Blog do Mario Magalhaes

Triste 2015 no Rio: fim de linha do Flu, demagogia no Fla e agonia do Vasco
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Mário Magalhães

blog - palmeiras fernando prass

Fernando Prass defende pênalti cobrado por Gustavo Scarpa – Foto Julia Chequer/Folhapress

 

Se há algo que os amantes do futebol podem celebrar, no embate entre o vitorioso Palmeiras e o derrotado Fluminense pela Copa do Brasil, é que a bola premiou quem atacou, foi para cima, sem se entrincheirar atrás.

Na semana passada, no Rio, o tricolor abriu dois gols enquanto se propôs a sufocar o visitante. No segundo tempo, recuou e permitiu ao alviverde marcar (em pênalti inexistente, mas poderia ter sido em outro lance).

Ontem à noite, em São Paulo, os papéis se inverteram. O Palmeiras avançou e anotou dois. Repetiu o erro do Flu no Maracanã, ao abandonar a ambição ofensiva e assistir à reação oponente, até sofrer o gol.

2 a 1 nas duas partidas, o bravo Palmeiras classificado nos pênaltis para a final contra o favorito Santos.

O retrato da mudança de postura da equipe de Eduardo Baptista no começo dos jogos foi que, no de ida, Cavalieri saía tocando a bola. No de volta, abusou dos chutões, até mudar a atitude na segunda etapa, mantendo a pelota nos pés dos companheiros.

O Flu, guerreiro, está eliminado da Copa do Brasil. No Campeonato Brasileiro, cumpre tabela. Nas contas, pode até cair, mas não cairá. Ano medíocre, sem catástrofe. A saída da Unimed enfraqueceu o clube, porém o dia do juízo final não chegou.

O Flamengo já havia sido abatido na Copa do Brasil. Tem chance de conquistar uma vaga na Libertadores, via Brasileiro, mas só otimistas patológicos ainda acreditam.

Em momentos horríveis, o time foi pior do que o elenco. Noutros, como nos seis triunfos consecutivos com Oswaldo de Oliveira, melhor. No balanço sincero da história, a má gestão de recursos humanos foi determinante para o desempenho sofrível. Mesmo sem dinheiro sobrando, era possível ter contratado jogadores de nível mais alto.

A diretoria acaba de punir cinco boleiros que participaram de uma festa. Até onde eu sei, em horário de folga. Os candidatos à eleição no clube disputam para ver quem fala mais grosso com os jogadores.

O que está em curso não é só moralismo. Chama-se oportunismo. É muito mais fácil avacalhar os festeiros do que reconhecer os enganos na montagem do elenco, responsabilidade de integrantes de mais de uma chapa na disputa eleitoral.

Erro é contratar cabeça-de-bagre, atleta bichado ou quem não quer nada com a Hora do Brasil. Na folga, é direito de cada um fazer o que bem entender.

O problema não é o Paulinho, se foi o caso, farrear fora do trabalho. Mas contratá-lo ou mantê-lo em campo a despeito da performance ruim.

Marcelo Cirino tem de ser barrado por critérios futebolísticos, não pela agenda social.

Quer ver como a punição é demagogia, voltada para a torcida e, sobretudo, aos eleitores rubro-negros? Alguém acha que o time campeão nacional em 2009 só tinha candidato a genro e à vida monástica? O centroavante era o Adriano… Algum cartola de hoje sugeriria multas e ganchos naquela época?

Outro exemplo: interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, numa investigação de anos atrás sobre tráfico de drogas, grampearam conversas entre jogadores de certo clube. A turma combinava surubas, cujos detalhes zoológicos eu deixo para lá. A história vazou, a cartolagem soube. Cresceu para cima da rapaziada? Não, porque o time ganhava.

O que pegava num craque decadente não era virar a madrugada e se apresentar detonado, mas pontualmente, no Ninho do Urubu. E sim que ele era um fiasco em campo, e nunca foi devidamente cobrado. Se não há indulgência com a bola murcha, ou o jogador acerta o relógio ou é afastado.

A cultura do chinelinho não decorre de não interferência na folga do time, mas de tolerância com quem engana nos estádios e não se aplica em treino. Quando a exigência desportiva é rigorosa e profissional, o jogador sabe que não dá para ficar sem dormir antes de treinar.

O Flamengo foi tirado da Copa do Brasil pelo Vasco, que também acabou no meio do caminho.

Se o Brasileiro findasse hoje, os cruzmaltinos estariam rebaixados. A culpa principal é do anacronismo na administração do clube.

