Blog do Mario Magalhaes

Polícia apura se major desviou verba para pagar testemunho contra Amarildo
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Mário Magalhães

 

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A Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a hipótese de o major Edson Santos ter desviado recursos para pagar falsos testemunhos no caso Amarildo. O major comandava a Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha em 14 de julho, quando o pedreiro Amarildo de Souza desapareceu depois de ser levado por policiais militares para a sede da UPP na favela. Semanas mais tarde, Edson Santos foi substituído pela major Pricilla de Oliveira Azevedo.

No inquérito que apura o sumiço de Amarildo, a Divisão de Homicídios descobriu indícios de que o oficial da PM teria desviado verbas destinadas à modernização do serviço de mototáxi da Rocinha. O dinheiro serviria para subornar duas testemunhas que vincularam Amarildo ao tráfico de drogas. O propósito seria culpar traficantes pela provável morte do pedreiro. Elas afirmaram já ter recebido R$ 2 mil.

As informações são do repórter Sérgio Ramalho e podem ser lidas aqui.

No sábado, o jornal “O Globo” publicou que o major Edson Santos e outros quatro PMs devem ser indiciados por sequestro e morte de Amarildo (leia aqui). Informação semelhante havia sido veiculada pela “Folha de S. Paulo”, em 17 de setembro (aqui).

Na Secretaria de Segurança Pública, a expectativa era de conclusão do inquérito no fim de setembro. Se não houver novidades, é possível que os indiciamentos ocorram ainda nesta semana.

“O Dia” noticiou que na quinta-feira deve ficar pronto laudo sobre um corpo encontrado em Resende, no Sul fluminense. Há suspeita de que sejam restos de Amarildo (aqui).


‘Observação antropológica’, por Verissimo
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Mário Magalhães

Luis Fernando Verissimo, craque colorado – Foto Zanone Fraissat/Folhapress

 

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Luis Fernando Verissimo, no domingo.

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(Da série “Poesia numa hora destas?!”)

(…)

OBSERVAÇÃO ANTROPOLÓGICA

Se agarram, rolam pelo chão, abraçados, e se beijam com fervor…

Ou foi gol, ou é amor.

(Para ler a coluna na íntegra, basta clicar aqui.)


Tucano carcando tucano: é só o reino animal
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Mário Magalhães

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Foto de Laizer Fishenfeld, na coluna do Ancelmo Gois, sábado em ''O Globo''.

Ao contrário do que espalham intrigantes, a imagem foi feita no Jardim Botânico do Rio, e não em certa convenção partidária.

 


Por que o Bruce tocou Raul no Brasil? O Álvaro conta o segredo
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Mário Magalhães

 

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Os bastidores de uma conspiração criativa. Sábado, na “Folha”.

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Dias de glória

Por Álvaro Pereira Júnior

E-mail bomba na segunda-feira de folga: ''Álvaro, a gente se conheceu em Santiago, eu trabalho com o Bruce Springsteen. Alguma ideia de música brasileira para ele tocar aí? Sugeriram as canções tal e tal, mas o Bruce quer saber o que você acha''.

Primeira reação: é trote. Depois, uma conferida no domínio da remetente, fulana@jonlandau.net. Começou a ficar sério. Jon Landau, todo jornalista de música sabe, ou deveria saber, era o crítico da revista ''Rolling Stone'', fama de implacável (a ponto de atacar ''Are You Experienced?'', de Jimi Hendrix, quando o álbum saiu, em 1967), que um dia foi a um show de Bruce e escreveu o que talvez seja a resenha de rock mais famosa de todos os tempos: ''Eu vi o futuro do rock e ele se chama Bruce Springsteen''.

Landau tornou-se guru/parceiro/produtor de Springsteen, simbiose que dura até hoje. Contra a possibilidade de trote, eu tinha esse histórico a meu favor: Bruce ouve jornalistas. Pelo menos alguns. Periga ''The Boss'' realmente estar me consultando.

