Blog do Mario Magalhaes

Feliz Natal: há 64 anos nascia Zico, o Salvador, maior craque da história
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Mário Magalhães

Trecho de "Crecer a golpes", livro organizado por Diego Fonseca (C. A. Press, Penguin Group-USA)

Trecho de 'Crecer a golpes', livro organizado por Diego Fonseca (C.A.Press, Penguin Group-USA)

 

Parabéns pra você, Zico, e parabéns pra nós que tivemos a imensa sorte de ser contemporâneos do maior jogador de futebol de todos os tempos _ninguém duvida, né?

O trecho recortado lá no alto faz parte da crônica ''Juego de la memoria'', que eu escrevi para o livro ''Crecer a golpes: Crónicas y ensayos de América Latina a cuarenta años de Allende y Pinochet'', organizado pelo jornalista e escritor argentino Diego Fonseca.

Editado em 2013 pela C. A. Press, braço do Penguin Group nos Estados Unidos, o volume reúne 13 autores, além do organizador.

Tive a honra de estar ao lado de escribas que eu muito admiro, como Francisco Goldman, Leonardo Padura, Jon Lee Anderson, Boris Muñoz, Sergio Ramírez, Carlos Dada e Martín Caparrós.

O desafio, nos 40 anos do golpe de Estado que derrubou Salvador Allende no Chile, era fazer um balanço das quatro décadas mais recentes de países latino-americanos, além de Estados Unidos e Espanha.

Ao contar o Brasil em 17 páginas, pontuei nossa história com a trajetória do Zico e a reverência de um menino, depois adolescente e mais tarde adulto de cabelos brancos por ele _eu mesmo.

Hoje o Salvador faz 64 anos.

Talvez não fosse o caso de celebrar, pois a eternidade não se conta em anos.

E o Zico é eterno.

Em todo caso, tim-tim.

(Este post foi publicado originalmente há dois anos; atualizei a idade do Zico: parabéns pelos 64 anos!)

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Se é contra demagogia, Crivella deveria ter dito que faltaria ao Carnaval
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Mário Magalhães

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Crivella trata o Carnaval como questão de gosto pessoal – Foto Marcos Oliveira/Agência Senado

 

Há uma confusão na controvérsia sobre a ausência de Marcelo Crivella no Carnaval carioca.

Ontem de manhã, o prefeito disse: ''Cada um no Rio de Janeiro não deve ser obrigado a fazer nada''.

Do ponto de vista de gosto pessoal, está correto o bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

Acontece que desde janeiro ele governa a cidade que tem no Carnaval e no samba patrimônios culturais e históricos. E que ameniza suas mazelas sociais com o impacto econômico da folia, turbinado pela visita de 1,1 milhão de turistas nesse período.

O cidadão Crivella tem todo o direito de fugir do Carnaval. E o prefeito do Rio?

Ainda que tenha, Crivella deveria ter alertado os cidadãos, na campanha eleitoral, que faltaria ao Carnaval. Seria sincero e transparente. Não foi.

Também ontem, mais tarde, o prefeito divulgou um vídeo (assista-o clicando aqui) em que se pronuncia assim sobre sua possível presença no Carnaval: ''No meu caso, seria uma demagogia''; ''A demagogia é a máscara da democracia''.

Crivella, mais uma vez, não explica por que fez forfait.

Por que seria demagogia? Devido à religião? Por que Crivella não diz?

Será que nenhum repórter lhe perguntará se concorda com mensagem da Universal trombeteando que no Carnaval ''os espíritos malignos se fortalecem''?

Crivella dá a entender que seria demagogia alguém com a sua crença brincar como súdito do Rei Momo.

Mas ninguém lhe cobrou que se transformasse em folião.

Mesmo admitindo que em virtude de suas convicções religiosas ele sumisse do Carnaval, permaneceria a constatação de que demagogia foi outra coisa.

