Crivella insinuou falcatrua de adversário agora cotado para ser secretário
Mário Magalhães
No discurso da vitória, domingo em Bangu, Marcelo Crivella (PRB) cercou-se de aliados. Alguns estavam com o prefeito eleito do Rio desde o primeiro turno, como a deputada Clarissa Garotinho (PR), que não costumava ser vista na campanha. Outros se tornaram parceiros no mata-mata derradeiro, como o candidato Carlos Roberto Osório (PSDB), eliminado na rodada inicial.
Um dos mais alegres na comemoração era o deputado Indio da Costa (PSD), que no começo de outubro colheu 9% dos votos válidos. No confronto final contra Marcelo Freixo (PSOL), Indio aderiu à campanha de Crivella, pediu voto na TV, empenhou-se. É cotado para integrar o secretariado do novo prefeito.
Se Crivella nomeá-lo, prestigiará um político contra quem semanas atrás fez insinuação de conduta imprópria como secretário municipal. Em um debate na Band, Crivella fustigou: ''Indio, na época em que você estava na administração pública havia uma musiquinha no Rio de Janeiro que dizia o seguinte: ''Ê, ê, ê, ê, ê, Indio quer merenda, se não der pau vai comer''. Cantou-a com a melodia da célebre marchinha ''Índio quer apito'' (para assistir ao ataque de Crivella, basta clicar na imagem no alto ou aqui).
O senador se referia a uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal que em 2006 investigou supostas irregularidades nos contratos de fornecimento de merenda para escolas mantidas pela prefeitura. A CPI da Merenda escrutinou contratos no valor de R$ 80 milhões celebrados quando Indio era o secretário de Administração. O relatório da CPI apontou ''omissão dos gestores da licitação''. Indio negou irregularidades. O inquérito foi arquivado.
Mesmo sem acusação do Ministério Público contra Indio da Costa, Crivella usou o caso da merenda para insinuar comportamento impróprio de Indio.
No mesmo debate, Crivella disse que o então oponente ''não leva em consideração o meu projeto de ajudar as famílias a terminarem suas casas porque ele mora na Vieira Souto [de frente para o mar de Ipanema]''.
A iniciativa do confronto virulento não foi de Crivella, que se defendeu atacando. Foi de Indio, que disparou frases como esta: ''Eu não sei quem quebraria a prefeitura primeiro: o bispo Crivella […] ou o Pedro Paulo [PMDB]''.
E falou ao eleitor: ''Se você não quer a Igreja Universal, com seus dogmas, mandando na escola do seu filho […]'', ''mandando em hospital público […]''.
Agora, Indio pode acabar secretário de Crivella.