Ela contribuiu para a ilusão de que o elenco suficiente, sabe-se como, para o Campeonato Estadual estaria à altura do Brasileiro. Não estava, e improvisaram contratações. A de Nenê deu certo, e o meia está sendo decisivo para manter, em plena agonia, a esperança de escapar da degola. Outro acerto tardio foi ter Jorginho e Zinho na comissão técnica.

O ano triste para os clubes do Rio tem uma compensação, o regresso do Botafogo à primeirona. Mas não dá para considerar uma façanha, porque o alvinegro na segunda divisão deprime, ao menos para quem considera que o seu lugar inarredável é entre os grandes.

Se não houver mudança nos clubes cariocas (inclusive no Botafogo, que tem de montar time mais forte), 2016 será outro ano complicado.

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O fim da utopia de morrer de prazer: sexo não mata, conclui pesquisa
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Mário Magalhães

Pintura erótica em parede de bordel de Pompeia, na Itália – Reprodução Wikipedia

 

Amig@s, adeus à fantasia: se alguém imagina morrer de prazer no aniversário de cem anos, pode procurar outro sonho.

Morrer de prazer mesmo, prazer-prazer, fornicando.

Aquela glória póstuma, da vizinhança perguntando aos netos: ''Morreu de quê?''

''Na cama.''

''Ainda bem, dormindo…''

''Não, transando!''

Quer herança mais generosa do que essa, @ bisnet@ se vangloriando d@ bisav@ que se manteve na luta até o êxtase derradeiro? ''@ velh@ teve um ataque do coração, não descansava…''

Porém, a ciência esclarece, é quase certo que não vai rolar, com cem, 50, 30 ou 20 anos, com coração em forma ou não.

Eis a boa notícia: sexo é mesmo vida, como diz a propaganda na TV, pois ninguém ou quase ninguém morre na hora da saliência.

Essa é a conclusão da pesquisa “Atividade sexual e pacientes cardíacos: uma perspectiva contemporânea”, veiculada pela revista médica “Canadian Journal of Cardiology”.

Seus autores são investigadores das universidades federais do Rio de Janeiro, Cláudio Gil Araújo e Aline Sardinha, e do Rio Grande do Sul, Ricardo Stein. A pesquisa rendeu reportagem de Ana Lucia Azevedo, ''Risco de morte durante sexo é quase nulo'' (leia aqui).

É muito raro alguém morrer namorando porque a energia consumida, mesmo no orgasmo, chega no máximo, ao contrário do que parece, à de uma caminhada em passo rápido.

''O gasto energético do sexo é baixíssimo'', disse o médico Araújo à repórter. ''Em qualquer relação, a etapa mais intensa, o ápice da penetração, não dura muito mais do que cinco minutos. Em geral, menos. E o orgasmo, que é o clímax, leva em média de dez a 30 segundos. Isso é muito pouco tempo para matar alguém''.

Aquelas histórias de que todo mundo já ouviu falar, de quem bateu as botas feliz, com os olhinhos revirados enquanto gozava e agonizava de prazer, não são necessariamente cascatas. Mas é dificílimo acontecer.

Divirtam-se!

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Há 50 anos, golpe dentro do golpe acabou com eleição direta para presidente
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Mário Magalhães

blog - evandro teixeira 1964

Forte de Copacabana, tomado pelos golpistas em 1º de abril de 1964 – Foto Evandro Teixeira

 

A historiografia nacional, com o concurso do jornalismo, costuma se referir ao Ato Institucional nº 5 como ''o golpe dentro do golpe''.

Isto é, depois do golpe de Estado de 1º de abril de 1964, o AI-5 seria ''o outro golpe''. Eliminou direitos como o habeas corpus, revigorou a repressão política e garroteou as liberdades.

Ocorre que o AI-5, de 13 de dezembro de 1968, não foi o único golpe que tornou a ditadura mais antidemocrática.

Em julho de 1964, o mandato do marechal Castello Branco no Planalto foi prorrogado (acabaria em 1966, passou para 1967).

No Pacote de Abril de 1977, o Congresso foi fechado e fabricaram os senadores biônicos (sem voto popular).

Nos dois casos, houve golpes, mas talvez não com a dimensão do AI-5.

Mas o Ato Institucional 2, que hoje completa meio século, foi sem dúvida um tremendo golpe dentro do golpe.

No dia 27 de outubro de 1965, a ditadura baixou-o, extinguindo os partidos políticos existentes e terminando com a eleição direta para a Presidência.

Uma das justificativas dos golpistas de 1964 (da boca para fora) havia sido garantir as eleições presidenciais previstas para 1965 _diretas, como determinado pela Constituição em vigor.