Foi Crivella ter afirmado na campanha de 2016 que governaria para todos os cidadãos: ''Eu não vou ser o pastor da Igreja''.

Enquanto o Rio for Rio e o Carnaval for Carnaval, o prefeito precisará sim esclarecer a ausência na festa.

Ninguém, como disse o prefeito, ''deve ser obrigado a fazer nada''.

Alguém o obrigou a se candidatar?

No Rio, o Carnaval faz parte da vida de prefeito.

Crivella não sabia?

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Por que Crivella esconde que religião motivou sua ausência no Carnaval?
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Mário Magalhães

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O prefeito Marcelo Crivella, no discurso de posse – Reprodução/GloboNews

 

O prefeito Marcelo Crivella não apareceu para entregar a chave da cidade ao Rei Momo.

Nem na Sapucaí, nas duas jornadas de desfile do Grupo Especial.

Uma das desculpas foi uma gripe de sua mulher. Boa notícia: Sylvia Jane se recuperou, porque durante o Carnaval os dois foram a um torneio de tênis.

No sábado, Crivella postou um vídeo em que vistoriava obra. Alegou: ''A gente não sabe sambar, mas sabe trabalhar''.

O prefeito visitou no hospital pessoas que se feriram num acidente com carro alegórico da Paraíso do Tuiuti, mas permaneceu longe do Sambódromo.

Do Rio e do Brasil, o Carnaval é sobretudo patrimônio cultural.

É também evento de enorme benefício econômico e social para a cidade.

A ausência do prefeito é inexplicável.

A não ser que a sua fé colida com as obrigações de governante.

Crivella é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

A Iurd diz que no Carnaval ''os espíritos malignos se fortalecem''.

Que os acidentes de trânsito nessa época são causados ''na maioria das vezes por espíritos malignos''.

A razão, prega um vídeo da igreja, seriam as oferendas da umbanda e do candomblé.

Marcelo Crivella disse há pouco: ''Nós estamos tratando de um assunto que já está superado. Eu acho que nós temos, cada um, que respeitar as pessoas. Cada um no Rio de Janeiro não deve ser obrigado a fazer nada. Eu acho que tem uma agenda do prefeito que deve ser cumprida e que, não necessariamente, é a agenda da imprensa. E é isso que nós temos que fazer''.

Por que o prefeito cala sobre religião?

Fé é questão pessoal.

Mas constitui tema público quando interfere na vida dos cidadãos.

Crivella deveria ser mais transparente.

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Escândalo não é furico na TV, mas a Wikipédia dar 60 anos ao Nelson Rubens
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Mário Magalhães

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Nelson Rubens, em fevereiro de 2016 – Reprodução ''Folha''

 

Quando o amigo Serginho mandou o vídeo da mulher pintada de verde mostrando o furico na RedeTV!, bateu a curiosidade: quantos anos tem o Nelson Rubens?

Era sábado, e a Wikipédia informava: 60.

Ou seja, fantasia de Carnaval.

Hoje eu olhei de novo e vi que mudaram: 79 anos, aniversário de 80 em agosto.

Moral da história: o Nelson Rubens não só aumenta, como também diminui, pelo menos a idade _ou alguém diminui para ele.

E daí?

E daí que a existência não se resume à metafísica.

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Segue o baile
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Mário Magalhães

 

Rua Álvaro Alvim, grudada à Cinelândia, pouco depois do meio-dia desta Quarta-feira de Cinzas.

O Carnaval vive e luta, com o bloco Me Beija Que Eu Sou Cineasta.

Ou, como diria um repórter pouco criativo, não tem hora para acabar.

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Serraglio ministro: quanto riso, oh, quanta alegria…
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Mário Magalhães

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Em 2016, Temer vê pela TV a Câmara dar ok para impeachment de Dilma – Reprodução ''Folha''

 

''A escolha do novo ministro da Justiça será minha, pessoal, sem conotações partidárias.'' Foi o que escreveu em 15 de fevereiro o missivista Michel Temer em sua conta no Twitter.

