Blog do Mario Magalhaes

Em 12 anos, inflação fica em 125%, mas passagens de ônibus disparam 192%
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Mário Magalhães

( Para seguir o blog no Twitter: @mariomagalhaes_ )

Os manifestantes que em todo o Brasil protestaram ou ainda protestam pela redução dos preços das tarifas de ônibus têm mesmo razão para reclamar: enquanto a inflação medida pelo IPCA foi de 125%, de 2000 a 2012, as passagens sofreram aumento de 192%.

É o que mostra levantamento nas regiões metropolitanas, divulgado nesta quinta-feira pelo Ipea e manchetado hoje pelo jornal ''O Dia''.


Truculência da PM reanima protestos no Rio; Cabral se enfraquece para 2014
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Mário Magalhães

Leblon conflagrado na noite de quinta-feira – Foto Daniel Marenco/Folhapress

 

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O principal evento que estimulou 500 pessoas a participarem de um protesto ontem à noite no Leblon, perto do prédio onde mora o governador Sérgio Cabral, foi a truculência da PM dias antes contra manifestantes que acampavam ali. Na calada da noite _neste caso o clichê tem acepção literal_, eles foram retirados à força pelos policiais, nas primeiras horas da terça-feira. Eram poucas dezenas. Multiplicaram-se, dois dias depois. E receberam balas de borracha e bombas de gás.

Em dois outros episódios recentes, a Polícia Militar não respeitara o dever constitucional de proteger os cidadãos. No dia 20 de junho, uma quinta-feira, os policiais, cobertos de legitimidade, haviam se defendido de ataques de vândalos, perto da sede da prefeitura, na Cidade Nova. E também preservado o patrimônio público. Foi isso o que se viu na televisão. Longe dali, porém, atacaram jovens que se manifestavam pacificamente e tentavam deixar o Centro. Uma selvageria registrada por milhares de câmaras e telefones e exibida na internet.

Muito mais grave, na semana seguinte a PM invadiu o complexo de favelas da Maré e matou nove pessoas, duas delas sem nenhum conexão comprovada com o tráfico de drogas. Foi uma vendeta pela morte de um sargento do Bope, assassinado por um criminoso. A imensa maioria dos moradores, que nada tem a ver com a bandidagem, viveu horas de terror. O sucesso relativo das UPPs tem como contraponto a manutenção da cultura repressiva estabelecida na escravidão e acentuada com a ditadura pós-1964.

Ontem, a polícia atirou com balas de borracha e dispersou com bombas de gás o protesto que se desenrolava em paz _em seguida, os baderneiros de sempre aprontaram. Estranhamente, muitos policiais usaram balaclava, máscara que impede ou dificulta a identificação.  Tal peça de uniforme é um recurso corriqueiro em combates contra quadrilhas de marginais. Por que empregá-la contra manifestantes? Por que agentes do Estado temem ser reconhecidos?

Eleições

As pesquisas mostram que segue minguando o prestígio do governador Sérgio Cabral. Nos primeiro mandato, ele se beneficiou do cotejo com a malsucedida administração anterior, de Rosinha Garotinho, de quem era aliado. A gestão do Estado melhorou.

O imenso respaldo midiático, acintosamente acrítico, também foi importante para Cabral, do PMDB. Além da aliança que incorporou o PT e pedetistas históricos, como Cidinha Campos.

O jornalismo carioca praticamente ignorou o vínculo da mulher do governador com o escritório de advocacia que representa ou representava a empresa que opera o Metrô, uma concessão estadual. Ela era ou tinha sido sócia da banca.

A relação de Cabral com a empreiteira Delta se tornou pública com a tragédia na Bahia, em 2011. Mais tarde, conheceram-se imagens de um convescote do governador e secretários com o dono da construtora, em Paris (ontem à noite manifestantes levaram guardanapos, evocando a farra na França).

Enquanto os temporais do Réveillon de 2010 matavam dezenas de moradores do Estado, o governador se refugiava na sua casa de Mangaratiba. Sempre com a ideia marqueteira se não ter a imagem associada a notícias ruins. Quando, semanas atrás, havia um anúncio sobre preço de tarifas de transportes a fazer, ele sumiu e deixou o prefeito Eduardo Paes falando sozinho _em São Paulo, Alckmin e Haddad se uniram na entrevista.

