Blog do Mario Magalhaes

Frustração com Rogério Ceni é proporcional à expectativa que ele despertou

Mário Magalhães

Rogério Ceni negou que a eliminação em casa para os argentinos seja um vexame

Rogério Ceni: quanto maior a aposta, maior a frustração – Foto Ronny Santos/Folhapress

 

Por maior que seja a frustração dos amantes do futebol e a fúria de numerosos são-paulinos, é muito cedo para saber se o técnico Rogério Ceni chegará ou não a ser grande como foi o goleiro Rogério Ceni.

O primeiro passo para avançar no novo desafio seria deixar de ser tão turrão e negar que é noite quando o céu se ilumina de estrelas _isto é, recusar o óbvio.

O treinador iniciante disse que não considerou vexame a eliminação do São Paulo na Copa Sul-Americana, no empate de 1 a 1 com o clube argentino Defensa Y Justicia, que nunca disputara uma partida oficial no exterior.

Noutras palavras, sustentou que é noite quando o sol está a pino.

Tenho visto alguns jogos do São Paulo. O time, que entusiasmara no começo do ano, passou a oscilar demais. Há pouco, atuou mal contra o Corinthians no Morumbi, mas jogou bem diante do Cruzeiro no Mineirão.

Ontem, em casa, viveu seu Waterloo. Os jogadores erraram muito. Com mais de duas semanas para treinar, o Rogério parece ter piorado a equipe.

A frustração e a fúria com ele são proporcionais à arriscadíssima decisão de contratá-lo como técnico sem experiência na função. E à expectativa que o ex-jogador despertou.

O neófito é cobrado como se fosse veterano.

Pode dar certo? Pode, a despeito dos reveses recentes, quando o São Paulo só não foi eliminado de campeonatos de pelada de rua porque não participou deles.

O Zagallo, quando deixou de jogar, foi treinar o juvenil do Botafogo.

O Guardiola passou uma temporada no Barcelona B antes de assumir o time de cima.

O Zé Ricardo, que vem crescendo junto com o Flamengo, ralou anos e anos em divisões de base.

E por aí vai.

O Rogério foi uma aposta altíssima.

Se derrotada a aposta, quanto maior ela for, maior o tombo.

Reitero: ainda é possível a volta por cima? Sim.

Mas, se o Rogério não reconhecer o simulacro de equipe que montou, será difícil.

Torço por ele.

No Morumbi, caiu do céu uma gota salgada. Era uma lágrima do Telê.

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