Oito dias mais tarde, escolheu Osmar Serraglio, peemedebista de quatro costados.

Temer deve estar às gargalhadas.

O deputado disse que prometeu ao presidente manter ''distância'' da Lava Jato.

A Polícia Federal é a encarregada da operação. É subordinada ao ministro da Justiça. Que será Osmar Serraglio. Se ele ficar longe da Lava Jato, será como o ministro da Saúde se afastar de campanha de vacinação.

Os risos não são só de Temer, mas de Serraglio também (embora ele pouco sorria em público).

O indicado não teria ''conotações partidárias''.

Foi o novo ministro da Justiça quem pontificou: ''Eduardo Cunha exerceu um papel fundamental para aprovarmos o impeachment da presidente. Merece ser anistiado''.

É mais do que uma declaração. É profissão de fé.

Quanto riso, quanta alegria.

E milhões de palhaços Brasil afora.

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Gratidão & memória: Ranieri, Micale, Pimenta, Yunes e Temer
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Mário Magalhães

Em agosto, dirigida por Rogério Micale, a seleção conquistou o ouro olímpico – Vanderlei Almeida/AFP

 

Seis meses depois da conquista da medalha de ouro no futebol olímpico masculino, o técnico Rogério Micale foi para a rua. A CBF demitiu-o do comando da seleção sub-20, em seguida à campanha ruim no Sul-Americano. Não é a primeira vez, longe disso, que uma equipe de garotos vestindo a amarelinha malogra. O título de 2016, no entanto, foi inédito. Grandes treinadores não chegaram lá. Como Zagallo, medalha de bronze em 1996, com um elenco repleto de campeões da Copa de 94 e futuros vice-campeões em 98. A entidade com reputação manjada puniu o treinador pelo tropeço numa competição menor. Não prevaleceu a façanha nos Jogos. Alguém comparou o futebol a uma empresa: se a companhia vai mal, o executivo dança. Não sabem do que falam: reveses menores de um administrador saem na urina, se o balanço geral do desempenho é positivo. A ingratidão sobrepujou a gratidão. Em se tratando de CBF, sem surpresa.

Mais ingrato ainda é o cartão vermelho do Leicester City a Claudio Ranieri. O italiano levara o clube ao título inglês. No mês passado, sagrou-se o melhor treineiro de 2016 no planeta. O sábio que impulsionou o Leicester ao triunfo inimaginável não seria capaz de devolvê-lo às vitórias? Memória curta, no caso de Ranieri e Micale.

A memória também parece fraquejar em relação a José Eduardo Pimenta, candidato a presidente do São Paulo. Ele ocupou o cargo na primeira metade dos anos 1990. O cartola e Telê Santana não se bicavam. Telê se vinculava à direção de futebol. Pimenta era bom companheiro do presidente da federação paulista, Eduardo José Farah. Testemunhei essas intrigas. Do terceiro trimestre de 1992 a dezembro de 1993, fui o repórter setorista da ''Folha'' no clube. Com Pimenta, vieram glórias. Mas quando se tornaram públicos determinados episódios a torcida gritava no Morumbi: ''Pimenta, ladrão, São Paulo campeão!'' É surpreendente que o jornalismo rememore a trajetória de Pimenta à frente do tricolor e se esqueça _com ou sem aspas_ de mencionar como a torcida, certa ou errada, o tratava.

Enquanto no São Paulo há quem prefira a gratidão a Pimenta e sonegue ou relativize aspectos do seu passado, Michel Temer não tem por que se queixar de ingratidão do seu amigo José Yunes. Muitíssimo ligado a Temer, Yunes contou que recebeu de um doleiro sinistro um pacote fornido endereçado a José Padilha. Até agora, vai livrando o presidente do imbróglio. Acontece que um prócer da Odebrecht contou que quem pediu o dinheiro foi Temer. Yunes diz que foi mula de Padilha. E não de Temer? Do ex-vice, Yunes merece mesmo imensa gratidão.

