Blog do Mario Magalhaes

No Galeão, taxista tripudia de passageiros da fila dos táxis especiais
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Mário Magalhães

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No começo da noite da quinta-feira (28/11), uma bela potiguar recém-chegada à casa dos 50 anos desembarcou no Galeão com o filho adolescente. Ainda na área de entrega da bagagem, desembolsou os R$ 105 cobrados pelos táxis especiais pela corrida até o hotel, em Copacabana.

É caro, mas muita gente paga por ser uma espécie de seguro contra eventuais incomodações com motoristas de táxis comuns ou piratas do aeroporto.

A atendente do guichê advertiu: a fila está demorando até 15 minutos.

Na verdade, demorava mais, como mãe e filho vieram a constatar.

Quando a longa fila para os táxis especiais tirava a paciência de quem já tinha contratado o serviço ''especial'', um motorista de táxi comum se aproximou  e tripudiou, batendo palmas freneticamente:

''Parabéns! Parabéns! Tão pagando mais, tão na fila, e não tem táxi!''

Ao saber que a passageira e o filho carregavam duas malas, apostou na garfada:

''Dá para levar por R$ 79''.

Ela não topou. Já havia morrido nos R$ 105, e o cidadão não lhe inspirou confiança.

Acho que preço fechado é ilegal. E, com certeza, no taxímetro, daria menos de R$ 79.

É assim, no maior aeroporto da segunda cidade do Brasil, que os passageiros são tratados.

Desnecessário mencionar que não havia fiscalização, pelo menos à vista, para proteger os passageiros do serviço ruim dos táxis especiais e das garfadas e zombarias do motorista do táxi comum.


No Maracanã, vascaínos gritam por todas as torcidas: ‘CBF, vai tomar no…’
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Mário Magalhães

Vascaínos na luta – Foto Marcelo Sadio/vasco.com.br

 

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Foi de balançar os tímpanos, pouco antes e pouco depois de o jogo começar. Talvez os vascaínos que encheram o Maracanã só tenham gritado tanto nos dois gols que deram a vitória contra o Náutico e mantiveram a esperança de não regressar à Segundona.

Primeiro, os jogadores dos dois times se sentaram no chão. Em seguida, passaram a bola uns para os outros, em um período que não chegou a um minuto, mas pareceu a eternidade.

Tratou-se, como todos sabemos, de mais um protesto do Bom Senso FC, movimento boleiro que reivindica justas mudanças no caótico futebol nacional.

Enquanto os atletas se manifestavam, o coro gutural ecoou no Maracanã: ''Ei, CBF, vai tomar no cu''!

Nesse instante, a transmissão da TV diminuiu o som ambiente, e o locutor desandou a falar.

Contaram-me que em Criciúma o pessoal não deixou por menos.

No Maracanã ou no Majestoso, ouviu-se o sentimento de todas as torcidas brasileiras.


Problema com táxis no aeroporto Santos Dumont vai muito além da fila
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Mário Magalhães

blog - santos dumont

Fila para táxis no aeroporto Santos Dumont – Foto Ale Silva/Futura Press

 

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Pela enésima vez, foram alardeadas medidas para melhorar a organização dos táxis para quem desembarca no Santos Dumont (leia aqui). Agora, pelo ministro Moreira Franco e pelo secretário Osório. Já escutei tanta cascata sobre a moralização desse serviço nesse mesmo aeroporto, no Galeão e na rodoviária Novo Rio que meus ouvidos se entupiram de ceticismo.

Aliás, que feito, o do parágrafo acima: o verbo moralizar e o ministro da Aviação Civil, Wellington Moreira Franco, juntos. O secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, campeão intergaláctico de entrevistas e anúncios de que “agora a coisa vai”, prometera barrar os táxis piratas na rodoviária. Repórteres voltaram lá e constataram que continuava tudo como dantes.

A fila imensa e lenta é um, mas não o único desafio à paciência de quem chega ao aeroporto do centro do Rio. Ao contrário do que acontece em Congonhas, não é possível embarcar em muitos automóveis ao mesmo tempo, o que retarda o fluxo ainda mais.

Eu não soube de menções do ministro e do secretário a um expediente que muito contribui para embromar o embarque: o cidadão ou a cidadã que alega administrar a fila pergunta para que bairro o passageiro vai. Muito justo, se fosse apenas para informar quanto valerá a corrida. Mas, em vez de colocá-lo no carro seguinte, convoca os chapas mais queridos, para quem reserva as corridas longas. Às vezes, o amigão demora a aparecer.

