Blog do Mario Magalhaes

Ação contra cartolagem da CBDA é motivo para comemoração, não de lamento

Mário Magalhães

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Coaracy Nunes Filho, ex-presidente da CBDA: em cana – Foto Patricia Stavis/Folhapress

 

A prisão de Coaracy Nunes Filho provocou reações estarrecedoras de alguns nadadores e técnicos brasileiros.

Eles trataram como má ou constrangedora a notícia da ação da Polícia Federal contra alegadas falcatruas na Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.

Além do famigerado Coaracy, ex-presidente da entidade, outros três dirigentes foram em cana.

Golpe no esporte não é a investigação do que se suspeita ser desvio de dinheiro público.

E sim o que a apuração aponta como bandalheira na confederação comandada por quase três décadas pelo cartola renitente.

O que queima a imagem do esporte não é a busca por transparência de gestão e pela punição de quem comete crime.

Mas a permanência de esquemas em que recursos dos cidadãos não são empregados integralmente no esporte, pois trombadinhas os embolsam.

Se é isso o que ocorre de fato na CBDA é a Justiça quem dirá.

Mas a aversão às luzes, preferindo as patifarias das sombras, não ajuda o esporte.

Foi curioso assistir a numerosos jornalistas avacalhando atletas por não saudarem a ação policial.

Porque poucos figurões dos esportes olímpicos foram tão bajulados pelo jornalismo quanto Coaracy Nunes.

O jeito bonachão conquistava fácil quem preferia a adulação cotidiana a fiscalizar a entidade que recebe dezenas de milhões dos contribuintes.

O jornalismo em geral não tem do que falar dos nadadores. Até fanfarronice de Coaracy, como mergulho em piscina, foi aclamada como típica da dita irreverência do vivaldino.

Nomes? A questão é de valores, comportamento, ideias.

A prova de que não se pode generalizar as observações acima são vozes de indignação e decência no mundo esportivo, como a de Joanna Maranhão.

E de espírito crítico no jornalismo esportivo, como as de Juca Kfouri e Lúcio de Castro.

Faltam mais Joannas, Jucas e Lúcios no esporte e no jornalismo brasileiros.

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