Blog do Mario Magalhaes

Um recado na parede do Museu de Arte do Rio
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Mário Magalhães

aaaaaaaaaaaaaaamarforatemer

 

O Museu de Arte do Rio, na praça Mauá, está com uma bela exposição da obra de Wlademir Dias-Pino.

O poeta e artista gráfico concretista tem 89 anos. Para saber mais sobre a mostra, basta clicar aqui.

No espírito dos poemas concretos, o MAR oferece palavras, sílabas e letras impressas em plástico imantado, para os visitantes se arriscarem a escrever na parede.

Ontem de manhã dei com esse recado.

Juro, quem quiser que não acredite, que não foi coisa da gurizada lá de casa.

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Atletas estrangeiros começam a descobrir que Rio real não é ‘Rio olímpico’
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Mário Magalhães

Fernando Echávarri e Tara Pacheco, representantes da Espanha na classe Nacra 17

Fernando Echavarri e Tara Pacheco, roubados – Foto ESPN/Divulgação

 

O Rio não é a primeira sede olímpica a se embelezar para os Jogos, tentando exibir o mais bonito e esconder o mais feio. É o padrão.

De um jeito ou de outro, porém, os visitantes acabam vivendo um pouco da cidade autêntica.

Foi o que ocorreu com os velejadores espanhóis Tara Pacheco e, com uma medalha olímpica de ouro no currículo, Fernando Echavarri.

Eles andavam com o técnico Santiago López-Vázquez no bairro de Santa Tereza quando foram assaltados na manhã da sexta-feira.

Armados com pistolas, jovens com idades estimadas de 15 a 18 anos levaram dinheiro, telefones e outros pertences dos europeus, que já treinam na baía de Guanabara para a competição de agosto.

Ao contrário dos colegas que descobrem o Rio real, Echavarri já havia sido roubado na cidade em 2009. Ele disse à repórter Paula Ferreira:

''As pessoas são muito agradáveis aqui, a polícia se portou muito bem nas duas vezes que fui assaltado. O problema é que há muita pobreza e as pessoas que não têm nada vão onde os turistas estão para roubá-los. É perigoso. A cidade era perigosa há dez anos e ainda é perigosa agora, nada mudou''.

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Impeachment foi plano para assegurar impunidade, mostra gravação com Jucá
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Mário Magalhães

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Reprodução ''Folha de S. Paulo'', 23.05.2016

 

O que parecia óbvio para muita gente agora ganha confirmação de viva voz: o impeachment da presidente constitucional Dilma Rousseff foi articulado por próceres do PMDB para assegurar a impunidade de investigados e suspeitos na Operação Lava Jato.

O repórter Rubens Valente obteve gravação de conversa de março entre o atual ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Ambos peemedebistas.

''Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria'', disse Jucá, em sentença que entra para a história da política e da politicagem nacionais.

Machado disputa com o correligionário para ver quem é mais claro: ''É um acordo, botar o Michel [Temer], num grande acordo nacional''.

Jucá: ''Com o Supremo, com tudo''.

Machado: ''Com tudo, aí parava tudo''.

Jucá: ''É. Delimitava onde está, pronto''.

A conversa tratava de investigações sobre corrupção no âmbito da Lava Jato.

Cada um interpretará como quiser.

É preciso ser craque em malabarismo retórico para ignorar lição mais evidente: a conspiração que derrubou Dilma, em abril na Câmara, e em maio no Senado, prestou-se a manter impunes aqueles que historicamente aprontam sem ser punidos.

Ecoa a voz do ministro de Temer: ''Com o Supremo, com tudo''.

Não é só Romero Jucá quem tem de ser demitido.

Michel Temer deveria ser o primeiro.

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Em exposição no Rio, o apelo de Millôr Fernandes aos ‘jornalistas covardes’
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Mário Magalhães

blog - millor jornalistas covardes

 

A conclamação reproduzida acima integra a exposição de mais de 500 originais do Millôr Fernandes, no Instituto Moreira Salles, aqui no Rio.

É mais uma das sacadas imortais do Millôr. Inspiram em qualquer época e em qualquer contexto.

Como outra, ''jornalismo é oposição; o resto é armazém de secos e molhados''.

Muita gente cita este pensamento, mas prefere entender que a lei de Millôr se refere a oposição a uns, e não a outros.

O que o gênio do Méier proclamou é que o papel do jornalismo é fiscalizar o poder. Todos os poderes, e não somente alguns.

Millôr se foi em 2012, mas hoje parece ainda mais atual.

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Fim do Ministério da Cultura vai ficando com cara de bode na sala
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Mário Magalhães

Sede da Funarte ocupada em São Paulo – Foto Marlene Bergamo/Folhapress

 

Com a pressa maquiavélica de quem se dispõe a fazer todo o mal de uma vez, e não em conta-gotas, Michel Temer foi com muita sede ao pote. Ele se supõe um Mauricio Macri, que estabeleceu uma furibunda política econômica neoliberal. Esquece que, ao contrário do presidente argentino, ungido pelas urnas, foi promovido a presidente interino conspirando contra o voto popular. Carece da legitimidade e do capital político de Macri.