Em matéria de política, um dos últimos movimentos notórios de Cabral foi respaldar as ambições do deputado Eduardo Cunha, agora líder do PMDB na Câmara.

No Rio de Janeiro, ele planeja fazer seu vice, Luiz Fernando Pezão, o sucessor em 2014. Mas a aliança com o PT se esfarela. O senador Lindberg Farias, que há pouco tempo aclamava em palanque Pezão como o futuro governador, já está em campanha _por si próprio. O atual vice patina nas sondagens eleitorais.

Com a truculência da PM, Cabral chamou a crise para o seu quintal, no Leblon. Há uma greve geral marcada para o dia 11. Se os trabalhadores se unirem aos estudantes, a situação do governador tende a piorar.

Para justificar a retirada dos acampados, ele mencionou o direito de ir e vir. Pode ser. Mas, se o argumento é esse, por que a PM impediu que milhares de garotos fossem embora do Centro na noite de 20 de junho? Direito que vale para uns tem de valer para outros.


Se eu fosse o Luxemburgo, imitava o Guardiola e tirava um ano sabático
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Mário Magalhães

Vanderlei Luxemburgo, em sua última passagem pelo Flamengo – Foto Alex Carvalho/UOL

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Vanderlei Luxemburgo rodou no Grêmio, depois de acumular insucessos.

Não faço ideia de quais são seus planos, se negocia com algum clube, o que ainda aspira no esporte.

Treinador de talento no começo, decaiu ao se deslumbrar com o sucesso e perder o foco no trabalho de treinador. Ambicionou tantos poderes que, ao obtê-los, não deu conta de nenhum.

Em vez de reeditar o modelo fracassado, deveria parar. Mais do que para estudar futebol _reciclagem é importante_, para saber o que realmente quer. Se pretende atuar como manager, muito bem. Como técnico, idem, tanto quanto empresário de atleta. Mas deveria escolher.

Muito mais talentoso do que Vanderlei, Pep Guardiola tirou um ano sabático. Estava esgotado, depois de ganhar tudo no Barcelona. Não se dispunha ao estresse de executar mudanças que julgava imprescindíveis na equipe catalã, o que implicaria afastar jogadores que lhe tinham sido fidelíssimos. Queria pensar e repensar o futebol e a carreira.

Se eu fosse o Vanderlei, tomaria o Guardiola como inspiração. Para voltar mais forte e tentar retomar a trilha vitoriosa na qual um dia derrapou e que jamais reencontrou.

Sim, eu sei, não sou o Vanderlei.


754 pagantes: sai a carruagem, volta a abóbora
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Mário Magalhães

Nem mil pagantes viram Rafael Marques comemorar seu gol ontem – Foto Agif

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O Botafogo tinha Seedorf, que já brilhou em Copa do Mundo, pela Holanda.

Jefferson, do elenco do Brasil na Copa das Confederações.

Lodeiro, que chegou a entrar em campo pelo Uruguai no torneio recém-encerrado.

O garoto Dória, que defendeu seleção de base e foi convocado para a principal.

No segundo tempo, entrou Renato, que já vestiu a amarelinha.

Sob o comando de Oswaldo de Oliveira, um dos nossos melhores técnicos, o alvinegro arrebenta em 2013. Passeou na conquista do Campeonato do Rio, está entre os líderes do Brasileiro e caminha bem na Copa do Brasil.

Nesta competição, venceu ontem o Figueirense por 1 a 0, acertou duas bolas no travessão, mas poderia ter sofrido um revés, se o visitante não desperdiçasse tantas oportunidades.

Com tamanhas atrações, apenas 754 torcedores pagaram ingresso para assistir à partida em Volta Redonda.

O clube carioca mandou o jogo lá porque o Engenhão e, inacreditável, o Maracanã continuam interditados.

Mas nem o inconveniente de jogar longe do Rio, provocado por barbaridades da gestão pública, justifica tão pouca gente.

A carruagem da Copa das Confederações, com estádios lotados, ficou para trás.

Voltamos a encarar a realidade, das abóboras como a de ontem.

Como fazer futebol profissional com meras 754 almas pagando para ver?

Depois não sabem por que o Botafogo não honra o pagamento em dia dos seus funcionários, incluindo os jogadores.