Outra evidência favorável: dias antes, no Chile, eu tinha entrevistado Bruce para o ''Fantástico''. Era para durar 15 minutos, mas ele mandou seguir. Falamos por meia hora.

Eu estava em terreno seguro. Tinha lido na viagem a Santiago quatro revistas ''Uncut'' e duas ''Word'' com edições especiais sobre ele. Também encarei boa parte da biografia ''Bruce'', de Peter Ames Carlin. E, principalmente, devorei a excelente reportagem sobre o cantor que a ''New Yorker'' publicou em julho de 2012, assinada pelo próprio editor-chefe, David Remnick.

No Chile, a única entrevista exclusiva, além do ''Fantástico'', foi para um argentino que vacilava no inglês e parecia não tomar banho desde antes de Bruce comprar sua primeira guitarra. Durou os cinco minutos previstos.

Assim, não sei se por eu ter levado a sério a missão, ou pelo simples contraste com o colega ensebado, o fato é que deu liga entre o ''Show da Vida'' e Springsteen.

De volta ao e-mail explosivo: eu precisava de um tempo para pensar. Escrevi que dali a algumas horas mandaria sugestões. Nenhuma resposta de volta. Seria mesmo trote?

Entra em cena um comparsa, o jornalista e amigo há 25 anos André Forastieri, com quem tinha uma cerveja marcada logo em seguida. ''André, olha esse e-mail.''

Expliquei que tinha pensado em Legião Urbana, ''Que País É Esse'', e ''Inútil'', do Ultraje a Rigor. Não por amar nenhuma das duas, mas por achar que funcionariam para Bruce e trariam um conteúdo político do agrado dele. André lembrou que ''Inútil'' tinha sido tocada pelos Paralamas no primeiro Rock in Rio, de 1985, o que lhe dava um significado especial.

Mais uns segundos vasculhando arquivos mentais, até que Forasta disparou: ''O Bruce tem de tocar Raul!''. Claro! Raul, um outcast, longe dos lobbies de gravadoras, do establishment da MPB, do rock de consenso, um nome de que ninguém mais se lembraria. Mas o quê? ''Aluga-se?'' Não. Imaginei a massa cantando o refrão de ''Sociedade Alternativa''. Era isso.

(Para ler a coluna na íntegra, basta clicar aqui.)


‘Lavagem cerebral’, por Janio de Freitas
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Mário Magalhães

Janio de Freitas, em 2012, no programa ''Roda Viva'' – Foto reprodução

 

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Domingo, na “Folha”:

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Pressões e exceções

Por Janio de Freitas

O desabafo do ministro Celso de Mello, acusando ''inaceitáveis pressões'' dos meios de comunicação sobre ele, e a reação da Folha, que se sentiu injustiçada na generalização, tocam em dois problemas importantes nas relações entre o jornalismo e os leitores/ouvintes. Um, problema atual. O outro, permanente.

A dura reação da Folha (27.set), que em editorial apoiou a decisão do ministro por um recurso para determinados réus do mensalão, não é incompatível com a verdade subjacente nas duras palavras do ministro. É fácil comprová-la a cada dia, para quem lê mais de um jornal, ou ouve rádio e TV.

O jornalismo brasileiro atual volta a uma prática, em graus diferenciados segundo as numerosas publicações, que exigiu muito esforço em meados da minha geração profissional para reduzi-la até o limite do invencível. A opinião está deixando de restringir-se aos editoriais e aos comentaristas autorizados a opinar, sejam profissionais ou colaboradores. A objetividade possível do noticiário, que, entre outros efeitos, trouxe aos meios de comunicação maior respeito ao leitor/ouvinte e maior fidelidade aos fatos, sofre crescente infiltração de meras opiniões. Muitos títulos são como editoriais sintetizados, parecem mesmo, por sua constância, contarem com o amparo ou indiferença das orientações de edição.

