6ª-feira e domingo: Rio terá dois atos pela descriminalização do aborto
Mário Magalhães
As autoridades do Estado do Rio informaram horas atrás que um corpo encontrado carbonizado é mesmo de Jandira Magdalena dos Santos Cruz, 27. Ela estava desaparecida desde quando se dirigia a uma ''clínica'' clandestina carioca para fazer um aborto.
No fim de semana, Elizângela Barbosa, 32, havia morrido em Niterói, provavelmente de complicações decorrentes de uma interrupção de gravidez em outra ''clínica'' clandestina.
Jandira e Elizângela se juntam às estatísticas sinistras de mulheres que, sem recursos para abortar nos estabelecimentos seguros e caros a que recorrem as madames, morrem porque o sistema público de saúde não as acolhe. Interromper voluntariamente a gravidez é ilegal no Brasil.
Na prática, o aborto é amplamente praticado. Mas quem tem dinheiro e recebe atendimento médico qualificado não corre os riscos imensos das mulheres mais pobres.
Domingo, 28 de setembro, é o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta Pela Legalização do Aborto.
Também no Brasil haverá manifestações em muitas cidades pela descriminalização.
No Rio, duas: uma na sexta-feira e outra no domingo.
A da sexta (26 de setembro) será na Cinelândia, a partir das 17h. É organizada pela Frente Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto. Seu mote é ''Somos todas Jandira! Somos todas Elizângela! Legalizar o aborto pela vida das mulheres!''. Para saber mais sobre o protesto, basta clicar aqui.
O ato do domingo (28 de setembro) começa às 14h, na praia de Copacabana (posto 6). A convocação afirma que ''o aborto é a quinta maior causa de morte materna no Brasil. A cada dois dias, uma brasileira (na maioria das vezes pobre e negra) morre por aborto inseguro. Por isso nesse dia vamos sair às ruas exigir o aborto legal, seguro e gratuito!''. Mais informações aqui.
Não custa registrar que a questão não é ser contra ou a favor do aborto em si. E sim defender ou recusar o direito ao aborto em condições dignas.
Esse direito é garantido com segurança às mulheres abonadas. As pobres, vetadas pela rede de saúde pública, sofrem e morrem.
O tamanho da nossa tragédia: Dilma, Marina e Aécio se pronunciam contra a legalização do aborto, em evidente covardia contra as mulheres mais pobres.