir. As patifarias no Brasil às vezes são mais Molière do que Shakespeare _ou mais Dercy Gonçalves, como disse um médico chamado Mauricio.
Eis o diálogo, iniciado por Temer, nos termos do laudo do Instituto Nacional de Criminalística:
''Mas você tá bem de corpo, não é Joesley?''
''Tô bem. Deixa eu pegar (ininteligível)''.
Joesley conta que faz reeducação alimentar:
''Emagreci, tô bem''.
''Você emagreceu'', adula Temer.
''Emagreci.''
''Preciso fazer isso'', diz o marido de Marcela.
''É, eu … eu tô me alimentando bem'', prossegue o marido de Ticiana. ''Comendo mais saudável. Mas não é comendo pouco não. Tô comendo bastante. Mas coisa mais saudável''.
Temer: ''Entendi''.
Joesley: ''Menos, menos doce. Menos industrializado''.
O grotesco não é Joesley reduzir o consumo de comida industrializada. Ele é um dos donos das indústrias que produzem alimentos com as marcas Friboi, Vigor, Itambé, Leco, Seara, Faixa Azul, Maturatta.
Assim como fabricante de algemas não é obrigado a ser praticante de sexo sadomasô.
O risível é Joesley Batista se gabar por se sentir melhor ao evitar produtos que ele e seus sócios tentam vender para cada vez mais gente.