A lição do Fla-Flu e o que o Flamengo fará com ela na Libertadores
Mário Magalhães
O Flamengo tem mais time que o Fluminense.
Porque tem melhores elenco e conjunto.
Ontem, também porque o tricolor carecia do Scarpa, que faria falta em qualquer clube brasileiro.
Mas deu a equipe do Abel na final da Taça Guanabara.
Não no tempo regulamentar, 3 a 3.
Os 4 a 2 nos pênaltis decidiram.
É bom que o rubro-negro entenda direitinho o que aconteceu no estádio Nilton Santos, para não reeditar o erro depois de amanhã, contra o San Lorenzo, na estreia pela Libertadores.
A derrota na final teve origem no fato que o Conselheiro Acácio proclamaria com ares de sabichão: do outro lado havia um adversário, 11 jogadores e ambição de vencer.
A constatação, embora evidente, pareceu despercebida pelo Flamengo no primeiro tempo. Só não viu quem não quis o menosprezo ao velho antagonista.
O primeiro gol, do Wellington Silva, foi um contra-ataque perfeito, porém facilitado. Quando o time do Zé Ricardo avançou para uma cobrança de falta pela esquerda, não se precaveu com atenção atrás. O Diego chutou na barreira, e o Trauco fez o que não podia, tentar um passe rasteiro onde o campo estava tomado de defensores _eles recuperaram a bola, e o Wellington arrancou em disparada à frente.
O gol do Lucas, 3 a 2 para o Flu ainda antes do intervalo, consagrou outro contra-ataque. Esse foi defensivamente mais bisonho, pois nem os dois zagueiros do Fla estavam perto do lateral que marcou. Não à toa o Pará deu uma tremenda bronca.
A rapidez assombrosa do ataque tricolor não foi acaso, mas caso pensado. O Abel estudou o rival, planejou, treinou e se deu bem.
A sorte do Flamengo foi que o Guerrero esteve em grande tarde. Participou de dois gols e marcou um. Só não foi perfeito porque fez um pênalti.
Atrás do placar, o Flamengo regressou estranho no segundo tempo. Até a parada técnica, pelos 20 minutos, não criara perigo.
Alcançou o empate na falta cobrada pelo Guerrero. Poderia ter anotado o quarto se o Berrío, fominha, tivesse passado uma bola para o Réver.
A maior preocupação que fica do domingo é o despreparo para contra-ataques. Na origem do problema esteve a atitude presunçosa. Diante de um time do Abel, o risco é sempre alto (o Fluminense mereceu o título).
A segunda é a incapacidade de impor ritmo forte quando necessário (o abafa no finzinho não apaga o que aconteceu antes, no segundo tempo).
Uma terceira, menor, é com o Muralha. Ele cometeu um equívoco primário ao defender com as mãos bola atrasada por companheiro. Noutro lance, saiu mal do gol. E nas cinco cobranças do Fluminense (uma durante a partida, quatro na série derradeira) aparentou mau preparo. Será que conhecia o histórico dos tricolores, como eles costumam bater? Os adversários não pareceram intimidados com o Muralha no gol, ao contrário do que ocorreu com o Rafael Vaz _preocupado com uma defesa que o Júlio César fizera, o zagueiro buscou o limite do canto direito, exagerou e chutou fora.
O Flamengo tem tudo para chegar forte à Libertadores.
Se não menosprezar adversário, as chances aumentarão.