Telhado desaba na casa em ruínas onde FHC passou infância
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Mário Magalhães

A casa onde FHC passou a infância, em foto de julho de 2013

A mesma casa em novembro de 2005: árvore na fachada, mas telhado quase intacto – Foto Blog do Josias

O telhado desaba, na consumação de um crime contra o patrimônio histórico – Foto de 2 de julho de 2013

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O menino Fernando Henrique Cardoso, um carioca, passou a primeira infância numa casa na última quadra da rua Bambina, em Botafogo. Seu pai, Leônidas Cardoso, era oficial do Exército. Como general, viria a ser um dos comandantes da campanha O Petróleo é Nosso, que resultou na Petrobras, cujo monopólio o filho aboliria como presidente da República.

A casa é um patrimônio da história do Brasil. Mesmo assim, ou por isso mesmo, foi abandonada há muitos anos. Já estava em ruínas em 2005, quando o blogueiro Josias de Souza, com sua prosa tão elegante quanto eloquente, alertou sobre o descaso.

Há duas novidades: retiraram a árvore que atravessava a fachada; com a deterioração geral, o telhado e o teto começaram a desabar, obrigando os ratos e morcegos inquilinos do imóvel a se abrigar mais para os fundos durante os temporais.

É curioso que o prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral, ambos em segundo mandato, reivindiquem a condição de admiradores de FHC. Os dois ex-tucanos são negligentes com a memória do país e desrespeitam quem ocupou o Planalto por oito anos.

A edição desta semana da revista “Veja Rio” dedicou a capa a um perfil de Fernando Henrique, quase 82, que voltou a ter um apartamento na cidade. Ele lamentou o estado da morada onde se criou, talvez sem saber que piorou ainda mais o cenário sombrio no número 40 da calçada esquerda da Bambina.


‘Cedae trabalhando para você.’ Trabalhando?
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Mário Magalhães

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A foto acima foi tirada ontem pelas 14h45 na rua Bambina, em Botafogo. Já havia parado de chover. Ao contrário do que (des)informa a placa, a Cedae não estava ''trabalhando para você''.

Às 15h30, também não estava. Idem quase uma hora depois.

Faz dias que a Cedae enrola com essa obra sem fim.

Repare que no único espaço livre para a passagem de automóveis há um tremendo buraco, para o qual nenhum aviso alerta.

Para não dizer que não falei de flores: além do sinal, avista-se um belo sobrado centenário.

P.S.: quando se quer menosprezar um repórter ou sintetizar uma fase por baixo, costuma-se dizer no jargão jornalístico que ele ''está cobrindo buraco de rua''. Pois eu proclamo: glória eterna aos jornalistas que denunciam buracos de rua!


Notícias do dia (6) – Barça tenta Thiago Silva e cogita Júlio César
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Mário Magalhães

A Rádio Catalunha deu que o Barcelona se dispõe a oferecer 32 milhões de euros por Thiago Silva, do PSG.

O ''Mundo Deportivo'' cogita a contratação de Júlio César, do QPR, para substituir Valdez em meados de 2014.

O tempo dirá o que é cascata e o que tem lastro na realidade.


Notícias do dia (5) – Caixa-preta do transporte: tabelinha de Paes com dono de empresa de ônibus
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Mário Magalhães

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Sabe o terreno em Guaratiba, na zona oeste carioca, onde o papa rezará a missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude?

Pertence a um dono de empresa de ônibus.

Sabe quem está fazendo obras de melhoramento no local?

A Prefeitura do Rio.

Sabe quanto ela cobra do dono do terreno?

Nada. Quem paga é o contribuinte.

Sabe o que será feito com o terreno depois do evento?

Será vendido em lotes.

Esse case de PPP, promiscuidade público-privada, foi revelado hoje no ''Informe do Dia''.


Notícias do dia (3) – Já que os jornais anunciam o fim dos tempos, vou de Wilson Batista, 100: ‘Meu mundo é hoje’
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Mário Magalhães

Pode ser involuntário, mas o jornalismo sugere que o fim dos tempos se anuncia, começando aqui pelo Brasil.

Wilson Batista (3 de julho de 1913 – 7 de julho de 1968) nasceu há exatamente 100 anos. Um samba dele com José Batista, na voz de Paulinho da Viola, ensina a viver, com os versos ''Meu mundo é hoje, não existe amanhã pra mim''.

Se é para acabar o mundo, que seja ao som desta obra-prima: