Greve geral: para brasileiro ver
Mário Magalhães
Um dos maiores cineastas em atividade, Ken Loach dirigiu o filme que conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2016.
''Eu, Daniel Blake'' é classificado como drama nas resenhas de cinema. Tragédia, no conceito clássico do teatro, faria mais sentido.
O filme conta a história de um carpinteiro britânico que sofreu um infarto, teve de se afastar do trabalho e pena para superar os constrangimentos legais que dificultam a concessão de benefício público para quem está incapacitado para o serviço ou procura e não encontra emprego.
O Estado lhe nega auxílio por motivo de saúde, embora parecer médico ateste que a cardiopatia não permite trabalhar.
É um confronto assimétrico, entre o poder público e o cidadão só.
Em contraste com a covardia que sofre, Daniel não permite que o ressentimento o impeça de ajudar quem precisa ainda mais do que ele.
O final? Final feliz é ilusão de telenovela.
Como cantou o poeta sobralense, a vida ao vivo é muito pior.
Infortúnios como o do personagem interpretado por Dave Johns são muito mais comuns num país desigual e egoísta como o Brasil.
''Eu, Daniel Blake'' canta a bola do que pode se tornar a vida de quem vai perdendo direitos sociais ou sendo impedido de se socorrer deles.
Um filme para este 28 de abril de 2017.
(P.S.: pelo menos até ontem, ''Eu, Daniel Blake'' podia ser visto no Now, por R$ 11,90).