Como muitos taxistas não pertencem às cooperativas que trabalham (talvez seja melhor dizer “agem”) no Santos Dumont, o preço a pagar será o do taxímetro. Aí, não é raro sobrevir o velho golpe do trajeto alongado, tipo Santos Dumont-Copacabana, via Méier. Cariocas sem sotaque, como eu, obrigam-se a ditar o roteiro, para mostrar que conhecem o caminho, e alguns motoristas têm as suscetibilidades feridas.

Não custa enfatizar: há 171 em todas as profissões, como a dos jornalistas, e não somente entre taxistas.

Outra picaretagem é a “pedida” dos donos da fila para taxistas não sócios das cooperativas. Volta e meia, como cansei de testemunhar, exigem um troco de quem pega o passageiro. Trata-se de taxa informal e ilegal. Para quem costuma ir para Botafogo, como eu, cobram 2 reais do motorista. Até o espertalhão receber, mais lentidão.

Tudo isso sem contar a recorrente recusa de levar o recém-desembarcado para destinos no centro, por serem próximos. Como muita gente vem ao Rio para compromissos de negócios, concentrados nos arredores do aeroporto, complica. Quem for a pé corre o risco de ser assaltado.

Uma saída para fugir desse inferno é temerária. Em vez de pegar os táxis na fila do setor de desembarque dos aviões e entrega de bagagem, os mais íntimos do Santos Dumont, sobretudo os cariocas, resgatam as malas e se destinam à área de check-in. Acabam apanhando o táxi de quem trouxe passageiro ao aeroporto.

O perigo é que ali o controle dos automóveis é ainda menor, e o passageiro se vê à mercê de trapaças diversas.

Como as autoridades insinuam ignorar, informo que também essa área passou a ser controlada por uma máfia mal encarada, que decide que taxista pode ou não operar, como vê quem tem olhos que querem ver.

Nada que intimide novas entrevistas, com vozes pomposas e ares de sabe tudo, prometendo que “agora a coisa vai”.

Um pitaco final: os taxistas das cooperativas do Santos Dumont perdem dinheiro eternizando a bandalha. Se planejassem o serviço com profissionalismo e algumas pitadas extras de escrúpulos, ganhariam muito mais.


Depois do que Luiz Antônio jogou na final, deixá-lo ir do Fla seria crime
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Mário Magalhães

blog - flamengo luiz antonio

Só em foto Luiz Antônio, num partidaço, ficou por baixo ontem – Julio Cesar Guimarães/UOL

 

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Como sabemos os rubro-negros, exceto algum eventual visionário que meses atrás antevisse a virada, o título da Copa do Brasil foi ainda mais espetacular por ser inesperado, em um ano de arrumação das finanças do clube, mas de frustrantes desencontros em campo.

Posso estar errado, pois não acompanho o cotidiano da equipe, mas desconfio de que a mudança essencial introduzida por Jayme de Almeida não tenha sido Amaral à frente da zaga, novidade bem sucedida. Jogadores tarimbados pareciam se incomodar com a proeminência de Mano Menezes e seu cartaz de ex-técnico da seleção. Com Jayme, talvez tenha se estabelecido, de modo explícito ou subliminar, um pacto mais coletivo e boleiro. Jayme sabia que no passado esse espírito funcionara com Carlinhos e Andrade. Por que não com ele? Deu no que deu: mais uma taça na Gávea e uma vaga na Libertadores de 2014.

Uma das evidências do progresso da equipe, além dos resultados, foi a pusilanimidade do Atlético, que se intimidou nas duas partidas da decisão. Tanto em Curitiba (1 a 1) quanto no Rio (2 a 0 para os donos da casa) o time paranaense exagerou na aposta em contra-ataques. Acabou sem êxito, contra um oponente com três ou até quatro volantes.

Das muitas definições para o ano que vem, espero que a diretoria do Flamengo não se desfaça de Luiz Antônio. Especula-se que ele seria moeda de troca para o clube tirar Elias de vez do Sporting. Luiz Antônio coroou ontem sua evolução com um desempenho soberbo, de jogadoraço. Desarmou, armou, deu passe para gol, acertou bola na trave, cruzou da esquerda e da direita do gramado, não se intimidou com pancada, enganou os marcadores e ficou duas vezes sozinho para receber na cara do gol (Carlos Eduardo e Hernane não lhe deram a bola).

Típica cria da agremiação que tantos volantes e meias de excelência revelou, Luiz Antônio aparenta potencial para ir mais longe no futebol. Que seja no Rio, e não em Lisboa. Se é para negociar, pois Elias vale o investimento, que o Flamengo ofereça outros nomes.

(Ainda sobre o campeão da Copa do Brasil: eis aqui minha singela homenagem a Wallace, o zagueiro valente.)


