Blog do Mario Magalhaes

Muricy sabia que, no Mundial, Neymar já recebera milhões do Barça?
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Mário Magalhães

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E aí, Muricy? – Foto Rodrigo Paiva/UOL

 

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No dia 18 de dezembro de 2011, num placar enganoso, o Barcelona enfiou 4 a 0 no Santos e se sagrou campeão mundial. Enganoso porque o time de Pep Guardiola poderia ter beirado a dezena de gols, se não desperdiçasse tantas oportunidades.

Neymar não viu a bola, no estádio de Yokohama _não foi culpa dele, os companheiros também não viram. E o então técnico do clube brasileiro, Muricy Ramalho, quedou estonteado. Ainda hoje passa a impressão de não ter se recuperado do baile catalão.

O negócio e os ''negócios'' da transferência de Neymar para o Barcelona têm suscitado muitas dúvidas e mistérios, conforme o noticiário e as análises dão conta.

Andei fora de circulação, e talvez já tenha sido esclarecida a pergunta que para mim não cala: Muricy, na decisão do Mundial, já sabia que Neymar _ou seu pai, dá no mesmo_ havia embolsado 10 milhões de euros do Barça?

Mais: que tinha um contrato assinado para ganhar mais 30 milhões de euros pela transferência, além da perspectiva de embolsar outra bolada com óbvios salários e demais bônus?

Se Muricy sabia, não temeu pelo ''conflito de interesses'' do craque?

Na hipótese de não saber: sente-se traído?

Talvez ele já tenha respondido e eu ignore. Num caso ou noutro, quero conhecer a versão do treinador.

O depósito de 10 milhões de euros numa conta da empresa N&N Sports foi feito em 15 de novembro de 2011, pouco mais de um mês antes do vexame diante do Barça. O controlador da empresa é o pai e xará de Neymar.


Análise: manobra de Cabral reforça constrangimento à campanha de Lindbergh
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Mário Magalhães

 

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O noticiário político tem enfatizado como propósito determinante do governador Sérgio Cabral (PMDB), ao demitir do governo do Rio de Janeiro militantes do PT, a necessidade de incorporar em postos-chave da administração partidos que se mantêm na coalizão que lançará o vice-governador Luiz Fernando Pezão à sucessão estadual.

É correto, mas parece haver outro objetivo mais relevante: enfraquecer a pregação oposicionista do candidato petista, senador Lindbergh Farias, que se baterá contra Pezão (PMDB) e outros concorrentes.

Como o desgastado governador também deixará nas próximas semanas o Palácio Guanabara, para concorrer ao Senado ou à Câmara dos Deputados, poderá dizer: enquanto exerceu seus dois mandatos, obtidos em eleições em que o PT o apoiou, os partidários de Lindbergh permaneceram confortavelmente no governo fluminense. Hoje os petistas detêm duas secretarias.

A manobra de Cabral foi antecipar sua própria saída, aproximando-a no tempo à das centenas de petistas. Outro proveito da medida é oferecer mais tempo a Pezão, já pele de governador, nos meios de comunicação.

Imaginemos um debate entre Lindbergh e Pezão, à maneira de cavalheiros ou de gladiadores.

Lindbergh criticaria a obscenidade na relação público-privado, cujo retrato icônico é o da farra de cabralistas em Paris.

Condenaria os serviços de baixa qualidade oferecidos pela SuperVia, concessionária de trens controlada pela Odebrecht que teve o contrato estendido pelo governo Cabral.

Recordaria o acidente de helicóptero que expôs as conexões do governador com a empreiteira Delta e seu dono.

Não perdoaria os aumentos das passagens nos transportes públicos e a truculência da Polícia Militar nas manifestações de junho e julho de 2013.

Muito menos a ausência da maior autoridade do Executivo no socorro a tragédias como as das chuvas ou o estouro acintoso da previsão de despesas do Estado com a Copa do Mundo, a começar pelo Maracanã, cuja gestão acabou entregue também aos amigos da Odebrecht.

