Blog do Mario Magalhaes

O melhor e o pior do Flamengo na grande noite no Maracanã

Mário Magalhães

Guerrero, o melhor no Maracanã, mesmo se não tivesse marcado – Foto Ricardo Moraes/Reuters

 

Nosso sentimento de culpa atávico, histórico e cultural, às vezes constrange o júbilo com a lembrança de infortúnios e incertezas.

Danem-se infortúnios e incertezas: o Flamengo tem muito a comemorar ao vencer por 3 a 1 a Universidad Catolica e tangenciar a vaga nas oitavas de final da Libertadores.

Não é por celebrar a grande noite que se vai vacilar na partida seguinte.

O melhor no Maracanã, irmão de alma do rubro-negro, foi o estado de espírito do time.

Nos momentos bons e maus, manteve a ambição do triunfo. Não se deprimiu, deixou para lá, acomodou-se. Honrou a combatividade da torcida presente.

''Estamos jogando em casa!'', proclamou o capitão Réver aos companheiros, na volta do intervalo.

É o estado de espírito de quem não se satisfaz em participar, que quer mais. Sem isso se fica no caminho.

Outro assombro foi o onipresente Guerrero. O peruano infernizou a zaga visitante. Mesmo se não tivesse marcado o seu gol, teria sido com folga o melhor.

A parelha de volantes Márcio Araújo-Willian Arão foi muito bem, sobretudo o primeiro.

O Flamengo ganhou todos os pontos disputados no Rio.

E perdeu todos fora, embora tenha jogado bem.

Na derradeira rodada da fase de grupos, para não depender de ninguém, terá de arrancar ao menos um empate em Buenos Aires.

Se o Atlético-PR não bater a Catolica no Chile, o clube carioca poderá até perder para o San Lorenzo (sim, todo mundo já sabe que é o time do papa…).

O problema é que, ainda que não seja o favorito, o Furacão tem futebol para somar três pontos.

Por isso a situação do Flamengo não é tão tranquila como parece a alguns.

O contexto recomenda reconhecer as fragilidades _o pior_ reiteradas ontem.

Mancuello, como armador, e Gabriel, atacante pela direita, esforçaram-se, mas sem êxito.

Foram muito bem substituídos pelo Zé Ricardo, que, apesar do bom trabalho,  demonstra paciência excessiva com Gabriel.

Réver e Rafael Vaz permitiram que Santiago Silva marcasse. O centroavante pesado e lerdo já havia anotado no confronto anterior. Levar dois gols de Silva é dose.

A equipe terminou com duas dobradinhas de laterais, à direita e à esquerda. Quatro laterais em campo. Funcionou, em especial com o Rodinei atropelando _de canhota, ele abriu o placar. Mas é óbvio que se trata de improviso. Que expõe fragilidades do elenco, bom, mas não tanto quanto alguns pretendem. Há muitos contundidos, a começar pelo maestro Diego. Mas a recuperação lenta de outros lesionados não é novidade: Ederson começou o ano convalescendo e Conca chegou sem condições.

A essa altura, não adianta lamentar o Gatorade derramado. O bom, para daqui a duas semanas, é que Diego deve estar de volta.

O Flamengo tem amplas chances de se classificar.

Mas não pode dar mole.

Uma boa inspiração? Os melhores momentos de ontem no Maracanã.

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