Nesse sentido, ainda se não houvesse comentários com cobranças, explícitas ou transversais, a Celso de Mello em seu voto decisivo, o fundo de mensagem imposto ao leitor/ouvinte, na quase totalidade dos meios de comunicação mais relevantes, de fato foi na linha da percepção do ministro. E ficou ainda mais perceptível com essa peculiaridade brasileira que são as cadeias multimídias, em que as mesmas pessoas dizem e escrevem as mesmas coisas várias vezes por dia, em jornal, em diversos horários de rádio, idem em televisão. Lembra o princípio da lavagem cerebral. E, de quebra, há os respectivos blogs.

(Para ler a coluna na íntegra, basta clicar aqui.)


Um recado para a imprensa
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Mário Magalhães

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O correspondente Leandro Colon foi a Aylesbury,  nas cercanias de Londres, apurar uma reportagem sobre a alegada terrorista Viúva Branca (leia aqui). Fotografou o recado abaixo, do morador do sobrado onde a dita cuja viveu. Cansado do assédio dos repórteres, o cabra escreveu: ''Foda-se (para a imprensa). Desculpe''.

 


Doce de leite do Vandeca: uma obra-prima mineira
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Mário Magalhães

Três dias depois, nada sobrava do doce soberbo

 

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Eu saía no sábado à noite para assistir à vesperata, tradicional serenata diamantinense em que os músicos tocam das sacadas dos sobrados centenários, e reparei alguém arrumando vidros numa prateleira da pousada.

Curioso que sou, cheguei mais perto, vi na penumbra que eram doces e peguei um. “Está quente”, surpreendi-me, e o funcionário apontou para a cozinha: o doce de leite acabara de sair da panela. Olhei pela porta e percebi o chef Vandeca em pé, mãos nos quartos e ares cansados.

No almoço, eu tinha desfrutado de um sublime frango ao molho pardo preparado por ele. Sem saber se há um nome consagrado para traduzir o prato, expliquei em inglês a um comensal norte-americano: é galinha no seu próprio sangue. Como o gringo fez cara de nojo, tripudiei ao lhe contar: a cada garfada eu me lembrava da avó que comprava o bicho vivo na feira e lhe passava a faca no pescoço, colhendo a matéria-prima do molho. À noite, reservei um doce de leite e um de limão.

Poucas semanas antes, comentara o contraste dos doces de leite argentinos e uruguaios com dois da primeira divisão de Minas. Os dos hermanos, como o Conaprole do Uruguai, são acentuadamente açucarados, densos e escuros. O do Xapuri, em Belo Horizonte, um dos melhores restaurantes do país, e o do Bolota, de Tiradentes, levam menos açúcar e são mais claros, mais sutis e menos enjoativos.

Todos magníficos, cada um com sua personalidade.

Na segunda-feira, abri aqui no Rio o recipiente da grife Delícias do Vandeca, como informa o rótulo. A guloseima remete às receitas do Xapuri e do Bolota. Como é produzida em baixíssima escala, em fogão de pousada, parece mais rústica, embora também clarinha e nada espessa. Delicada e deliciosa, das mais espetaculares que encarei em minha longeva trajetória de devorador de doces de leite. Não sei se é melhor do que os primos mineiros, mas não fica nada a dever. Uma obra-prima que eu não teria conhecido se um pessoal de boa vontade não tivesse me convidado para participar do Festival de História.

O doce do Vandeca acabou na quarta-feira. Na quinta, inaugurei a lata do prestigiado Doce de Leite Viçosa, que comprei no aeroporto de Confins. Bom, filia-se à escola argentina e uruguaia.

Pena que eu não tivesse ideia do que me reservava o doce de leite descoberto na Pousada do Garimpo, onde o fabuloso Vandeca trabalha. Da próxima vez, trarei uma dúzia.

(Serviço meia-boca: esqueci quanto paguei pelo doce de leite e pelo de limão. Juntos, com certeza saíram por menos de 20 reais. Ignoro se o Vandeca só vende lá em Diamantina ou envia para longe. Em todo caso, para quem se interessar, eis o site da Pousada do Garimpo.)