Evocaria o pedreiro Amarildo e os voos de helicóptero da família do governador.

Serenamente, ou não, Pezão encararia Lindbergh e indagaria: se o governo é tão ruim assim, por que os correligionários do senador ficaram com Cabral do primeiro a praticamente o último dia do governador no palácio?

Evidentemente, Lindbergh já terá ensaiado um sem-número de respostas. Todas com a mesma sinceridade escancarada do vídeo acima, de poucos anos atrás, no qual bajula Cabral e Pezão, aclamado como próximo governador.

É possível que a aliança do PT com Cabral nesses sete anos não cause maior prejuízo a Lindbergh, mas o embaraço será inevitável. Por isso os petistas resolveram se retirar do governo. O problema é que isso só ocorreu no oitavo ano da era Cabral.

Pior para o petista, é muito provável que ele não seja o candidato único da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula no Rio: como Sérgio Cabral deve se incorporar com o PMDB na campanha da reeleição de Dilma, Pezão também será candidato dela no Rio, bem como o ministro Marcelo Crivella (PRB) e talvez outros.


Vídeo do acidente mostra outro caminhão em horário vetado na Linha Amarela
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Mário Magalhães

blog - acidente linha amarela

Caminhão 1 é o que vai bater na passarela; o número 2 também trafega em horário proibido

 

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É compreensível que pouca gente tenha reparado num segundo caminhão no vídeo divulgado pela concessionária da Linha Amarela, mostrando o instante em que outro caminhão, com a caçamba levantada, derrubou uma passarela e provocou a morte de cinco pessoas.

O choque contra a passarela hipnotiza, e deixamos de observar o conjunto das imagens (o vídeo pode ser assistido nessa reportagem do UOL). Na pista direita, no sentido Fundão, segue o veículo que causará o acidente (número 1, no quadro acima). Na esquerda, vem outro caminhão (2). Ambos circulavam às nove e 12,  nove e 13 da manhã de ontem, muito antes das dez horas, quando o tráfego na Linha Amarela é liberado para caminhões.

O vídeo indica que a Linha Amarela, concessionária que há pouco aumentou o seu pedágio em 10% (R$ 5 para R$ 5,50, grande negócio), e a Prefeitura do Rio, máquina azeitada para multar automóveis de passeio, costumam permitir a ilegalidade ou não fiscalizar as infrações.  ''O Globo'' informa que o policiamento nos 20 km da via expressa é feito somente por um carro e duas motos da PM.

Só hoje de manhã foram flagrados mais de 20 caminhões em horário proibido na Linha Amarela (leia aqui), o que evidencia duas coisas:

1) as autoridades muitas vezes só tomam providências para corrigir defeitos depois que ocorrem as tragédias. No Rio, o roteiro é sempre o mesmo, com o prefeito Eduardo Paes (PMDB) em ar circunspecto e parolando com ares de sabe-tudo. Sempre me ocorre a pergunta: se é assim tão fácil, por que não fizeram antes?;

2) a negligência oficial é tamanha que, mesmo um dia depois do acidente, dezenas de motoristas não se constrangeram em se arriscar no ilícito. Achavam que, como sempre, daria em nada. Mas dessa vez as autoridades municipais e estaduais prepararam um cenário para ocupar os jornalistas e esboçar satisfações aos cidadãos.


Vassili Zaitsev, o franco-atirador que matava nazistas, conta sua história
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Mário Magalhães

Vassili Zaitsev, durante a 2ª Guerra - Foto reprodução internet

Vassili Zaitsev, na 2ª Guerra – Foto reprodução internet

 

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O russo Vassili Zaitsev (1915-1991) não tinha a lata, longe disso, do galã britânico Jude Law, que o interpretou no filme ''Círculo de Fogo''.

É provável que o seu duelo com um inimigo alemão não tenha existido, ao menos como narrado no cinema e alguns livros.

Na Batalha de Stalingrado, ele não foi o franco-atirador mais profícuo nas trincheiras soviéticas.

Mesmo assim, sua história é grandiosa. Tão grandiosa que, na Rússia, o ''sniper'' sobreviveu como herói à desintegração da URSS.

Vassili matava nazistas, quatro ou cinco por dia, de acordo com ele.

O confronto em Stalingrado, cidade depois rebatizada como Volvogrado, mudou o rumo da guerra. Até Paulo Francis, que não simpatizava com os soviéticos, reconhecia: foram eles, no frigir das bombas, que decidiram o conflito.

Para quem não sabe: somados, morreram perto de 800 mil norte-americanos e britânicos na carnificina que se estendeu de 1939 a 45. Soviéticos, em cifra jamais sacramentada, pereceram em torno de 27 milhões.

As façanhas de Vassili Zaitsev voltaram a ser comentadas na Espanha, por ocasião do lançamento de suas memórias. O ''El País'' publicou reportagem também no seu site em português.

Na infância, Vassili caçava lobos com seu pai. Adulto, com um fuzil de mira telescópica, alvejava alemães. Liquidou quase 250 deles.

Mais histórias sobre o célebre franco-atirador estão no ''El País'' (leia aqui).


Verão no Rio: picolé de cerveja
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Mário Magalhães

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Domingo, pelas três e meia tarde, sol na moleira, termômetro de rua cravando 36 graus, passa o ambulante no calçadão da praia anunciando no gogó de responsa:

''Picolé!''

Um homem jovem como o vendedor pergunta, gaiato:

''Tem de cerveja?''

Resposta do ambulante:

''Se tivesse, eu já tava chapado.''

(Para quem se interessar, encontrei na internet esta receita de picolé de cerveja.)


Palavras malditas (7): amigo pessoal
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Mário Magalhães

Na “Tribuna da Imprensa”, em 1986, eu escrevia em máquinas – Foto multtclique.com.br

 

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Vai que alguém sabe o que é amigo impessoal, e eu, como tantas vezes, é que estou por fora.

Será o amigo impessoal aquele que não é humano? Pato com pato, rato com rato, tubarão com tubarão.

Dos mais pernósticos aos mais coloquiais escribas, muito caem na esparrela do amigo pessoal.

O propósito é quase sempre o mesmo: informar que, além de certas identidades, os personagens mantêm proximidade afetiva.

Basta chamar de amigo. Um e outro são amigos. Outros e uns são correligionários, partidários.

Assim: além de membros da mesma agremiação, beltrano e sicrano são amigos.

Não existe, até luz em contrário, amigo pessoal, e sim amigo, esse substantivo tão bonito.


‘As Dilmas’, por Janio de Freitas
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Mário Magalhães

A presidente Dilma Rousseff no fórum de Davos – Foto Ruben Sprich/Reuters

 

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As Dilmas

Por Janio de Freitas (''Folha de S. Paulo'', domingo)

Ir à Suíça para dizer como está o Brasil de hoje, isso não faz sentido. Dilma Rousseff choveu, não no molhado, mas em uma inundação digna de São Paulo. Os endinheirados a quem a presidente pediu investimentos ocupam-se de ganhar dinheiro pelo mundo afora, o que lhes exige, e aos seus assessores, estar bem informados para detectar oportunidades. No convescote dos cifrões, mal denominado Fórum Econômico Mundial, por certo muitos sabiam sobre o Brasil o que nem no Brasil se sabe.

A Dilma Rousseff que foi a Davos não é a Dilma Rousseff que chegou à Presidência. Não é o oposto, mas é bastante diferente. Se nos princípios ou nos fins, eis a questão. Fernando Henrique e Lula, mal ouviram falar em Davos e seu pessoal, começaram a preparar as malas. A ida de Dilma, só agora no ano final do mandato, reflete dupla concessão. Uma, na concepção de políticas governamentais que a levavam a desconsiderar Davos, convicta de um Brasil capaz de cuidar de si mesmo. Outra, no seu diagnóstico do momento vivido pelo país e, em particular, pelo governo.

A íntegra da coluna pode ser lida clicando aqui.


O esquecimento é amigo da barbárie: Santa Maria, um ano, 242 vidas
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Mário Magalhães

blog - santa maria 01

Integrantes do Movimento Santa Maria do Luto à Luta; Carina Corrêa é a quinta, da esq. para a dir.

 

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Hoje faz um ano, e o coração de quem perdeu seus amores carrega a dor eterna.

Em maio, eu estive em Santa Maria e conversei com quem sofria e sofre. Abaixo, republico a reportagem.

Nos meses seguintes, a mobilização foi se esvaziando, nomes de movimentos mudaram.

Desgraçadamente, os temores de impunidade se confirmaram, até agora. Ninguém está preso, a CPI deu em nada.

Enquanto tragédias criminosas como a da boate Kiss permanecerem impunes, mais à vontade se sentirá quem se dispõe a trocar vidas por um punhado de dinheiro.

* * *

Em Santa Maria (RS)

Maio de 2013

Enquanto cumprimentava o pessoal do Movimento Santa Maria do Luto à Luta, eu imaginava o parentesco de cada um com a gurizada morta na tragédia da boate Kiss. Como logo se confirmaria, havia primas, irmãs, amigas e um pai _logo chegou outro. Diante do ar adolescente de Carina Corrêa, cogitei que ela tivesse perdido a irmã.

Thanise, uma moça bonita de 18 anos, parecia mesmo sua irmã, um pouco mais nova. Era assim que as pessoas as reconheciam quando as viam caminhando serelepes pelas ruas da cidade. Mas a estudante de filosofia não era irmã de Carina, a auxiliar em nutrição que, aos 34 anos, há muito se despediu da adolescência. Thanise era sua filha.

Carina foi mãe aos 15 anos. Empenhada em iniciativas que reivindicam punição dos responsáveis pelo incêndio que matou 242 pessoas, ela conta ter ouvido de uma autoridade impaciente com as cobranças por justiça: “O que eu tenho a ver com os filhos de vocês?”.

Hoje, Carina veste a camisa negra com o mote, citação de Cazuza, do movimento que rejeita as acusações de partidarismo proferidas por correligionários do prefeito Cezar Schirmer (PMDB): “Meu partido é um coração partido”.

Foi com o coração partido que Marília Torres Ribeiro, a idealizadora do grupo, fez duas promessas em seguida à morte da prima Flávia, filha única de 22 anos, e outras quatro amigas: “Cuidar da minha tia e lutar por justiça para as gurias. Porque não foi fatalidade, foi assassinato”.

Um mês depois do horror de 27 de janeiro, Marília e seus companheiros mobilizaram 2.500 pessoas em uma passeata contra a impunidade. Ela leu seu discurso: “[…] Vidas que nos foram roubadas, tiradas por negligência do serviço público, por falta de fiscalização das autoridades ditas competentes e pela ganância de alguns ‘empresários’ da noite”. Alertou, sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito criada pela Câmara Municipal para investigar o incêndio: “É nossa obrigação enquanto cidadãos fiscalizar, acompanhar e exigir que essa CPI mascarada que foi instalada não acabe em pizza”.

É o que eles têm feito, embora as ilusões desvaneçam. “Vai sair uma pizza grande”, prevê Flávio José da Silva. “Se depender dessa CPI, jamais haverá justiça.” Andrieli, aluna de cursinho pré-vestibular filha de Flávio, festejara 22 anos três dias antes de perder a vida na Kiss.

A apuração sobre os responsáveis pela tragédia foi tocada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. Caberia à CPI esquadrinhar as falhas do serviço público que permitiram à boate funcionar sem condições de segurança e identificar responsáveis. O propósito é prevenir que episódios semelhantes se repitam na cidade.

“O problema é que blindam as pessoas que poderiam enfrentar um julgamento político, como o prefeito, secretários e demais agentes públicos”, observa o advogado Rodrigo Dias, representante do movimento. “A CPI só está refazendo o trabalho que já foi feito pela polícia e o Ministério Público”, lamenta Sérgio da Silva.