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Quando o futebol se confunde com a vida
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Mário Magalhães

Britain Football Soccer - Manchester City v AS Monaco - UEFA Champions League Round of 16 First Leg - Etihad Stadium, Manchester, England - 21/2/17 Manchester City's Leroy Sane celebrates scoring their fifth goal with team mates Action Images via Reuters / Lee Smith Livepic ORG XMIT: UKZUzE

Jogadores do Manchester City comemoram um gol contra o Monaco – Foto Lee Smith/Reuters

 

Não tá morto quem peleia, costumam proclamar os gaudérios.

Assim como quem está vivo pode deixar de estar.

Vida e morte, triunfo e fracasso, isso é a existência. E o futebol.

Os 5 a 3 do Manchester City sobre o Monaco foram uma representação da vida, que por sua vez é o exercício cotidiano de sentimentos e conflitos também comuns ao futebol.

Num só jogo, foram tantas as viradas pessoais que, como numa encenação de teatro, elas se sobrepuseram às reviravoltas no placar que alternou vantagem para uma ou outra equipe.

Caballero, o goleiro da casa, errou um passe na saída de bola, oferecendo o primeiro gol aos visitantes de futebol envolvente e venenoso.

Mas depois o arqueiro de fina estampa defendeu o pênalti cobrado pelo atacante Falcao.

O Falcao que perdeu o pênalti e contribuiu para um contra-ataque fatal do City anotou dois gols. Um deles deslumbrante, encobrindo Caballero.

Falcao foi herói ou vilão? Os dois.

O zagueiro Stones, do time de Guardiola, ia sendo vilão. Falhou, ao menos em posicionamento, no mínimo em três gols.

Quando vigorava a igualdade em 3 a 3, Stones desempatou. O herói improvável, num gol catártico que fez tremer o Etihad Stadium.

A mesma volta por cima deu Agüero, atacante que irritava por desperdiçar oportunidades de gol e jogadas promissoras. Cara a cara com o goleiro Subasic, preferiu cavar um pênalti, em vez de concluir. Tendo ou não sido pênalti, que o apitador não assinalou, jogou fora a chance.

Mais à frente, Agüero marcou duas vezes.

O final não foi feliz para todos, é evidente. Subasic, que brilhava, engoliu um frango num chutinho meia-boca de Agüero.

É sedutora a ideologia ofensiva de Pep Guardiola e Leonardo Jardim.

Mas diante da saga de cada jogador, do épico em pouco mais de 90 minutos, táticas e estratégias permanecem no fundo do palco.

O proscênio é dos boleiros, da vida e da luta que cada um vive em campo.

Dizem que o futebol é simulacro da vida.

Cada vez mais eu acho que a vida é simulacro do futebol.

Jogos como o de ontem, pela Champions, não embelezam apenas o futebol.

Embelezam a vida.

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Numa piscadela, a tragédia da nação (por Dida Sampaio)
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Mário Magalhães

Sabatina do Senado: piscadela de Alexandre de Moraes – Foto Dida Sampaio/Estadão/Reprodução

 

Em tempos dos ''fatos alternativos'' da turma de Donald Trump, é capaz de uma ventania no Senado ter levado um cisco ao olho de Alexandre de Moraes.

Talvez ele não estivesse piscando para o senador Edison Lobão, investigado na Lava Jato, e sim para um velho amigo com quem não se encontrava havia umas três décadas. Estamos ou não na era da ''pós-verdade''?

Na sabatina do Senado, o virtual próximo ministro do Supremo Tribunal Federal disse que será imparcial, e isso virou notícia. Como se na história da magistratura brasileira algum juiz tivesse prometido ser parcial.

De piscadela em piscadela, o Brasil deu em tragédia.

A fotografia que entra para a história é de autoria de Dida Sampaio.

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