Horário das mortes enfraquece versão de que tiros não foram ouvidos
Mário Magalhães
(Para acompanhar o blog no Twitter: mariomagalhaes_ )
Todos os funcionários de Paulo César Farias que estavam do lado de fora da casa onde o ex-tesoureiro de Fernando Collor e Suzana Marcolino morreram, em junho de 1996, afirmam que não ouviram o barulho dos disparos. Um vigia que depôs como testemunha no julgamento em curso reafirmou o relato. É a mesma versão dos quatro seguranças, todos policiais militares, acusados de co-autoria por duplo homicídio.
A alegação é a mesma: o foguetório das festas juninas impediu que fossem ouvidos o ruído dos dois tiros.
Perícia feita na investigação, utilizando o mesmo revólver calibre 38 que causara as mortes, mostrou que o barulho seria perfeitamente audível. Os jornalistas que acompanharam a perícia também escutaram.
Os funcionários reiteraram que o foguetório teria impedido a audição dos disparos.
As mortes, contudo, não ocorreram na noite do sábado, 22 de junho de 1996. E sim na madrugada ou manhã do domingo, 23.
Um exame feito em seguida aos óbitos examinou a presença de alimentos no estômago de PC e Suzana. A autora do exame foi a médica Maria Tereza Pacheco, doutora pela Universidade de Paris e então diretora do Departamento de Polícia Técnica da Bahia.
Conclusão do seu laudo: PC (levou um tiro) morreu entre a 1 hora e as 2 horas da madrugada. Suzana (outro tiro), entre as 5 horas e as 7 horas da manhã.
Nesse horário, a barulheira dos fogos é bem menor, residual ou quase inexistente, afirmam moradores de Maceió. Os seguranças de PC asseguram que não ouviram nada.