Blog do Mario Magalhaes

Patrimônio público, Parque Lage cobra R$ 100 por aula experimental
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Mário Magalhães

Escola de Artes Visuais do Parque Lage – Foto Ricardo Borges/Folhapress

 

Uma família que pretendia inscrever o filho na turma de sete a nove anos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, aqui no Rio, tentou levar o moleque para uma aula experimental.

Como informa o site da instituição, a mensalidade do curso Arte no Parque é de R$ 355, mais taxa de material de R$ 20.

Por duas horas de aula a cada sábado.

Salgado, ainda mais para uma instituição que é patrimônio público, bem do Estado do Rio de Janeiro, vinculada à Secretaria Estadual de Cultura, que entregou sua gestão a uma OS (''organização social'') chamada Oca Lage.

No final das contas, o Estado permite interditar a escola às crianças mais pobres, ou dificultar o acesso delas.

Como a família que procurou o Parque Lage é remediada, topou desembolsar os R$ 375 mensais.

Só pediu que o menino pudesse assistir antes a uma aula, por motivos óbvios.

Por telefone, uma funcionária informou que tudo bem, mas seria preciso pagar R$ 100. Se o garoto resolvesse ficar, o valor seria descontado da primeira mensalidade.

E se não quiser ficar? A escola não devolve os R$ 100.

Se uma instituição privada procede assim, já é um abuso.

No caso de patrimônio dos cidadãos, ainda que tocado por uma dita OS, trata-se de escândalo.

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage é quarentona. A arte brasileira têm uma baita dívida de gratidão com ela.

Li que está em crise, com reuniões marcadas para ver se retoma o bom caminho.

Sugiro começar pelo fim dos R$ 100 pela aula experimental das crianças.

A cobrança parece joia de clube e colégio de granfino.

A privatização do Estado deveria ter limites.

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Ban Ki-moon fala no 8 de Março. Mas, vem cá: quando mulher dirigirá a ONU?
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Mário Magalhães

Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU – Foto Bertrand Guay/AFP

 

Em artigo publicado hoje na ''Folha'', por ocasião do Dia Internacional da Mulher, Ban Ki-moon dá uma série de toques legais (leia aqui).

O secretário-geral da ONU trata de desigualdade de gênero, uma das tragédias do planeta obscenamente desigual.

Achei uma ou outra coisa estranha, como citar Confúcio. Aprendi com sul-coreanas, conterrâneas de Ban Ki-moon, que o confucionismo relega as mulheres à segunda ou terceira divisão da existência. É verdade que outras religiões também. Deixa pra lá.

A maior estranheza é antiga, cresce ano a ano, a cada vez que um dirigente das Nações Unidas se pronuncia no 8 de Março: por quanto tempo a pregação sobre os direitos e as lutas das mulheres será feita por homem?

Ban Ki-moon é o oitavo secretário-geral da ONU. Entre seus predecessores houve africano (dois), sul-americano (um), europeu (três) e outro asiático. Todos homens.

Enquanto o posto máximo da ONU permanecer interditado às mulheres, os discursos de todo 8 de Março serão temperados por hipocrisia.

Não que os homens, é evidente, não possam e não devam se juntar às mulheres nas batalhas contra a desigualdade.

É que, nas Nações Unidas, parecemos ouvir: faça o que eu digo, mas não o que eu faço.

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Aquecendo para assumir o Planalto: Cunha permanece na linha sucessória
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Mário Magalhães

Ele mesmo, Eduardo Cunha – Foto Ueslei Marcelino/Reuters

 

Tamanho o barulho da ''condução coercitiva'' de Lula pela Polícia Federal, teve pouca repercussão a decisão do STF de transformar Eduardo Cunha em réu de processo da Lava Jato.

Só que o deputado continua presidindo a Câmara.

Se a Justiça Eleitoral cassar a chapa Dilma Rousseff – Michel Temer de 2014, o correntista Cunha assume a Presidência da República.

Se for em 2016, por 90 dias, até a realização de novas eleições diretas.

A partir de 2017, o Congresso escolheria os novos governantes.

