O silêncio de Pezão, Paes e velhos aliados sobre a roubalheira de Cabral
Mário Magalhães
No mesmo dia em que a Operação Eficiência revelou mais roubalheiras do ex-governador Sérgio Cabral, seu sucessor Luiz Fernando Pezão voltou a fugir do assunto: o que ele pensa de ter sido vice, candidato apadrinhado e parceiro de gestão de quem é apontado pelo Ministério Público como chefe de organização criminosa que saqueou os cofres públicos do Estado do Rio?
Por que manteve até a semana passada Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador, como secretário da pasta que tocou a reconstrução do Maracanã, na qual Sérgio Cabral teria embolsado propina de R$ 60 milhões?
Por que, diante da vastidão de provas contra Cabral, o Estado ainda não tomou providências para recuperar a dinheirama que, conforme os procuradores da República, o antigo governador roubou?
É óbvio que direito de defesa precisa ser assegurado a todos, como foi até a genocidas nazistas levados a tribunal que os condenou à morte.
Tribunais de contas, a não ser que o atual governador esteja excessivamente desinformado, têm integrantes mencionados em delações na Lava Jato como beneficiários de propinas _inclusive no Rio. O que não significa que a corrupção seja generalizada nesses órgãos. Mas que certas decisões são consideradas suspeitas e estão sendo escrutinadas pela Política Federal.
Pezão age como se o pronunciamento sobre seu chapa Sérgio Cabral fosse uma decisão de cunho exclusivamente pessoal. Não é. Como administrador público, o governador tem obrigação de se manifestar sem evasivas sobre os danos ao Estado. Por que Pezão cala?
O mesmo raciocínio vale para o ex-prefeito Eduardo Paes, que alcançou o posto depois de ter sido bancado no PMDB por Cabral.
E o vice-governador, Francisco Dornelles, o que pensa?
Idem velhos aliados de Sérgio Cabral, desde os seus tempos de PSDB até os amigos do PT. A palavra está com Lula e Aécio.
É relevante ouvir opiniões também em relação à outra ponta da bandalheira, a dos corruptores: o que Dilma, Serra, Marina, Cristovam, Gabeira e o sem-número de políticos que receberam contribuições eleitorais de Eike Batista têm a dizer sobre a ordem de prisão do empresário que, concluiu a investigação, corrompia Sérgio Cabral?
É silêncio demais para tanto barulho.
O primeiro a quebrá-lo deveria ser Pezão.
P.S.: talvez a história venha a esclarecer se alguns silêncios decorrem de medo de possível ''delação premiada'' de Sérgio Cabral.