O primeiro ditador, Castello, completaria o mandato do presidente constitucional derrubado, João Goulart.

De início, o mandato do marechal foi expandido. Logo, cinquenta anos atrás, fulminaram com as diretas, que só voltariam em 1989 (enquanto isso o presidente foi escolhido por um minúsculo ''colégio eleitoral'').

Em 1966, o Congresso ''elegeu'' outro marechal, Costa e Silva, presidente da República _o povo ficou de fora.

Entre os ministros que assinaram o AI-2 com o ditador Castello Branco estavam Juracy Magalhães (Justiça) e Eduardo Gomes (Aeronáutica).

Ambos haviam sido próceres da UDN, um dos partidos liquidados em 1965.

De pregadores da democracia a porta-vozes da ditadura: tudo é história.

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Fumaça em vagão interrompe viagem do metrô no Rio
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Mário Magalhães

Link permanente da imagem incorporada

Estação Largo do Machado, na manhã desta terça-feira – Foto do blogueiro

 

Pelas dez e meia da manhã de hoje, a viagem de uma composição do metrô do Rio, rumo à estação Uruguai, foi interrompida no Largo do Machado por causa da fumaça retratada na foto acima.

O Metrô informou que houve escapamento de gás neon, decorrente de pane no ar condicionado do primeiro carro.

Os passageiros desceram para a plataforma, sem pânico.

Depois de alguns minutos, retornaram, e a viagem continuou, com o vagão da frente sem ar e ainda tomado pelo fumacê.

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Zico fica fora da eleição da Fifa: ótimo para ele, péssimo para o futebol
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Mário Magalhães

Zico, a Fifa não te merece – Foto reprodução

 

Sem reunir o apoio mínimo de cinco federações nacionais de futebol, o Zico anunciou que está fora da disputa pela presidência da Fifa.

Na prática, o técnico do Goa foi barrado pelas regras excludentes e antidemocráticas da entidade.

Como disse o craque supremo, ''a forma atual da eleição da Fifa realmente não favorece a mudança. Basta ver que os nomes que estão aí para esta eleição dificilmente poderão realmente falar em mudança''.

O Zico talvez não saiba, mas se trata de ótima notícia para ele. Permanecerá longe do ambiente mafioso da cúpula da cartolagem.

Cidadão íntegro, o Zico não terá de conviver com gangsteres que jamais lhe permitiriam governar a Fifa como ele gostaria.

Para o futebol, o cartão vermelho para o Zico é péssimo. Ele representava a esperança de tornar digna a entidade hoje desmoralizada.

Não esquenta, Zico. Como já escrevi aqui, a Fifa não te merece.

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Rejeitar ideias de Simone de Beauvoir é do jogo. Perigo é queimar livros
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Mário Magalhães

Até hoje a francesa amedronta muito marmanjo

 

Que muita gente tem medo das ideias de Simone de Beauvoir (1908-1986) não é novidade.

''O segundo sexo'', livro que apareceu no Enem, é de meados do século passado.

''Ninguém nasce mulher, torna-se mulher'' desde então é assertiva que incomoda certas almas e cacholas.

Seria superestimar o século 21 supor que o mundo interpretado no pós-guerra tivesse ficado para trás.

O atraso nem sempre passa. É mais persistente que pulga em alguns cachorros.

Tem um papo atrasado que não está nem para o século 20, e sim para os tempos medievais.

É legítima qualquer opinião sobre a francesa, cada cabeça uma sentença.

E engraçado saber que antes do exame do fim de semana muitos marmanjos, com ares de sabichão, nunca haviam ouvido falar na escritora, filósofa e militante (um radialista criticou há pouco no Rio a questão sobre feminismo e igualdade de gênero porque Simone de Beauvoir ''não é popular''). Dá-lhe, Google!

O problema maior são as veleidades de censor, a proposta, escancarada ou envergonhada, de eliminar da história Simone de Beauvoir, seu pensamento e suas ações.

A tal da maldição do silêncio. Porque, se personagem e tema não podem cair no Enem, é porque não podem ser estudados.

Acontece que foram _e são_ relevantes para a história. ''Às favas com os escrúpulos de consciência'', disse um coronel liberticida.

O que fazer com os livros de Simone? Não duvido que pinte deputado propondo queimá-los na fogueira (já não duvido de nada). Ou incorporá-los ao Index.

Haja ignorância, haja intolerância, haja vulgaridade!

Como disse certa feita um camponês pernambucano, abram alas e deixem passar a Idade Média.

