Blog do Mario Magalhaes

Regina Casé faz show pré-abertura dos Jogos; Fernanda Lima, da Paralimpíada
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Mário Magalhães

Regina Casé em estreia do filme ''Que horas ela volta?'', em 2015 – Manuela Scarpa/Photo Rio News

Fernanda Lima, em 2013, no sorteio dos grupos da Copa – Foto Reuters

 

Regina Casé participará de um show no Maracanã pouco antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio.

Antes da abertura da Paralimpíada, também no Maracanã, Fernanda Lima terá o mesmo papel.

As duas apresentarão uma espécie de aquecimento _ou esquenta_ para o público à espera das cerimônias oficiais.

A Olimpíada abrirá no dia 5 de agosto, às 19h15.

Os Jogos Paralímpicos,  às 17h30 de 7 de setembro.

Ainda não foi divulgado o horário dos shows apresentados por Fernanda e Regina.

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Epígrafes: por Renato Russo
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Mário Magalhães

O compositor, intérprete, poeta, prosador, dramaturgo, artista plástico e homem de ideias Renato Russo

 

''Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar

Que tudo era pra sempre

Sem saber que o pra sempre

Sempre acaba .''

Renato Russo, na canção Por enquanto.

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Isinbayeva, ficha limpa, fora. Gatlin, ficha suja, dentro. Isso é Justiça?
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Mário Magalhães

Yelena Isinbayeva – Foto Kerim Okten/EFE

 

A russa Yelena Isinbayeva, melhor saltadora com vara do mundo, é ficha limpa. Nunca houve registro de que tivesse se dopado.

O norte-americano Justin Gatlin, velocista do atletismo, é useiro e vezeiro em se dopar. Ficha suja.

É justo, necessário e urgente o combate ao doping institucionalizado pela Rússia governada por um ex-araponga avesso à democracia e a serviço de máfias.

O combate deve ser a qualquer passada de perna, não apenas à russa.

O exemplo a ser dado é punir quem joga sujo e prestigiar quem joga limpo.

Isinbayeva, contudo, foi proibida de disputar a Olimpíada do Rio, por ser russa.

O disparate é tamanho que Gatlin, o grande antagonista de Usain Bolt nos 100 metros rasos, correrá na pista do Engenhão.

Que lição as autoridades do esporte pretendem oferecer?

É por isso que torcerei pelo jamaicano desengonçado.

Assim como torço para que Isinbayeva venha. Por justiça.

E para ser superada pela Fabiana Murer.

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O Rio bombando e a inconveniência do trocadilho
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Mário Magalhães

Turistas tomam o Rio – Marcelo Fonseca/Parceiro/Agência Globo/2015

 

Nossas injustiças atávicas renovadas em 2016, a bagunça da organização olímpica às vésperas da cerimônia de abertura, a cretinice dos cretinos de sempre, tudo isso é fato que só os bobos da corte não veem ou fingem não ver.

Como é fato também que o Rio está bombando, repleto de visitantes, gente vai dando cor e vida ao clichê espírito olímpico.

Não somente em Copacabana, palco de competições, mas em muitos outros bairros, inclusive o Centro, que carioca que se preza chama de Cidade.

E a despeito da presença ostensiva de militares a lembrar que o bicho pode pegar.

Por isso mesmo trocadilhos com o verbo bombar são inconvenientes.

Mas que o Rio está bombando está.

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As quatro privadas do centro de imprensa 2016 e os banheiros de Suwon 2002
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Mário Magalhães

Banheiro público em Suwon – Foto reprodução

 

Uma coisa não tem muito a ver com a outra, mas a reportagem de Lauro Neto sobre quatro privadas para centenas de jornalistas num centro de imprensa dos Jogos de 2016 me fez lembrar de uma história prosaica da Copa de 2002. Obcecada em superar _deu de dez_ o Japão como organizadora do Mundial disputado nos dois países, a Coreia do Sul construiu na cidade de Suwon banheiros públicos com a ambição de serem os melhores do planeta. Visitei-os, e contei o que vi na ''Folha'', na croniqueta reproduzida abaixo.

*

Neste lugar solitário

Parece coisa de maluco, e talvez seja mesmo. Mas uma providencial maluquice, como bem sabe qualquer um que já tenha passado pelo sufoco de não encontrar um banheiro decente na hora do aperto _e quem não passou?

A prefeitura da cidade sul-coreana de Suwon teve a ideia: proporcionar aos turistas algo mais do que o novo estádio de futebol e o sítio histórico da fortaleza Hwaseong, do século XVIII. Resolveu superar “um atraso de dez anos em relação à cultura japonesa de banheiros públicos”, de acordo com seus relatórios, e erguer os mais belos do mundo. Está convencida de que conseguiu.

Haja estranheza. Ao chegar a um dos 33 banheiros em operação, penetra-se numa antiga fortaleza, numa tradicional casa coreana, numa de arquitetura contemporânea, noutra em forma de pote ou castelo. Cada banheiro com uma fachada própria. Dentro diferem, porém exibem traços comuns. São repletos de flores e tocam música, clássica ou do tipo, vá lá, “relaxante”. A obsessão com flores é tamanha que nas alas masculinas, até encerrar o serviço, o usuário contempla sentado quadros emoldurados com imagens florais. De pé, em mictórios coloridos, buquês naturais polinizam diante do nariz.

No banheiro Banditbuli, o terraço _o banheiro tem terraço!_ é um mirante debruçado para a montanha e o lago. Os construtores não quiseram privar os visitantes masculinos de tal cartão postal nem na hora do chuvisco. “A parede em frente aos mictórios é feita de vidro para que se aproveite a vista e se ouça música”, divulga a prefeitura num catálogo promocional.

Sobre música: não se conhece o critério, se algum estudo dedicado ao efeito de suas composições em certos esforços demasiadamente humanos, mas o veneziano Antonio Vivaldi (1678-1741) foi honrado com o batismo de um banheiro com o seu nome. Assim, o cidadão se dirige até a estação ferroviária Seongkyunngwandae, caminha cem passos e alivia seus dramas ao som de As Quatro Estações.

Pode demorar, e nisso também pensaram. À entrada dos banheiros instalaram prateleiras com livrinhos e folhetos, para ler durante as urgências. Não precisa devolver. Os livros são breves, para evitar filas. Nada de tijolos como Guerra e Paz ou a biografia do Che Guevara escrita por Jon Lee Anderson.

Banheiro é coisa séria. Um jornalista esportivo paulista penou nos primeiros meses de casamento. De tal modo habituado à residência dos pais, com quem morava, não conseguia frequentar o sanitário do novo lar quando determinadas atitudes urgiam. Pegava um ônibus, suava por cinco minutos e aportava na velha e hospitaleira privada de papai e mamãe.

No luxo dos banheiros de Suwon, o ocidental em geral, e o brasileiro em particular, ressente-se da ausência de grafitos, as mensagens escatológicas ou obscenas que motivam teses acadêmicas e livros. Aqui, ninguém escreve nada. Não se vê, em nenhum idioma, algo como o clássico verde-amarelo, que contempla variações vocabulares conforme o Estado:

“Neste lugar solitário

Onde a vaidade se apaga

Onde todo fraco faz força

E todo valente se caga''.

Os banheiros mais simples contam com vasos comuns, com assento protegido por um plástico que gira a cada visita. Outros são de madeiras nobres, figurinhas fáceis de revistas de decoração. Uma luz dentro de um quadro florido identifica o sinal de ocupado. Os espelhos são vastos, e as toalhas, de todo o tipo, apesar das rajadas de ar que secam de verdade. Vidros com desenhos em relevo separam mictórios. Cada cabine areja-se com uma ventilação específica. Funcionários borrifam perfume. A energia é solar.

No banheiro Daseulgi, na ala feminina, ocupam o mesmo espaço um sanitário de adulto, para a mãe, e um de criança, para o filho. A suntuosa bancada de uma das pias reproduz “o charme dos toaletes dos cafés”, envaidece-se a prefeitura. No caminho para os sanitários, instalaram aquários coloridos. No banheiro Pot, secadores de cabelo acodem as mulheres.

Esses serviços são gratuitos. Os banheiros consumiram de 34 mil a 48 mil dólares cada um. Espalham-se por toda a cidade, que tem 913 mil habitantes e dista cinquenta quilômetros de Seul.

Instalações como essas teriam sido preciosas no episódio da Maldição de Montezuma. Na Copa de 86, no México, os jornalistas brasileiros foram vítimas de estrago intestinal provocado pela culinária nativa. Houve descompasso de tempo e lugar. A Maldição de Montezuma e os banheiros de Suwon nasceram um para o outro.

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Se o Varejão consultasse o mago Hamilton, talvez conseguisse disputar Jogos
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Mário Magalhães

Hérnia causa dores nas costas e em outras regiões - Foto: Divulgação

Dói pra caramba – Ilustração Estadão Conteúdo

 

Anderson Varejão está fora da Olimpíada por causa de uma hérnia de disco na região lombar. Isto é, na parte mais abaixo das costas, quase no traseiro.

Antes que digam que o craque do basquete está fazendo corpo mole, dou meu depoimento: a tal da hérnia de disco provoca uma dor cruel.

Fui vítima dela em abril de 2007, sei do que falo. E isso que não tenho as toneladas do pivô da NBA a pressionar nervos desencapados.

Recorri a dois médicos, fiz fisioterapia, mas quem me curou foi o Hamilton, que não é doutor, mas sábio. Treinado por chineses, ele aplica uma técnica cujo nome em mandarim diz mais ou menos ''mexa nos nervos e cure os ossos''.

Sabe como o Hamilton colocou o disco no devido lugar, entre as vértebras? Com as mãos. Antes analisou os exames de imagem. Como não conseguiu na primeira tentativa, pediu que eu tomasse por uma semana cápsulas de ervas, encomendadas na farmácia. Era para, digamos, azeitar o disco. Depois de o Hamilton empurrá-lo, perguntei quando seria a próxima consulta. Nunca mais, ele respondeu. Eu estava curado.

E estava mesmo. Voltei a correr e a jogar, e a hérnia da lombar partiu de vez.

Com recomendação de médicos bambambãs de hospitais de excelência do Rio e de São Paulo para operar um ombro, uma senhora querida foi curada pelo Hamilton. Adeus, cirurgia.

Eu não seria leviano de duvidar da competência dos médicos que atenderam o Varejão nos Estados Unidos.

Mas uma ida ao Hamilton, em Ipanema, talvez rendesse outro epílogo ao nosso baita jogador.

A Olimpíada não vale a visita?

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Epígrafes: por F. Scott Fitzgerald
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Mário Magalhães

O escritor norte-americano Scott Fitzgerald (1896-1940)

 

''E assim avançamos, botes contra a corrente, impelidos incessantemente de volta ao passado.''

F. Scott Fitzgerald, no romance O grande Gatsby (edição Penguin Classics Companhia das Letras), tradução do inglês por Vanessa Barbara.

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Se a seleção embalar, futebol olímpico concentrará atenção dos brasileiros
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Mário Magalhães

Neymar, em entrevista na Granja Comary – Foto Lucas Figueiredo/MoWA Press

 

Às vésperas da Copa de 2014, ainda sob o eco das Jornadas de Junho do ano anterior, um antropólogo profetizou que os brasileiros não dariam bola para o segundo Mundial em casa.

O palpite infeliz foi consequência da incompreensão sobre o que o futebol representa para a alma nacional.

Tenho lembrado o prognóstico furado ao ouvir previsões de que o torneio chumbrega do futebol olímpico masculino entusiasmará pouca gente.

Muitos países não trarão nem a nata dos jogadores até 23 anos, e o nível técnico deve ser baixo.

E daí, se o time de Neymar e companhia embalar?

No país macambúzio pela humilhação do 7 a 1, a torcida pela seleção faria do futebol um dos esportes mais acompanhados.

Em poucas edições olímpicas isso aconteceu no país da cidade sede.

Por enquanto, a coisa está fria.

Já, já, começa a esquentar.

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Legado olímpico: muito cedo para um balanço peremptório
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Mário Magalhães

O VLT, diante da Biblioteca Nacional – Foto Marco Aurélio Canônico/Folhapress

 

Palavrinha presunçosa essa, legado, mas deixa estar.

É muito cedo para balanços peremptórios sobre a herança da Olimpíada para o Rio.

Há dois critérios a adotar: o que foi prometido e o que mudou.

Talvez tenha havido, talvez, melhora ambiental discretíssima aqui ou ali. No conjunto, contudo, ocorreu uma catástrofe. A cidade desperdiçou a oportunidade de combater a pornográfica poluição da baía de Guanabara e das lagoas da zona oeste.

Os compromissos com transporte não foram integralmente cumpridos. Mas é evidente que os corredores expressos de ônibus (BRT), os bondes high-tech (VLT), a linha 4 do metrô e novos túneis representam progresso da chamada mobilidade urbana. A despeito de estações a menos e itinerários mais curtos que os planejados. E de atrasos.

Os Jogos renderam muitos empregos. O problema é que eles partirão com a cerimônia de encerramento.

As reformas urbanísticas no Centro tiveram impacto, mas ainda não se sabe até que ponto.

A análise dos benefícios e dos prejuízos é complexa. Se permitem, dialética.

Dependerá do estado das contas, quando abrirem a caixa-preta.

Do escrutínio dos contratos (só agora se revela a maracutaia para a reconstrução do Maracanã antes da Copa de 2014).

E de saber o que realmente decorreu da Olimpíada.

A valorização excessiva de imóveis é boa ou ruim? Para quem mora de aluguel ou quer comprar a casa própria, constitui um desastre.

Sem falar em quem foi removido por conta das obras _e interesses_ dos Jogos.

É inegável que o Rio perdeu a chance de promover desenvolvimento social relevante (melhoria perceptível das condições de vida, redução da desigualdade).

E que os serviços de saúde e educação permanecem ruins.

Mas falar agora em fracasso ou êxito do legado olímpico parece coisa de pitonisa.

Por mais que existam tantas delas dando chutes por aí.

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