Documentário sobre tragédia na boate Kiss tem primeiras imagens divulgadas
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Mário Magalhães

 

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O filme se chama “Janeiro 27”.

Hoje é dia 27 de novembro.

Parece que faz tanto tempo, mas foi anteontem, na madrugada de 27 de janeiro de 2013, há dez meses cravados: na boate Kiss, em Santa Maria, 242 pessoas, quase todas muito jovens, morreram queimadas em um incêndio. Até agora inexiste punição pela tragédia causada por negligência criminosa.

Acabam de ser divulgadas na internet as primeiras imagens do documentário dirigido pelos cineastas Luiz Alberto Cassol e Paulo Nascimento (clique na imagem acima para assistir).

Não se trata de um trailer, porque as filmagens, iniciadas no fim de outubro, serão retomadas no mês que vem. É um promo, define o jargão do cinema. Uma versão provisória do filme será exibida às famílias das vítimas em janeiro, às vésperas do primeiro aniversário da desgraça.

O documentário foi um pedido de pais e mães de mortos, feito em agosto, no Festival de Gramado, no qual o júri popular concedeu a Paulo Nascimento o prêmio de melhor longa-metragem estrangeiro, com a produção argentina “A Oeste do fim do mundo”.

Cassol, com pegada no documentário, e Nascimento, mais voltado à dramaturgia, são de Santa Maria. Uniram-se para contar o infortúnio da cidade gaúcha onde nasceram. O filme é bancado com recursos da Accorde Filmes, produtora da qual Nascimento é sócio, sem recurso a dinheiro público, inclusive o embrulhado nos eufemismos dos pacotes de “renúncia fiscal”.

Não haverá cenas do fogo na casa noturna, disse-me Nascimento. Ele e Cassol mostrarão “como está a vida” de quem ficou. Os diretores se impressionam como o episódio de dez meses atrás, o tempo histórico de um espirro, vai se tornando “cantinho de página” no noticiário. “No começo, todo mundo era solidário; depois, as pessoas parecem querer evitar o assunto”, testemunha Nascimento.

Ao contrário dos seus personagens, o cineasta não teve parentes mortos na Kiss. Ele e Cassol enviaram ontem uma carta a uma associação de familiares (pode ser lida aqui, no blog do jornalista Claudemir Pereira). Em maio, conheci Carina, a mãe que aparece no promo (Parentes de vítimas temem pizza na CPI da boate Kiss).

Que ninguém espere ou tema apelações em “Janeiro 27”. “A história é dramática demais, não precisamos de melodrama”, diz Paulo Nascimento.


Candidato de Cabral amarga sétimo lugar no novo Ibope para governador do RJ
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Mário Magalhães

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O retrato é confuso, em um cenário de candidaturas incertas, mas o novo levantamento do Ibope sobre intenção de voto para governador do Rio de Janeiro expõe um quadro desolador para Sérgio Cabral: seu indicado à sucessão, o atual vice Luiz Fernando Pezão, patina em 4%, no humilhante sétimo lugar. A pesquisa foi revelada hoje em reportagem de Juliana Castro (leia aqui).

Em um leque amplo de candidatos, eis o resultado:

Marcelo Crivella (PRB): 15,5%

Anthony Garotinho (PR): 12,5%

Lindbergh Farias (PT) 11,4%

Jandira Feghalli (PC do B): 5,8%

Cesar Maia (DEM): 5,4%

Bernardinho do Vôlei (PSDB): 4,4%

Luiz Fernando Pezão (PMDB): 4%

Miro Teixeira (PROS): 2,1%

Sandro Matos (PDT): 0,8%

Branco/nulo: 26,8%

Não sabe/Não respondeu: 10,2%

Margem de erro: 3 pontos percentuais para mais ou para menos

Data do campo: 13 a 17 de novembro de 2013

Número de entrevistas: 1.008

Fonte: “O Globo”

Boa parte desses nomes não deve chegar ao ano que vem como postulante ao Palácio Guanabara, como é o caso de Jandira. Definidas mesmo, a menos de um ano da eleição, parecem as candidaturas de Lindbergh e Pezão.

A corrida fotografada pelo Ibope demonstra que nenhum candidato disparou, a despeito de imensos esforços na propaganda gratuita da TV, como o de Lindbergh. A disputa fica ainda mais embolada a considerar a margem de erro de três pontos percentuais.

Estatisticamente, é possível que Pezão esteja mais acima ou abaixo, o que não altera o vexame de, a essa altura do campeonato, amargar miseráveis 4%. O Ibope constatou que 57,6% dos eleitores desaprovam o governo Cabral. Os reveses de junho contagiaram o prefeito Eduardo Paes, também do PMDB _56,7% dos entrevistados da cidade do Rio desaprovaram sua administração.