Isso mesmo: o Congresso de Cunha, Renan Calheiros e Paulinho da Força pode proclamar o presidente da República, como no colégio eleitoral da ditadura.

Que tal Eduardo Cunha de chefe do Executivo?

No caso de impeachment de Dilma, o missivista Temer seria o presidente.

Presidente sem um mísero voto popular para o cargo.

Impeachment e cassação de chapa implicam derrubar a governante eleita pela maioria dos cidadãos.

Ela faz um péssimo mandato? Sim, mas o voto dos brasileiros é soberano.

Inexiste prova de que Dilma Rousseff tenha cometido crime.

Na democracia, presidente se elege no voto.

2018 está aí para isso.

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Vem aí, em outubro, a maior derrota eleitoral da história do PT
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Mário Magalhães

A presidente Dilma Rousseff – Foto Eraldo Peres/AP

 

Esta é daquelas previsões da família das que os videntes fazem na TV na virada do ano: um artista famoso vai morrer, um avião cairá, o Messi marcará um golaço…

Ou seja, não tem como errar.

Ei-la: o Partido dos Trabalhadores sofrerá em outubro a mais acachapante derrota eleitoral da sua história.

Em número de votos, vereadores eleitos e prefeituras conquistadas, o desempenho será melhor do que na década de 1980, nos primórdios do partido. Mas a comparação é imprópria, pois três décadas atrás o PT era eleitoralmente raquítico.

Considerando pleitos anteriores, haverá um desastre para o PT. Do ponto de vista político, o revés terá proporções inéditas.

Há muitos motivos, mas nenhum supera o desastroso segundo governo de Dilma Rousseff. A presidente engavetou o programa com que se elegeu. Toca uma administração caótica que sacrifica os mais pobres, aqueles que a sufragaram. Durante 12 anos, os governos do PT serviram para melhorar a vida da maioria dos brasileiros. Isso mudou.

O segundo motivo são as suspeitas de participação ou bênção de petistas na roubalheira investigada pela Operação Lava Jato. Em alguns casos, com provas eloquentes, há mais que suspeição.

Nem o discurso de Lula na sexta-feira, vitaminando a militância que parecia moribunda, evitará o insucesso na eleição municipal, embora seja fator relevante na atual conjuntura.

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Grotesco e perigoso: em pleno 2016, vivandeiras querem intervenção militar
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Mário Magalhães

Verbete no dicionário "Houaiss"

Verbete do dicionário “Houaiss''

 

O mundo gira, a lusitana roda, e as vivandeiras continuam na ativa. Pelo menos no Brasil.

Eu as supunhas extintas, como contei no ano passado, em post reproduzido abaixo.

Agora, elas chegaram ao jornalismo. Ou melhor, regressaram, décadas mais tarde.

Como no século XX, ninguém diz que quer intervenção militar para rasgar a Constituição.

As vivandeiras falam em proteger a ordem constitucional. Mas, cá entre nós, pode chamar de golpismo.

A essa altura do século 21, as vivandeiras são grotescas.

Podem ser também perigosas.

*

Tudo é história: vivandeiras

(Publicado no blog em 14 de outubro de 2015)

Um bom método para avaliar se o Brasil melhorou ou piorou, e levantar um pouco o astral, é catar palavras que caíram em desuso.

Muitos jovens nunca ouviram falar em “anjinhos''. Não que eles não mais existam. Mas é cada vez mais difícil encontrá-los, graças à decadência da mortalidade infantil.

Anjinhos são bebês ou crianças mortos. Quase sempre por doenças associadas à desnutrição, ou à fome, para falar em bom português. Eram comuns nos cenários nordestinos.

Quantos brasileiros sem cabelos brancos sabem o que é “empastelamento''?

Houve uma época, no trepidante século XX, em que as autoridades empastelavam jornais. Isto é, fechavam na marra publicações que não acolhiam as ideias do poder.

E “vivandeira'', alguém ainda liga o nome à pessoa?

Na origem, como ensina o verbete do “Houaiss'' reproduzido no alto, era a “mulher que acompanha uma tropa, vendendo ou levando mantimentos e bebidas''.