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Rastros de ódio
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Mário Magalhães

Não é apenas a demonstração de ódio documentada pelo repórter Bruno Torturra neste sábado, em seguida a uma sabatina jornalística com o prefeito Fernando Haddad, o que impressiona no episódio.

Assombra, claro, o parentesco com a hidrofobia do integralismo, a turma nazifascista brasileira, da década de 1930.

Assusta a agressividade de quem parece supor que só a agressão contra quem pensa diferente legitima as ideias de quem agride.

Divergir do ex-senador Eduardo Suplicy, não simpatizar com ele e suas teses, é do jogo democrático.

No entanto, o surto agressivo contra Suplicy em São Paulo foi manifestação de raiva, vômito de intransigência, obra das sombras.

Tudo isso impressiona.

Também impressiona quem justifica e minimiza acessos de cólera como o de ontem.

Gente que condena e logo acrescenta ''mas'', ''porém'', ''contudo''.

Como se houvesse razão, e não desrazão, no horror da intolerância mórbida.

Quem justifica e minimiza, de algum modo, aceita.

E quem aceita é cúmplice.

Exagero? Dê uma olhada no vídeo, clicando na imagem do alto ou neste link.

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Janio de Freitas: ‘A democracia arrombada’
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Mário Magalhães

Janio de Freitas, em 2012, no programa “Roda Viva'' – Foto reprodução

 

Por Janio de Freitas, na ''Folha'' deste domingo:

*

A democracia arrombada

Crise, crise mesmo —não os quaisquer embaraços que os jornalistas brasileiros logo chamam de crises— desde o fim da ditadura tivemos apenas a que encerrou o governo Collor. Direta ao objetivo, exposta como se nua, escandalosa e inutilmente previsível, começou e se encerrou em cinco meses e dias. Estava reafirmado, provava-se vivo e são, o mau caráter histórico do Brasil.

Mas, aos quatro anos, a Constituição resistiu e respondeu aos safanões, não muitos nem tão graves. Não se deu o mesmo com a crise em que fiz minha estreia como jornalista profissional. Aos oito anos em 1954, a primeira Constituição democrática do Brasil, em quase 450 anos de história, não pôde sequer esperar que um golpe militar e um revólver matassem Getúlio. As tantas transgressões que sofreu desde a posse do Getúlio eleito já eram o esfacelamento da Constituição democrática, com o desregramento político, legal, ético e jornalístico da disputa de poder que ensandecia o país.

O Brasil deixara de ser democracia bem antes do golpe que o revólver de Getúlio deixou inconcluído como ação, não como objetivo. Reduzido o regime de constituição democrática a mera farsa, em poucos meses seguiram-se o impedimento do vice de Getúlio, a derrubada do terceiro na linha de sucessão, que era o presidente da Câmara, e a entrega da presidência ao quarto até a posse do novo presidente eleito. Estes foram golpes militares do lado até então perdedor, antecipando-se aos golpes que o lacerdismo e seus subsidiários prepararam, com os militares de sempre, para impedir a posse do eleito Juscelino.

Em termos políticos, a vigência da Constituição democrática foi restaurada por Juscelino. Lacerda, seus seguidores e aliados fizeram mais para derrubá-lo, e por longos cinco anos, do que haviam feito contra Getúlio. Dois levantes de militares ultralacerdistas (o primeiro delatado ao governo pelo próprio Lacerda, temeroso de represália). Mas os desmandos administrativos, ainda que acompanhados de grandes realizações, corromperam a vigência plena da Constituição.

A Constituição que Jânio Quadros encontra é desacreditada, e por isso frágil. Seus princípios são democráticos, mas, dada a sua fraqueza, o regime não é de democracia de fato. Um incentivo a aventuras inconstitucionais, portanto. Primeiro, a que se frustrou na indiferença ante a renúncia presidencial. Depois, o levante militar contra a posse do vice. Não foi a Constituição democrática que impediu a guerra civil entre seus violadores e seus defensores. Foi um acordo que nem por ser sensato deixava ele próprio de segui-la.

O Brasil do período em que se deu o governo Jango está por ser contado. As liberdades vicejaram, o que deu certos ares de regime constitucional democrático. Mas os desregramentos de todos os lados e o golpismo tanto negaram a constitucionalidade como a democracia. As eleições para o Congresso estavam viciadas por dinheiro norte-americano e brasileiro, grande parte do Congresso seguia ordens de um tal Ibad, que era uma agência da CIA, a agitação governista e oposicionista criava um ambiente caótico e imprevisível mesmo no dia a dia. As liberdades não bastavam para configurar uma democracia, propriamente, por insuficiência generalizada do pressuposto democrático.