No alto da tabela, configura-se empate técnico entre o ministro Crivella (15,5%), o deputado e ex-governador Garotinho (12,5%) e o senador Lindbergh. A grande mudança ocorre quando Garotinho não aparece na pesquisa estimulada: finda-se o empate, com Crivella pulando para 27%, seguido por Lindbergh, dez pontos atrás. Ou seja, o político egresso da Igreja Universal provavelmente se beneficia de votos evangélicos e de segmentos mais populares pró-Garotinho. Hoje, Crivella ganharia de qualquer um no segundo turno.

Mais um destaque do Ibope: os quatro primeiros colocados (ignorando-se a margem de erro) pertencem a partidos da base da presidente Dilma Rousseff.

Outro: mais de um em cada quatro eleitores “votou” branco ou nulo, além dos 10,2% que não sabem em quem votar ou não responderam. O jogo está só começando.


Como PCB com Prestes em 1945, PSOL retira Freixo da disputa presidencial
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Mário Magalhães

Deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que buscará a reeleição em 2014 - Foto Hélio Motta/UOL

Deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que buscará a reeleição em 2014 – Foto Hélio Motta/UOL

 

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Quase sete décadas mais tarde, uma decisão do PSOL para a eleição presidencial de 2014 reedita uma opção do PCB no pleito de 1945: os dois partidos de esquerda abriram mão dos seus principais nomes. Luiz Carlos Prestes não disputou o Palácio do Catete. Agora, Marcelo Freixo não concorrerá ao Planalto.

Esta é mais uma boa notícia para Dilma Rousseff, depois da sessão de Justiça que barrou a Rede de Marina Silva. A ausência do deputado estadual do Rio de Janeiro facilita ainda mais a pretensão da presidente de conquistar a reeleição já no primeiro turno. Além de suas próprias ações, determinantes para a liderança nas pesquisas de intenção de votos, Dilma se beneficia do forfait de adversários expressivos. Dividido entre o senador Randolfe Rodrigues e a ex-deputada federal Luciana Genro, o PSOL decide no próximo fim de semana quem será seu candidato.

Em 1945, o recém-libertado Prestes vinha de nove anos de cana. Aclamado no passado como Cavaleiro da Esperança, o mártir do Partido Comunista tinha condições de obter um extraordinário resultado, embora não de vencer. Sua agremiação apresentou-o nas cédulas de deputado e senador em vários Estados, expediente permitido pelas regras. Assim, vitaminou a votação na legenda. Prestes elegeu-se no Distrito Federal (a cidade do Rio de Janeiro) como o senador mais sufragado do Brasil.

Os comunistas lançaram para presidente um zé ninguém, Yedo Fiúza, que nem ao partido pertencia. O “Rato Fiúza”, como o difamava Carlos Lacerda, beirou os 10%. A recusa de Prestes ao confronto com Eurico Dutra, do Exército, e Eduardo Gomes, da Aeronáutica, derivou de dois propósitos: assegurar sua presença na Constituinte que se desenrolaria de fevereiro a setembro de 1946; e não incendiar o cenário político com a candidatura que arrastaria multidões _o slogan do PCB era “ordem e tranquilidade”.

O PSOL, minoritário mesmo na esquerda, está a léguas de rivalizar com a poderosa influência social do PCB de outrora. Assim como Freixo não tem o prestígio de Prestes. Mas, como o legendário dirigente comunista, Freixo tem mais audiência que o seu partido. No pleito para a Prefeitura do Rio, em 2012, transformou o minutinho da propaganda televisiva em perto de 30% dos votos. Ganhou dimensão Brasil afora combatendo as milícias do Estado, em um combate que levou 200 criminosos para a cadeia. Inspirou um dos heróis, o deputado Fraga, do filme “Tropa de Elite 2” _o campeão de bilheteria reconstituiu o choque com os milicianos. Herdaria numerosos eleitores de Marina.

Tudo de que o PSOL precisaria em 2014 seria um candidato com o potencial de Freixo, depois da trôpega campanha de 2010, com Plínio de Arruda Sampaio. Freixo unificaria o pequeno partido, cuja bancada na Câmara se reduz a três deputados. Porém, como Prestes em 1945, ele tentará o parlamento, isto é, a reeleição para a Assembleia Legislativa, virtualmente assegurada. Chico Alencar e Jean Willys concorrerão com boas chances a novo mandato na Câmara, pelo PSOL/RJ.

Procurei Freixo há pouco, por telefone, e o indaguei sobre seus motivos. O primeiro é de segurança: se ele perder o mandato parlamentar, o aparato que o protege de um sem-número de ameaças contra a vida dificilmente poderá ser mantido, e o deputado teria de se mudar para o exterior. Qualquer cidadão que vive no Rio sabe que a milícia costuma cumprir as ameaças que faz, e ninguém é tão odiado por essas quadrilhas quanto Marcelo Freixo.

O segundo motivo aproxima as razões do PSOL de hoje às do PCB de antanho: a ter um bom desempenho na corrida presidencial, mas ficar sem mandato, Freixo prefere permanecer na Assembleia para fortalecer o partido e o projeto da nova candidatura à prefeitura, em 2016. Prestes considerava que o mais importante naquele momento era batalhar no parlamento. Freixo, agora, também. “A vitória para a Prefeitura do Rio é algo no plano do possível”, ele disse. “O que pesa mais, o imediato ou o médio prazo?” O médio prazo é 2016.

Freixo estima que o PSOL pode pular de três para nove membros na Câmara. Ele queria Chico Alencar como postulante a presidente, mas o deputado federal não topou, devido à saúde (colocou pontes no coração). Agora, Freixo chancela Luciana Genro na contenda intestina do seu partido.

Enquanto isso, a presidente Dilma Rousseff reforça seu favoritismo.


Boa notícia: Monumento aos Pracinhas é tombado. Problema: ainda é pouco
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Mário Magalhães

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Monumento aos Pracinhas, no Rio – Foto reprodução Museu Virtual da FEB

 

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Enfim, saiu nesta semana, no “Diário Oficial da União”, o tombamento do Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, o querido Monumento aos Pracinhas, no aterro do Flamengo (para ler a notícia clique aqui).

Muito justo, pelo valor arquitetônico e a relevância histórica do conjunto, sobretudo por reverenciar heróis brasileiros de verdade. Além de tantos pracinhas terem deixado a vida em solo italiano no combate ao nazi-fascismo, os sobreviventes foram largados à própria sorte ao regressar ao Brasil com uma mão na frente e outra atrás.

Até hoje, velhinhos, muitos estão desamparados. O país parece lhes conceder um favor ao aceitá-los nas paradas de 7 de Setembro.

Deveríamos convidá-los às escolas para transmitir às novas gerações suas experiências e os princípios que os motivaram a arriscar a vida. Para contar o destemor com que, mal treinados, desafiaram os soldados alemães. Para testemunhar como vale a pena combater o bom combate.

Se o Brasil ouvisse mais os pracinhas, ganharíamos inspiração para sermos muito melhores do que somos. Fôssemos os Estados Unidos, uma infinidade de filmes já teria sido feita narrando o épico da guerra.

Que o tombamento seja só um começo. Os pracinhas são heróis. Aprendamos com suas lições.


Lançamento na 2ª-feira: ‘Queimando as traves de 50’, livro de Bruno Freitas
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Mário Magalhães

blog - livro bruno freitas

 

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No dia 16 de setembro de 1993, eu estava na Granja Comary e testemunhei a humilhação a que submeteram o Barbosa, bode expiatório da debacle na Copa de 50. Não deixaram o velho goleiro falar com os jogadores e, intimidado, ele não insistiu. Só o Zagallo, coordenador-técnico do treinador Parreira, foi ao seu encontro.

Dias depois o Brasil decidiria contra o Uruguai uma vaga no Mundial de 94. O Barbosa poderia ser um sinal de mau agouro, temeram os bambambãs da seleção. Ele próprio tomou distância, para mais tarde não o chamarem de pé-frio, afirmou. O João Máximo e eu contamos na “Folha de S. Paulo”.

Um dos personagens mais trágicos da história nacional, e não apenas do futebol, o Barbosa ressurge agora em livro do Bruno Freitas, colega do UOL, pela editora iVentura, cujo lançamento será na próxima segunda-feira aqui no Rio (convite acima): “Queimando as traves de 50: Glórias e castigo de Barbosa, maior goleiro da era romântica do futebol brasileiro”.

Pus as mãos no livro ontem, ainda não tive tempo de o ler inteiro. Mas devorei o capítulo que reconstitui o episódio de 1993 em Teresópolis. Uma imensa covardia contra o gigante do gol que carregou até o fim da vida uma culpa que não era só dele, e nem “culpados” havia _jogo de futebol se perde e se ganha, e os uruguaios mereceram o triunfo.

Até hoje dói mais rememorar as maldades contra Barbosa do que a queda diante da Celeste. Grande ideia do Bruno Freitas. Dedicarei o fim de semana a ler o seu livro.