Quando Antonio Candido e Carlos Lacerda eram jovens críticos literários
Mário Magalhães
Em dezembro de 1944, o crítico literário Afonso Arinos de Mello Franco escreveu no diário carioca ''O Jornal'':
''Entre os mais jovens críticos que estão trabalhando _e somente a estes me venho referindo, deixando de aludir a outros que se afastaram, como Roberto Alvim Correia ou Barreto Filho_ os mais importantes são, a meu ver, Antonio Candido, em São Paulo, e no Rio Carlos Lacerda e Moacir Werneck de Castro. São três rapazes de esquerda, mas de uma esquerda tal como hoje pode ser compreendida: decididamente partidária da liberdade de pensamento, antitotalitária e nacional, tomado este último adjetivo no sentido que lhe dei na minha anterior conferência''.
Afonso Arinos tinha 39 anos.
Lacerda, meu próximo biografado, 30.
Moacir, 29.
Antonio Candido, que tinha 26, despediu-se hoje, aos 98. Dos quatro, é o último a partir. Foi o crítico mais brilhante.
Grandes personagens de uma época então de sombras, mas de muitas esperanças.
Na foto acima, nos anos 1940, Lacerda é o terceiro da esquerda para a direita. Antonio Candido, o sexto.
Mais tarde, os dois se afastariam na política, e cada um tomaria o seu rumo.