Passados os 21 anos de serviço ostensivo dos militares brasileiros aos interesses estratégicos e econômicos dos Estados Unidos, a Constituição de 1988 apenas embasou e aprimorou a democratização instituída com a volta do poder aos seus destinatários por definição e direito –os civis, em tese, os agentes de civilização. De lá até há pouco, o que houve no governo Collor foi como um mal-estar. Não afetou as instituições e sua prioridade democrática.

Não se pode dizer o mesmo do Brasil atual. Há dez meses o país está ingovernável. À parte ser promissor ou não o plano econômico do governo, o Legislativo não permite sua aplicação. E não porque tenha uma alternativa preferida, o que seria admissível. São propósitos torpes que movem sua ação corrosiva, entre o golpismo sem pejo de aliar-se à imoralidade e os interesses grupais, de ordem material, dos chantagistas. Até o obrigatório exame dos vetos presidenciais é relegado, como evidência a mais dos propósitos ilegais que dominam o Congresso. A Câmara em particular, infestada, além do mais, por uma praga que associa a criminalidade material à criminalidade institucional do golpe.

A ingovernabilidade e, sinal a considerar-se, o pronunciamento político contra a figura presidencial, pelo comandante do Exército da Região Sul, são claros: se ainda temos regime constitucional, já não estamos sob legítimo Estado de Direito. A democracia institucional desaparece. Como indicado no percurso histórico, sempre que assim ocorreu e não foi contido em tempo, o rombo alargou-se. E devorou-nos, com nossa teimosa e incipiente democracia.

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40 anos hoje: celebrar memória de Herzog é exigir punição de seus matadores
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Mário Magalhães

Enforcamento foi fraude: mataram Herzog na tortura

 

Há 40 anos, em 25 de outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado nas dependências do Destacamento de Operações de Informações do I Exército.

Mataram-no na tortura. Em seguida, forjaram um suicídio por enforcamento.

Justiça e a União, reiteradamente, já reconheceram que agentes públicos tiraram a vida de Herzog.

Só recusam a verdade viúvas da ditadura e saudosistas da Gestapo.

Até hoje nenhum matador de Herzog foi julgado.

A impunidade de quatro décadas continua fermentando a impunidade de hoje.

No século XXI, brasileiros são mortos por agentes do Estado em sessões de tortura e outras modalidades de execução extrajudicial.

A impunidade dos homicidas do passado estimula a perpetuação da barbárie.

Ainda é tempo de levar aos tribunais e condenar quem matou Vladimir Herzog.

Para honrar sua memória, por um futuro mais luminoso para o Brasil.

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Por que o Corinthians venceu o Flamengo? Dá uma olhada nas escalações…
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Mário Magalhães

Paulinho: fica difícil, né? – Foto ESPN/Getty

 

É possível falar muitas coisas sobre a vitória do Corinthians contra o Flamengo.

Que o placar poderia ter sido mais largo que o 1 a 0, pois o rubro-negro não criou, e o alvinegro desperdiçou chances.

Que o Jorge, dono de técnica acima da média, precisa de fortalecimento físico para estar à altura das exigências do futebol de alta competição. O jovem lateral-esquerdo não ganha uma corrida, mesmo de quem sai atrás. Hoje vacilou aos 47 minutos do primeiro tempo, voltando devagar quase parando para recompor a defesa visitante. Deixou o Vagner Love livre para marcar (o capitão Wallace, corretamente, tinha ido cobrir um buraco).

Mesmo sem opções mais promissoras, não dá para escalar o Paulinho. Há muitas partidas ele não acerta uma. Não é, desculpe lá, jogador para o clube mais popular do país.

Guerrero, sim, é. A bola só chega quadrada, quando chega, e o cara não desiste de lutar. Apanha feito cachorro magro, mas persiste. Um bravo.

Mas a síntese da tarde, mais importante que qualquer outro comentário, é a desigualdade entre os elencos.

Compare-se o meio.

De um lado, sobrando, Ralph, Elias, Jadson e Renato Augusto.

Do outro, deprê, Jonas, Márcio Araújo, Alan Patrick e Everton (ou Paulinho).

Cobrar o que do Oswaldo, além de detalhes?

Porque o fundamental é o abismo na qualidade dos jogadores. O resto é mesmo detalhe.

Para o Flamengo, a Libertadores já era.

O Corinthians, merecido, é o virtual campeão brasileiro. Parabéns, Tite.

Cada um colhe o que plantou, ao montar as equipes de 2015.

Tomara que 2016 seja mais generoso com o Flamengo.

Depende, sobretudo, de quem manda na Gávea.

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