Entre as muitas maldades contra os mais pobres, anunciadas hora a hora, e a democracia, com a extinção de Ministérios dedicados ao combate à desigualdade e ao preconceito, Temer acabou com a pasta da Cultura. O antigo Ministério foi rebaixado a secretaria, subordinada à Educação, cujo ministro é Mendonça Filho, do DEM.

É difícil saber se o que levou o novo governo a tal ato foi vingança vulgar contra os numerosos artistas que repudiaram a ruptura institucional. Ou ignorância sobre o relevo simbólico e político da cultura com estatuto de Ministério. E, aspecto pouco ou nada mencionado na controvérsia em curso, desconhecimento do impacto da cultura no PIB, outro motivo que justifica a manutenção e incremento do Ministério.

Temer fez o que fez, e vozes em defesa da democracia e da cultura o contestaram. Protestos tomam o país. Hoje, aqui no Rio, Caetano Veloso e Erasmo Carlos devem se apresentar para os manifestantes que ocupam o Palácio Capanema _curiosidade histórica: a representação do extinto Ministério da Cultura fica no belíssimo prédio batizado com o nome do ministro da Educação, Gustavo Capanema, da ditadura do Estado Novo (1937-1945).

O bode na sala costuma ser instrumento bolado na origem, para criar um transtorno suplementar que, quando retirado, dê a impressão de melhora, ainda que outras agruras permaneçam.

Mas nada impede que durante entreveros algo que não tinha a função de bode na sala passe a ter.

Os protestos combinam a exigência de restabelecimento do Ministério da Cultura com a denúncia sobre o caráter ilegítimo da administração Temer.

Não será surpresa se ele recuar e ressuscitar o Ministério, com o propósito de arrefecer as manifestações. Cederia no que lhe parece pouco para manter o que vale mais.

O fim do Ministério da Cultura vai ficando com cara de bode na sala.

Se o bode for eliminado, haverá o efeito desejado pelo governo, o de dispersar os artistas que recusam o Planalto tomado por gente sem voto do povo?

(Depois de escrito este post, eu soube que anteontem o escritor João Paulo Cuenca empregou a expressão ''bode na sala'' no mesmo contexto. É necessário assinalar o pioneirismo. O JPC é fera.)

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Flávia e Maria Silvia confirmam: para Temer, lugar de mulher é na segundona
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Mário Magalhães

Flávia Piovesan, secretária de Direitos Humanos – Foto Rodrigo Paiva/Folhapress

 

O governo provisório com pinta e pretensão de definitivo tentou vender as nomeações de uma secretária e de uma presidente de banco de investimento como exemplos do prestígio que mulheres teriam na administração Michel Temer.

O resultado, a despeito da boa vontade do habitual chaleirismo, foi oposto ao pretendido: salientou mais ainda, como se fosse possível, a obscena ausência de ao menos uma ministra no Ministério.

A professora Flávia Piovesan é a nova secretária de Direitos Humanos, subordinada do ministro da Justiça.

A economista Maria Silvia Bastos Marques comandará o BNDES.

Aplaudindo ou não o que elas pensam e fazem, ambas têm capacidade para serem ministras.

Mas, no século 21 à brasileira, estão limitadas ao segundo escalão.

Bajuladores de Temer argumentam: o critério que preside o governo é o da meritocracia.

Noutras palavras, em nenhuma área haveria mulher com mais méritos do que homem.

Fala sério.

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Protesto em Cannes, o ‘Guardian’, primeiras páginas e jornalismo em transe
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Mário Magalhães

A primeira página da edição impressa do jornal britânico ''The Guardian'' tem espaço para uma só fotografia grandona, rasgada.

Ontem, estampou artistas brasileiros protestando no mais importante festival de cinema do mundo, o de Cannes.

Cartazes em inglês e francês denunciaram o golpe de Estado que depôs a presidente constitucional Dilma Rousseff.

No dia em que historiadores e pesquisadores do jornalismo quiserem reconstituir e interpretar o ambiente nestes trópicos nesta época, deixo a sugestão: comparar a capa do ''Guardian'' com as primeiras páginas de diários do Brasil.

Em todo o mundo, não houve imagem tão relevante ou interessante, de acordo com os critérios jornalísticos que vigoram no ''Guardian''.

Aqui, lugar dos acontecimentos a que se referiram os manifestantes, a notícia tinha mais peso ainda.

Mas chegaram a omitir a foto na capa.

Na terra em transe, o jornalismo também vive o seu transe: regrediu ao partidarismo, radicalismo e sectarismo das décadas de 1940, 1950 e 1960.

É legítimo concordar ou discordar do protesto no festival.

Mas omiti-lo ou minimizá-lo implica permitir que a opinião sufoque a notícia.

Pior para a informação.

