Blog do Mario Magalhaes

Por que Marine Le Pen é de extrema direita e Jair Bolsonaro não é?

Mário Magalhães

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Marine Le Pen, candidata de extrema direita à Presidência da França – Jean-Philippe Ksiazek/ AFP

 

Há mistérios insondáveis, ou quase, no jornalismo brasileiro.

A candidata da Frente Nacional à Presidência da França, Marine Le Pen, costuma ser apresentada pelo noticiário como representante da extrema direita.

A classificação é correta.

Mas o deputado Jair Bolsonaro raramente é descrito como prócer da extrema direita nacional, embora suas ideias e ações mantenham parentesco com as do partido da eurodeputada.

A senhora Le Pen tem crises de urticária ao ouvir falar em imigrantes.

Bolsonaro afirmou que os refugiados que desembarcam no Brasil são ''a escória do mundo''.

A Frente Nacional constitui o microfone mais potente do ódio em seu país.

Bolsonaro disse que Fernando Henrique Cardoso ''deveria ser fuzilado''. E que Dilma Rousseff deveria deixar a Presidência ''infartada, com câncer ou de qualquer maneira''.

Marine Le Pen assumiu o comando da sua agremiação como herança do pai, de quem se afastou. Jean-Marie Le Pen saudou o ebola como vírus capaz de conter a superpopulação.

Bolsonaro proclamou que, no poder, começaria ''matando 30 mil''. Jactou-se: ''Eu sou favorável à tortura''.

Jean-Marie Le Pen sentenciou, entre numerosas manifestações de racismo: na Segunda Guerra, as câmaras de gás não passaram de ''detalhe da história''.

Bolsonaro contou que visitou uma comunidade de quilombolas. Lá, ''o afrodescendente mais leve pesava sete arrobas''; ''nem para procriador ele serve mais''.

O que o deputado brasileiro precisa fazer e dizer para ser qualificado, como Marine Le Pen, como de extrema direita?

Em tempo: é verdade que filha e pai se distanciaram na França, o que não impediu Jean-Marie de emprestar 6 milhões de euros para a campanha de Marine.

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