Mais tarde, ganhou outra conotação, a de quem incentiva a desinteligência entre militares. E atiça a sua intervenção ilegal e ilegítima na ordem constitucional, derrubando e promovendo governos.

As vivandeiras grassaram no país da década de 1920 à de 1980.

Eu as supunha extintas, como a varíola.

Lembrei-me delas por causa do assanhamento de um pessoal que anda provocando as Forças Armadas a fazerem o que, salve, salve, elas têm reiterado que não farão. Quer dizer, não pretendem estuprar a democracia.

Para frustração das, como é mesmo?… vivandeiras.

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O erro de Moro
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Mário Magalhães

apapapapap

O juiz Sérgio Moro – Foto Paulo Whitaker/Reuters

 

Desde o início a Lava Jato considera o óbvio, que o apoio da opinião pública influencia os propósitos da operação.

Para convencer a opinião pública, o endosso dos meios de comunicação costuma ser decisivo.

Tudo ia muito bem, no olhar dos protagonistas da Lava Jato, até a ''condução coercitiva'' do ex-presidente Lula para depor na sexta-feira. Para muita gente, o palavrão entre aspas foi interpretado como prisão sumária.

Muitos juristas e cidadãos, inclusive alguns sem simpatia por Lula, consideraram ação autoritária e arbitrária levar na marra para uma delegacia da Polícia Federal quem já havia se disposto a depor sem ser conduzido sob vara.

Uma coisa é combater a corrupção e investigar gatunos, outra é abusar do poder.

Se havia alguma dúvida sobre a imagem que ficou do aparato de policiais armados na porta do prédio de Lula em São Bernardo _não em Paris_, o juiz Sérgio Moro mostrou que entendeu o que se passara.

No sábado, dia raro para juiz de direito divulgar nota, ainda mais se manifestando sobre autos de processo ou inquérito, Moro buscou ''esclarecer'' por que determinara a ''condução coercitiva''.

Pela primeira vez, não transmitiu força, e sim fragilidade.

Moro ofereceu ao ex-presidente uma, como hoje se diz, narrativa em que Lula aparece como perseguido.

Se é ou não, eis um bom debate.

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Um bom conselho
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Mário Magalhães

akakaklllll

 

O conselho, como mostra a reprodução acima, é do jornalista Alon Feuerwerker.

Tenho pensado nele por dois motivos em especial.

O primeiro, é evidente, a conflagração política em curso.

O segundo, o mergulho no passado para escrever meu novo livro, sobre Carlos Lacerda (1914-1977).

Lacerda, João Goulart e Juscelino Kubitschek trocaram por muito tempo as ofensas mais duras e os insultos mais cruéis.

O primeiro tentou impedir a posse de JK na Presidência e foi o grande arauto da deposição de Jango.

Nada que impedisse os três de se unir, em 1966 e 1967, na Frente Ampla contra a ditadura.

Só que muitos dos seus correligionários jamais reataram amizades rompidas por causa dos entreveros políticos.

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O erro de Guardiola
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Mário Magalhães

blog - bronca guardiola

Técnico dá bronca pública em Kimmich – Foto reprodução

 

Assim que terminou o jogo de sábado entre Borussia Dortmund e Bayern de Munique, empate em zero bom para o time de Guardiola, o técnico caminhou apoplético até o meio do campo.

Diante de milhares de espectadores ainda no estádio, e de milhões que assistiam pela TV mundo afora, Pep Guardiola deu uma senhora bronca no zagueiro (improvisado) Joshua Kimmich (veja vídeo aqui).

Gritava e gesticulava, aparentemente apontando erros de posicionamento do jogador de 21 anos.

Às vezes, parecendo se dar conta da maluquice, abraçava o volante de origem.

Mais tarde, o treinador explicou que adora o rapaz, que ele vai longe.

Não apagou seu erro: Guardiola submeteu o boleiro a uma espécie de humilhação pública. E olha que o jovem jogou bem.

Jogadores não aceitam esse tipo de exposição provocada por técnicos extravagantes, ainda que geniais.

Tremenda bola fora do grande Guardiola.

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