Filho de Sérgio, Augusto, de 20 anos, concluiria a faculdade de direito em agosto de 2014, se não tivesse morrido em meio ao fogo e à fumaça. Sérgio é um dos diretores da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, primeira entidade surgida das cinzas da madrugada de 27 de janeiro.

O receio de frustração com a CPI cresceu devido a uma decisão da semana retrasada, de não convocar para depor os dois proprietários da Kiss que estão presos. Como se Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann não tivessem nada a esclarecer sobre as relações que mantinham com funcionários públicos para manter a boate aberta.

Presidente da CPI, a vereadora Maria de Lourdes Castro (PMDB) alegou que cabe à Justiça as sanções criminais, enquanto a comissão da Câmara deve se debruçar sobre o papel da prefeitura. Na sessão da CPI de 9 de maio, Maria de Lourdes afirmou que Santa Maria “tem que voltar a sorrir”. E pediu aos “formadores de opinião” que não recorram à tragédia para “fomentar o ódio”.

“Também queremos seguir a vida, mas depois que houver justiça”, retruca Vanessa Vasconcellos, segurando sua cuia de chimarrão que é abastecida diariamente por três garrafas térmicas com água quente. Sua irmã Letícia, funcionária da Kiss, deixou órfãos filhos de 13 e seis anos. “Há vereadores que dizem que é vingança, ódio nosso, mas é democracia”, argumenta Carina Corrêa, que organizou um ato pelo impeachment do prefeito.

A manifestação mais recente do Movimento Santa Maria do Luto à Luta reuniu 500 pessoas, um quinto da primeira. Carina diz que um dia desses uma pessoa que considera exacerbada sua pregação disparou: “Lugar de mãe é chorando, e não fazendo protesto”.

Outro lado

Presidente da CPI, a vereadora Maria de Lourdes Castro, 56, sustenta que boa parte das críticas se origina de incompreensão sobre as atribuições da comissão: “A CPI visa fazer uma investigação de fatos, ações e omissões administrativas que podem ter levado à tragédia”.

Não haverá pizza porque, ela afirma, “a CPI não tem competência para julgar ou condenar alguém. Ela analisa o que levou a isso, oferece sugestões para que não volte a acontecer”.

Na quarta-feira vão depor mais quatro fiscais do município _oito já foram ouvidos. “Chamamos pessoas das secretarias de Mobilidade Urbana e de Finanças, que foram direta ou indiretamente responsáveis pela legislação, pela autorização e pela fiscalização.”

A vereadora rebate a acusação de blindagem política: “Se tu fores ver todas as pessoas que falaram na CPI vais ver que não existe interferência nenhuma. Tudo o que foi feito [para liberar a Kiss] foi legal. O problema é que a lei é pífia, absurda”. De acordo com Maria de Lourdes, um decreto municipal de 2002 permite a estabelecimentos como a boate incendiada funcionarem precariamente. A CPI proporá a mudança das leis relativas ao tema.

A presidente diz que a CPI resolveu por unanimidade não convocar os donos da Kiss porque eles “são réus, respondem a processo-crime, não haveria por quê. As perguntas que querem fazer para eles podem ser feitas no Judiciário. Não se poderia permitir que houvesse interferência do Legislativo no Judiciário e do Judiciário no Legislativo. Acreditamos na competência de cada Poder”.

Parentes das vítimas haviam assinalado que a CPI poderia indagar a respeito de eventual pagamento de propina a servidores públicos. “Então por que nada foi dito sobre isso no inquérito policial?”, questiona a vereadora.

Os três membros da CPI são da base do prefeito.  Além de Maria de Lourdes, do PMDB, há um vereador do PP e um do DEM. A presidente aponta partidarismo em certos críticos. “Não aceito que uma tragédia desse tamanho sirva de palco para disputas políticas.”

O prefeito Cezar Schirmer será chamado a depor, mas a CPI já concluiu que todos os procedimentos para emissão do alvará da boate Kiss respeitaram a lei.