(Para quem acha papo furado, imagine o espaço no noticiário se os cartazes dissessem ''Fica, Temer! Fora, Dilma!'')

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A lição do secretário de Educação que disse ‘eu ouvo’
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Mário Magalhães

blog - wagner victer

''Ouvo, sim'', ao vivo – Reprodução TV Globo

 

Meu pai contava que o general-de-exército João Baptista Figueiredo, o último ditador, contrariava-se com a insistência com que reportagens mostravam o contraste entre ele, oficial da arma da Cavalaria, e seu irmão intelectual, o escritor Guilherme Figueiredo. O prócer da ditadura retrucava dizendo que, como havia sido ótimo aluno em matemática, era também um intelectual _é o que o meu pai falava.

Lembrei-me de Figueiredo, o presidente que disse preferir o cheiro de cavalos ao cheiro do povo, por causa da conjugação do verbo ouvir pronunciada pelo novo secretário de Educação do Estado do Rio.

No ''RJ TV'', a jornalista Mariana Gross perguntou, à distância: ''O senhor me ouve, secretário?''

Wagner Victer respondeu de bate-pronto: ''Ouvo, sim'' (assista clicando aqui).

Em seguida, corrigiu-se, mas o estrago já estava feito.

Sem querer, como caricatura, o secretário deu uma lição.

O padrão de nomeações para cargos executivos no Brasil ignora as qualificações do escolhido. Não ocorre sempre, mas é o padrão.

Victer é conhecido por ter presidido a Cedae, companhia estadual que cuida de água e esgoto.

Neste posto, notabilizou-se por fanfarronices difundidas com estardalhaço pelos meios de comunicação.

Que credenciais possui para assumir a Educação?

Foi mais uma opção política dos governadores Pezão e Dornelles.

Igualzinha a algumas de Michel Temer, que escalou para a pasta que cuida da Indústria um ministro que ouve (ou ''ouce''?) a palavra ''planta'' no sentido de fábrica e pensa que tratam de vegetal.

Ou de Dilma Rousseff, que levou para a Saúde um inepto.

Eis a lição da nomeação de Wagner Victer: entre o interesse público e o dos cidadãos, danem-se os cidadãos.

Perto disso, o ''ouvo'' dito pelo intelectual é detalhe, sai na urina.

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Maior problema do Flamengo é tática, não elenco; Wallace é bode expiatório
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Mário Magalhães

Juan (e) não escondeu o descontentamento com a eliminação do Flamengo

Juan e Léo Duarte: abandonados à própria sorte – Foto Gilvan de Souza/Flamengo

 

Não, amigos, o maior problema do Flamengo não é falta de garra. Todo mundo se esforçou muito ontem na derrota por 2 a 1 para o Fortaleza, vexame que eliminou o rubro-negro da Copa do Brasil.

Nem de elenco, a despeito de deficiências inegáveis. Há jogadores de sobra capazes de vencer um adversário, como a da noite desta quarta-feira, que disputa a série C do Campeonato Brasileiro.

O vexame decorre não de menosprezo pelo bravo tricolor cearense, mas da assimetria entre os dois clubes.

A maior deficiência do Flamengo é tática. Para chegar ao ataque, é lento. E o sistema defensivo é excessivamente frágil.

Como escrito aqui na segunda-feira, ''sem proteção, podem montar zaga Baresi-Gamarra ou Hummels-Domingos da Guia, que os defensores ficarão expostos''.

Como ficaram Juan e Léo Duarte nos dois gols sofridos na noite passada.

Parece que a atribuição de proteger o gol de Paulo Victor é exclusiva dos zagueiros e do volante Cuéllar.

Parece, não: tem sido assim.

Hoje li comentários criticando Juan e Léo. Antes, quem era avacalhado era Wallace.

O problema não é de nenhum dos três, embora, como qualquer pessoa, eles tenham os seus dias melhores e os seus dias piores.

É da tática suicida que os desprotege.

Wallace virou bode expiatório e resolveu partir. Ontem muita gente ficou chateada por não ter como culpá-lo.

Se o ataque aproveitasse o desequilíbrio, mas isso não tem ocorrido.

Cobrar de Jayme de Almeida é covardia. Ele montou o time como tem feito Muricy, que se recupera de susto médico.

Era possível supor que Ederson, de costas para o gol oponente, no papel de centroavante, seria invenção destinada ao fracasso.

E já se sabe que Emerson não tem condições físicas de ajudar com intensidade na marcação _ficou pelo caminho no segundo gol do visitante. Também não entendo por que ele está embolando pelo meio do ataque, em vez de abrir por uma das pontas.

Há quem julgue Jorge um lateral-esquerdo de altíssimo nível. Para que tal condição venha a existir, ele tem de ser treinado para marcar melhor. Além de se aperfeiçoar fisicamente, no que o tempo ajudará o jovem atleta. É raro ele ganhar uma corrida. Mas técnica tem de sobra, pode ir longe.

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